TRADIÇÂO E ESQUEMA NOVO
texto e foto de Valéria del Cueto
no meio do caminho entre o Rio de Janeiro e Cuiabá e aproveito o tempo de
espera na escala em São Paulo para falar de Porto Alegre, onde estive há
algumas semanas.
pro Cine Esquema Novo, festival sem bitola, que selecionou o História Sem
Fim... do Rio Paraguai – o Relatório, e, com isso, incluiu o curta pantaneiro
numa lista especial: a dos filmes desbitolados.
tinha noção do alcance da proposta da moçada que organiza o evento, até
acompanhar as sessões competitivas, na Sala Gastal, Usina do Gasômetro, sede do
Festival. E lá estava a mais forte e importante característica do CEN - CineEsquemaNovo:
valia de tudo. De 35mm, como é o caso do curta, a obras de artes visuais,
capturada por câmeras de celulares.
o convite para participarmos da Mostra sobre Metalingüística, no Curta
Cinemateca, da Cinemateca Brasileira, em São Paulo, no mês de abril, havia nos
colocado junto com “Fazendo cinema”, de Anselmo Duarte, “Mensageiras da luz:
parteiras da Amazônia”, de Evaldo Mocarzel e “O Sanduíche”, de Jorge Furtado, a
participação no CEN carimbou “História Sem Fim... do Rio Paraguai - o relatório”,
como um filme Esquema Novo. Se a proposta agrada, ou não, é uma outra questão.
Se o pulsar de Porto Alegre e sua juventude contagia os vários locais da
exibição, a cidade não se resume a este espírito.
Do
centro da cidade, sede do evento, me expandi para outras paragens, revi amigos,
dei uma banda para os lados de Moinhos de Vento, vistoriei o Botequim das
Letras, um point com ares cariocas e me aqueci nas geladas noites gaúchas com o
caldinho de feijão, especialidade da casa, tendo que concordar com a gerente do
lugar, minha amiga Tati Testa, que o dito cujo é “parecido” com o caldinho do
Bracarense, botequim tradicionalíssimo do Leblon, no Rio.
minha faltade maginação (sair do Rio para freqüentar o boteco carioca de Porto
Alegre é dose!), fazendo um raid solitário no Ocip, na cidade baixa onde provei
uma pizza ma-ra-vi-lho-as. (Pizza não é coisa de paulista?)
E PAMPA
Tudo
muito bem, tudo muito bom mas... E as tradições gaúchas que tanto amo e prezo?
Afinal, descendo delas por três dos meus quatro costados. Só meu avô por parte
de mãe não é oriundo dos pampas.
De
chimarrão, me encharquei num almoço na casa de Liege Nardi, uma das
organizadoras do Festival de Gramado. Também comi costela assada. De sobremesa,
hummm chocolates de Gramado.
de boca mesmo quando encontrei meus primos de Bagé. Foi na casa deles que me
deliciei com um borrego assado no molho de vinho espetacular. Coisa de Gourmet.
Na véspera, num lanchinho básico no apartamento de outra prima tinha ativado
minha memória culinária saboreando um daqueles doces cuja receita é segredo de estado
e, mesmo que não fosse, eu jamais teria competência para fazê-lo. Só de pensar
no merengue da cobertura...
já deve estar se perguntando se isso é um relato cinematográfico ou culinário.
A SAUDADE
Quem
me conhece sabe que não sou exatamente uma entusiasta quando o assunto é comida
mas, com o frio da região sul, o pouco tempo que tive para fazer esta viagem ao
meu passado (morei no Rio Grande do Sul e há muitas décadas me casei por lá) A
forma mais rápida que tive de me integrar a paisagem foi, sim, através da
culinária.
que possível acompanhada de bons vinhos gaúchos, argentinos ou uruguaios. Aí, a
conversa rola solta, sobre o pampa, a música nativista, agricultura, pecuária e
a crise. Nada que hoje seja apenas uma realidade sulriograndese espalhada que
foi esta rica cultura por muitos pontos do país. Nada mal para quem, como eu,
sempre viaja em busca da alma dos lugares que percorre.
vôo está chegando a Cuiabá, próxima parada da História Sem fim. Deixo para trás
os pampas e me preparo para rever o cerrado e, quem sabe, o pantanal, onde esta
história começou há quase dez anos atrás. E dá-lhe distância, lembrança e saudade...
liberado para reprodução com o devido crédito
http://delcueto.multiply.com
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