Música no céu
Texto e foto de Valéria del Cueto
Ai, meu santo do pinga-pinga. Já estava até olhando com bons olhos meu ponto de escrevinhação cuiabano e assimilando o contraste do azul fibra da piscina pré-moldada com os tons ocres da Pedra de São Tome que cobre seu entorno e o branco das espreguiçadeiras tipo “goiano”.
Bastava que me colocasse de costas para a parede lisa amarela cheia de janelas gradeadas, basculantes, aparelhos de ar condicionado e tubos e tubos de fios. Desse modo, também, excluía do meu campo de visão as duas elegantíssimas – modelo GG – antenas parabólicas de canal a cabo.
Sendo assim, aproveitava para eliminar, de quebra, a parte construída com a churrasqueira de tijolinhos e a enorme caixa d’água, visível nas melhores imagens do ramo. Do alto da baixadona, só dão ela e o morro de Santo Antônio se destacando na paisagem.
Enfim, procuro restringir meu campo visual à diagonal oposta.
O muro branco chapiscado tem apenas um portão de ferro no meio e, deduzo que mesmo ele não fazia parte do projeto original pelas marcas de cimento não igualadas em todo seu contorno.
Uma parte do piso, como já disse, é de Pedra de São Tomé. Mas, a lateral entre as plantas dos canteiros que margeiam o muro, é de brita mesmo.Separadas da pedra por uma muretinha baixa pintada de branco.
Na brita há mesas e bancos de concreto enfileirados paralelamente ao muro. Em algumas de suas partes, a hera tenta subir, se agarrando no cimento irregular do chapisco. Na raça, por que com a falta de poda adequada ela não consegue grudar e, portanto, se desenvolver.
Seu melhor desempenho é na quina da diagonal que mencionei anteriormente. É ali, nas sombras das folhagens generosas de um coqueiro e dois tufos, com algumas palmeiras, estas já bem maiores que o muro, aquele no mínimo três vezes a sua altura que ela, a hera, desembestou. Provavelmente graças a sombra amena que alivia o calor e retém o que pode da baixa umidade.
Por cima do muro branco uma moldura desigual composta de coqueiros, mangueiras, as tradicionais que habitam os quintais cuiabanos, e árvores das calçadas, que não sei o nome, talvez algum tipo de fícus, quebram o contraste que poderia ser monótono com o céu azul, borrado por finas nuvens.
Nos fios elétricos que correm junto ao muro, parecendo linhas de uma pauta musical, os passarinhos são as notas desenhadas das canções.
Quem poderia ser doce, se não fosse o pinga-pinga... Para mim, aquilo jamais seria o som um pingo d’água. Parecia uma batida num ferro.
O diagnóstico veio de um amigo muito mais experiente no setor de edificações. Tá seco, disperso e metálico? Vazando da caixa. “É água”, disse ele. Acatei e me ferrei.
Por que agora, sei que há um barulho que detesto. Justo na parte que me cabe para escrever as crônicas. A parte boa, ela sempre há, basta procurar (ás vezes precisa procurar muito mesmo!) é que assim como começa...
O barulho para e dá lugar ao silêncio da brisa e a conversa animada dos passarinhos que visitam os quintais cuiabanos da vizinhança e formam a música imaginária ao pousarem na pauta musical dos fios elétricos.
Tudo isso para dizer que nada é tão ruim que não possa ser modificado ou imaginado de uma maneira muito melhor. Assim, fica mais fácil ver e conviver com este mundo que nem sempre foi o que pedimos à Deus...
Um comentário:
Music in Heaven
Text and photo Valeria del Cueto
Alas, my saint of the drip-drip. I was already looking to welcome my point of escrevinhação cuiabano and assimilating the contrast of the blue fiber pre-shaped pool with the tones of ocher stone that covers his Sao Tome and white around the loungers like "Goiás".
It was enough to put me back to the smooth wall full of yellow barred windows, trucks, air conditioning pipes and tubes and wires. So, too, excluded from my field of vision the two very elegant - GG model - satellite dishes cable channel.
Therefore, to eliminate took advantage of breaks, the part built with brick barbecue and huge water tank, best visible in images of the branch. From the top of baixadona, just give it and the hill of St. Anthony stood out in the landscape.
Anyway, I try to limit my field of vision to the opposite diagonal.
The trickling white wall has only one iron gate in the middle, and I assume that even he was not part of the original design for unmatched brand of cement throughout its contour.
A part of the floor, as I said, is the Stone of St. Thomas But the side of the beds between the plants that line the wall, is crushed by a stone mesmo.Separadas muretinha low painted white.
In the gravel for concrete tables and benches lined up along the wall. In some parts of it, tries to climb the ivy, clinging in cement Chapisco irregular. In the race, because with the lack of proper pruning can not stick to it and thus be developed.
His best performance is on the diagonal corner I mentioned earlier. It is there in the shadows of palm fronds and a generous two tufts, with some palm trees, these have much larger than the wall, that at least three times their height it, ivy, runaway. Probably because the shadow that relieves mild heat and retain what can the low humidity.
Above the wall a white uneven frame composed of coconut trees, mango trees, the traditional living cuiabanos yards, sidewalks and trees, I do not know the name, maybe some kind of ficus, which could break the monotony contrast with the blue sky , blurred by thin clouds.
In the wires that run along the wall, looking like lines of a musical staff, the birds are drawn notes of the songs.
Who could be sweet, if not for the trickle ... To me, that the sound would never be a drop of water. It seemed a raid on a iron.
The diagnosis came from a friend far more experienced in the buildings sector. 're Dry, scattered and metal? Leaking out of the box. "It's water," he said. ACAT and fucked me.
For now, I know that there is a noise that I hate. Just the part that fits me to write the chronicles. The good part, she's always there, just look for (sometimes need to look a lot!) Is that as soon as it gets ...
The noise gives way to the silence and the breeze and the excited chatter of the birds that visit backyards cuiabanos the neighborhood and make the music imaginary land on the musical staff of the wires.
All that to say that nothing is so bad that it can not be modified or imagined a much better way. Thus, it becomes easier to see and live with this world that was not always what we ask of God ...
* Valeria del Cueto is a journalist, director and manager of the carnival. This chronicle is part of the series Parador cuyabana ENDLESS http://delcueto.multiply.com
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