EM PARATI, INDIO QUER CONTAR HISTÓRIAS NESTA EDIÇÃO DA FLIPINHA
Na FLIPINHA, que acontece paralelamente a V FLIP, em Parati, hoje foi
tarde de índio. Primeiro, com Poranduba Etno onde representantes das
escolas indígenas estaduais Guarani Tava Mirim e Karai Oka, da região
de Angra dos Reis e Parati, apresentaram danças e cantos de suas
aldeias. Depois, com o painel "Raizes" da Ciranda de Autores com
Daniel Munduruku e Fátima Miguez.
Na tenda decorada com panos e mobiles coloridos, as crianças se
espalhavam nas cadeiras e pelo chão com seus olhares ansiosos e
carinhas curiosas. No palco, Sérgio Silva, professor bilingue, vestido
com uma camisa do Vasco da Gama, esclarecia ao público: "Nós gostamos
de futebol. Sou índio, mas sou vascaíno". Aplausos para ele que a
seguir explicou que "poranduba" é uma palavra tupi guarani, que
significa, perguntar, querer saber e é utilizada por várias etnias.
A aldeia Araponga apresentou a Dança do Guerreiro. Pai Agostinho,
cacique mestre da aldeia puxou a fila com seu chocalho marcando o
ritmo. Atrás, dançavam 9 crianças, com adereços na cabeça, colares e a
camiseta da escola. Sérgio apresentou um a um, demora mais explicando
que Maninho, um menino de 14 anos, "está aprendendo desde pequeno a
ser um grande mestre, um grande pagé".
A garotada aplaudiu entusiasmada. O professor índio explicou que não
vieram todos os meninos por causa do acesso difícil e convida a todos
para visitarem a tribo. A escola de Parati Mirim trouxe mais gente
para o palco. Lá, o grupo cantou canções da aldeia, todos de mãos
dadas, expressões muito sérias.
Natália, 9 anos, cursa a 3. série na escola Monsenhor Hélio Pires e
não perde uma FLIPINHA. encantada, conta que nunca tinha visto a
apresentação dos indiozinhos e deu sua opinião sobre o evento: " Eu
gosto mesmo é das histórias que leio, e o que não falta aqui são
livros", afirmou a veterana.
Nesta FLIPINHA, na Ciranda de Autores que se seguiu, lá estava ela,
atenta, ouvindo Daniel Munduruku índio de uma tribo do Pará, 43 anos,
falando sobre Raízes, ancestralidade e os 30 livros que já publicou.
Entre os temas abordados em sua produção literária, a temática
indígena, a natureza e valores humanos. A maioria para crianças e
adolescentes.
Segundo ele, que começou na literatura há dez anos, "é muito
importante que este livros também cheguem às aldeias", o que acontece
através de ações do governo, que compra e distribui seus livros e de
outros 40 autores indígenas.
Daniel contou que foi parar nos livros a partir da contação de
histórias, depois de adulto. "Na aldeia, quando criança, não somos
contadores. somos "ouvidores". Temos que jogá-las (as histórias) para
dentro de nós."
A FLIPINHA deste ano, terá uma participação 30% maior que na edição
anterior e, além do trabalho com livros e escritores, os estudantes
têm uma tarefa extra: farão inventários do patrimônio imaterial de
Parati como a tradição oral, os saberes e as festas populares. Como os
índios, que chegam pela primeira vez á festa, poderão aprender lições
importantes .
de Parati, Valéria del Cueto.
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