terça-feira, 10 de junho de 2008

Tudo muda, menos...





Tudo muda, menos...


Texto e fotos de Valeria del Cueto*


Bom, então tá, Cuiabá. Do ponto de vista privilegiado do bom e velho Chopão, no alto da Getúlio Vargas, ao lado da praçinha. Onde, pelo visto, passarei um tempão nesta sexta feira típica, quente e abafada.

Explico: marquei um almoço com um nobre jornalista da terra. E ele cravou sua escolha no restaurante com janelas em forma de arco decoradas pelo artista plástico Adir Sodré. Logo depois, uma amiga me intimou a ir a um happy hour tradicional encontrar amigas de outros tempos... Adivinhe onde? Justamente no no dito cujo, o lendário Chopão. Detalhe: no mesmo dia!

O point já era point quando cheguei a Cuiabá nos idos de 1984 e, pelo visto, mantém sua mítica. Ao menos às sextas feiras, concluo inocente, sem saber que o local ferve a semana inteirinha, de segunda a segunda, conforme verificarei nos próximos dias pelos inúmeros e constantes convites para frequentá-lo... todo mundo, seja qual for a tribo, em sua peregrinação pela agitada vida social cuiabana, passa pelo Chopão. Mais cedo ou mais tarde...

Minha memória da culinária do restaurante remete a Brochete de Filé que ainda habita o vasto cardápio da casa. Aliás, depois de uma rápida olhada nos quitutes disponíveis chego a conclusão de que as reformas do espaço nos últimos anos, que o tornaram mais moderno, colorido e agradável, não chegaram as gostosuras servidas na culinária clássica e farta do local. Não se mexe em cardápio que está ganhando, deve dizer o ditado.

Em cardápio e em staff. Imagine caro leitor, ir num local não visitado há anos e ser animadamente recebido por um time de garçons que te reconhecem de cara e, pasmem, ainda lembram suas preferências. No Chopão isso é muito fácil. Costumeiro, eu diria.

No horário de almoço, por exemplo, a vida útil no local do Chico, do Salsicha, do Alemão e do Isaías, se prolonga há quase 20 anos. Uns mais, outros um pouco menos. O caçula é o Isaías, com 15 anos de casa. O Chico, estreou por lá apenas 2 anos depois da fundação da casa, nos idos de 1974. Entre idas e vindas, já bateu os 20 anos de serviços prestados aos fregueses de carteirinha do estabelecimento.

Por isso, encontro tudo como dantes, na cozinha de Abrantes (nunca me lembro do nome do chef do local, o que considero uma grande, porém ainda corrigível injustiça, diga-se de passagem), inclusive o famoso escaldado, reforço essencial nas madrugadas, após uma típica e arrasante noitada cuiabana.

Bom, o nome do cozinheiro é Edvan. Ele agora conta com o apoio criativo de Fernando, o proprietário da casa, que se formou em gastronomia há dois anos. Isso significa que, de vez em quando, aparecem novidades “mudernas” no cardápio. Pero no muchas....

Mas isso é outra crônica, juro de pés juntos, com os mesmos já desconfortáveis sob a mesa do restaurante, depois de matar uma picanha com farofa de ovos, já pelo meio da tarde, imaginando o que ainda me aguardava.

Almoço e happy hour no mesmo bat-lugar, eu até encaro uma vez na vida e outra na morte. Mas, na madrugada da hoje pretendo ancorar em outras paragens. A experiência de reencontrar o sabor cuiabaníssimo do famoso escaldado ficará para outra ocasião. Razão que garante meu breve retorno ao lugar. E tenho dito.

E assim foi feito.


*Valéria del Cueto é jornalista, cineasta e gestora de carnavalEste artigo faz parte da série Parador Cuyabano

 

5 comentários:

Demian Heathcliff disse...

Tomorrow morning I,ll read carefully. My portuguese is not too good and I feel really tired right now

Valeria del Cueto disse...

You are welcome

SUZANA Vidal disse...

Nossa que lindo, que delicia, que saudade.
Sabe que me lembro bem da carinha de cada um dos garçons.
Que maravilha!

Valeria del Cueto disse...

O texto foi feito com esse objetivo... Relembrar sabores e velhos amigos. Que bom que você gostou!
Beijos

gisela del Cueto disse...

gi falando