
Texto, foto de Valéria del Cueto
Origem da mensagem: digitalização direta, sem direito a
rabiscação no caderninho.
Localização: em trânsito para conseguir alcançar a fresta do
luar pela janela, mesmo que na minguante.
Dear cronista, peço desculpas pela demora. Tenha certeza foi melhor
assim. Pensei no bem estar da amiga e na possibilidade de poupar momentos de
tensão, os que não são nada bons para quem está voluntariamente encarcerada do
outro lado do túnel.
Andei muito ocupado tentando capturar, registrar e indexar os
últimos acontecimentos. Para efeito de registro intergaláctico, uma das missões
que vim fazer nesse planeta, como sabe. Como também é do seu conhecimento que
meu retorno para o espaço sideral depende diretamente da situação das camadas estratosféricas.
As que andam tão alteradas a ponto de não me deixarem seguir meu rumo pela Via
Láctea.
Pois saiba que hoje conheci um sentimento humano, sobre o qual
já havia lido, sem ter a dimensão de sua expressão. Foi como estar perdido no
deserto, ver um oásis e descobrir que não, não era uma miragem (mal comparando
com cenas que já vi - acho que no clássico filme Laurence da Arábia). Aquela
luz que inunda o que vocês chamam de peito e se projeto por todo o corpo? Eu, seu
amigo Pluct Plact, o extraterrestre, senti esperança!
Te poupei, amiga, de momentos de análise das opções (uma não tão
má e outra péssima) e o desenrolar de uma batalha eleitoral que não é nossa (olha
eu) mas que trouxe futuros reflexos diretos sobre o digamos, way of life do
governo do seu país.
De acordo com parte do mundo que já o cumprimentou, Joe Biden é
o novo presidente eleito democraticamente pelo povo americano. Sua votação é a
maior da história e a vitória no colégio eleitoral está consolidada.
A eleição mobilizou não apenas o país em questão, mas o planeta.
Das duas uma: ou os EUA seguiam a ondulação perigosa do topete ensandecido de
Donald Trump ou, numa guinada, priorizavam questões como a pandemia (que
explode por lá) e o grave quadro das mudanças climáticas.
Foi tenso o processo e dele preferi poupa-la. Tipo FLAxFLU em
final de campeonato. Não vou enrolar. Os republicanos saíram na frente, porque
votaram mais de forma presencial, nas primeiras urnas abertas. Mas depois... O
primeiro sinal de quem seria o vencedor veio de Donald Trump que já no início
da contagem se adiantou e declarou ser o vitorioso. Cedo demais.
Com votos presenciais e vindos pelos correios, cada estado
procedendo de acordo com sua legislação própria, a consolidação do nome do
escolhido demorou. Enquanto isso, Trump já avisava que iria judicializar os
resultados. Era contra a inclusão dos votos que, enviados pelo correio,
chegaram depois do dia da eleição. Os democratas, por causa da Covid-19,
pediram para seus eleitores que votassem antes para evitar aglomerações. Entendeu?
Na noite de sábado - a votação foi na terça, Joe Biden comemorou
em Delawere a vitória nas eleições americanas. Em tempos normais, caberia ao
perdedor parabenizar o vencedor, para avisar aos americanos que a vitória do
adversário era reconhecida. Normalmente... mas Trump não segue o padrão e continua
afirmando que não reconhece Joe Biden como futuro presidente americano.
Como a fila andou, o democrata já anuncia medidas contra a
Covid-19, pede que a população use máscara até a chegada da vacina e trabalha
na transição. Trump, encastelado na White House, diz que vai até as últimas
consequências enquanto pede revisão nas contagens em estados chave vencidos por
JB, o deles. (O Bolsonaro, JB de cá, continua no limbo sem reconhecer os eleitos
e vendo como termina o discurso de fraude que ele próprio rascunha por aqui,
lembra?)
Querida cronista, deixei por último a esperança que mencionei no
início. É a vice-presidente eleita, Kamala Harris. Mulher, preta, filha de uma
indiana e um jamaicano. Seu sorriso ilumina e estimula a diversidade no jogo democrático.
Sua postura confiante representa a chance de uma guinada de rumo menos
radical na maior nação do imundo.
Black lives matter and care about climate change is coming. Go
Joe Biden, welcome Kamala!
*Valéria del Cueto é jornalista, fotógrafa e gestora de
carnaval. Da série “Fábulas
Fabulosas” do SEM FIM... delcueto.wordpress.com
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