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terça-feira, 19 de agosto de 2025

Não fui eu


Não fui eu

Texto e foto  Valéria del Cueto

Ando correndo de problemas. Mas, parece, eles correm atrás de mim! Não só da minha humilde pessoa. De todos que tentam olhar o mundo com uma certa sensatez. Quando posso, desvio dos embates. Pelo menos, dos pequenos.

Usando as armas do arsenal valeriano: a caneta e um caderninho (novo!!!), me encarapitei na rede da varanda pronta para desenrolar mais uma crônica no meio do mundo. Eis que escuto o som do motor do cortador de grama... Como é domingo, dia de jogo do Mengão contra o Inter, estou determinada a não entrar em demanda e guardar as energias pra partida de logo mais.

Solução? Seguir o conselho do velho ditado “os incomodados que se mudem” e levantar acampamento em direção da cascata que jorra água na piscina vazia, do outro lado da casa. Que receba o primeiro respingo quem se arrisca a um mergulho nessa friaca. No máximo, uma ducha assustada e rapidinha no veranico que se aproxima.

O barulho da água batendo no cimento e escorrendo em direção ao ralo aberto abafa o som do motor da roçadeira. De lambuja fica no ar o cheiro da grama recém aparada do outro lado do rio que invade a atmosfera e quase me desvia do objetivo inicial do texto: os problemas meus, seus e nossos. Aqueles que não podemos solucionar nem, tampouco, ignorar.

Uns alheios a nossa realidade próxima como o genocídio incontrolável na Palestina, os conflitos na África, Asia e Europa, pra começar.

Outros aqui, embaixo dos nossos narizes, provocados por atitudes voluntárias e com sérias consequências. Como enfrenta-las? Em que momento devemos apenas observar, se omitir ou agir?

Que a maré não está para peixe, os ânimos pra lá de exaltados e os acontecimentos se sucedendo sem previsão ou controle de danos, é evidente.

Todos os estímulos nos levam a excessos. Comprar mais, postar mais, se expor mais... mesmo quando não temos nada a acrescentar. Simplesmente para mantermos o “engajamento”. E tem os cortes!

Então, o mundo fica atolado num lamaçal de tolices que camuflam e diluem o que é, realmente, essencial e digno de ser notado, devidamente registrado e, se possível, solucionado.

Se possível porque algumas ações são, a princípio, incorrigíveis.

Um exemplo que assombra e assolará a população cuiabana por um tempo é a eleição do atual prefeito.

Ao escolhe-lo fizeram um bem enorme à Câmara dos Deputados, apesar de sua função a frente da prefeitura de Cuiabá não ter garantido sua ausência total no cenário federal. Ele esteve presente, por exemplo, pra se solidarizar no deplorável episódio da tomada da mesa diretora e do plenário que visava impedir - e chantagear – o ordenamento da pauta dos trabalhos da casa.

O que não é bom para o Brasil não tem sido proveitoso a Cuiabá. A capital de Mato Grosso pagará caro por sua escolha. Seus habitantes sofrerão por alguns anos os reflexos do resultado das urnas eleitorais.

Todos, todas e todes são testemunhas e vítimas do equívoco do jeito de governar adotado pelo atual mandatário. Foi em frente a prefeitura que ele passou mais um recibo do desempenho de sua gestão, vital para o cotidiano da cidade.

Ao apagar as palavras artisticamente escritas num tapume mandou, mais uma vez, a liberdade de expressão (defendida ferozmente como um mantra por sua corrente política) às favas e confundiu a arte popular do grafite com a contravenção da pichação.

Como jurei desviar de problemas, não farei um registro do conjunto da obra que se desenvolve pros lados do Palácio Alencastro.

Foi a maioria do eleitorado da antiga Cidade Verde que decidiu seu destino até 2029! Nas próximas eleições que as escolhas sejam melhores, cuiabanos. Mais cuidadosas para com a urbe que os abriga.

Pra ilustrar a crônica, agora sim, uma piXação (essa, com X) que viralizou nos muros, paredes e tapumes há um tempinho aqui no Rio com uma mensagem sem distinção de gênero.

Sabe o que ela dizia? “NÃO FUI EU”.

E tenho dito...

*Valéria del Cueto é jornalista e fotógrafa. Da série “Parador Cuyabano” do SEM FIM...  delcueto.wordpress.com

Studio na Colab55

terça-feira, 1 de outubro de 2024

Sente o clima!



Sente o clima

Texto e foto de Valéria del Cueto

É de lei um registro sobre as eleições. Sem muito prazer pela constatação de que a política está tão degradante quanto a sociedade que ela representa. O que estamos acompanhando é um show de horrores.

O tempo e a História nos levam à constatação que as crises são cíclicas. A gente não aprende! Parece que foi ontem que o país se encantou com um “Caçador de Marajás”. O mesmo que depois de eleito sequestrou as contas bancárias da população.

Motivo extra para, reconhecendo a extrema necessidade de não me omitir diante dos fatos e desempenhando o papel de jornalista cidadã, fazer o alerta de sempre sobre o poder do seu voto, e-leitor. Quantos textos já produzi antes de eleições? Sei lá... Me mantenho fiel a norma de pecar por excesso, não por omissão.  Sim, sua escolha tem poder e consequências.  

As pesquisas indicam que boa parte do eleitorado ainda não escolheu seu candidato, especialmente para vereador, aquele que o representa na Câmara Municipal. O encarregado de fiscalizar a atuação do poder executivo, representado pelo prefeito, e fazer as leis que regem o município.

Muitos podem ser os pesos que o eleitor coloca na balança para fazer sua escolha. Experiência, juventude, gênero? Projetos? Segurança (que não está na esfera municipal?), saúde, educação, transporte, saneamento...

Tenho certeza que em qualquer lugar do Brasil o povo tem sentido na pele as ondas de calor que assolam o continente (entramos na oitava desse ano). A atual é um alerta amarelo que abrange partes do Sudeste, o Centro-Oeste e o Paraná, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia. Com queda da umidade relativa do ar, lógico. Nuvem de fuligem, também.

Baseada nessa sensação que não nos deixa, pensei que a questão do clima estaria entre os quesitos que os eleitores iriam pesquisar. Vamos tomar por exemplo Cuiabá. A capital de Mato Grosso. Ela já foi a Cidade Verde, com suas mangueiras sombreando os quintais. Sua alcunha hoje é Cuiabrasa.

O que fazer para minimizar os efeitos, por exemplo, da arquitetura contemporânea da metrópole que se projetou verticalmente usando e abusando de vidros e janelas espelhadas, as que refletem... a luz do sol?

Quando comecei o treinamento da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo, a ABRAJI, “Eleições e Jornalismo Ambiental” mergulhei numa caixa de ferramentas para analisar e combinar bases de dados para pesquisar, entre outros itens, a evolução da degradação (sim, degradação) ambiental.

Claro que meu foco é Mato Grosso, o estado com três ecossistemas, o Cerrado, a Amazônia e o Pantanal, como já destacava em vídeos e filmes que produzi enquanto tive uma base por aí. Não dá para ficar impassível quando o estado é o campeão de queimadas em setembro, com mais de 18 mil focos de incêndios, por exemplo.

Entre as opções de consulta conheci a plataforma “Vote pelo clima”. A iniciativa visa dar visibilidade a candidaturas que se comprometam em enfrentar as mudanças climáticas nas cidades. Transporte, mobilidade, gestão de resíduos, transição energética, adaptação e redução de desastres... Várias linhas de atuação podem ser pesquisadas no banco de dados por estado, cidade, partido, etc. A inscrição de candidaturas é liberada.

Aí, chegamos ao empurrãozinho que faltava para que eu desenrolasse esse texto pré-eleição. Foi um choque verificar a adesão dos candidatos a prefeitos e vereadores de Mato Grosso na plataforma. Prefeitos? Nenhum. Vereadores? Dois de Cáceres, dois da Chapada dos Guimarães, um de Cuiabá, Rondonópolis e Tangará da Serra. Duas mulheres, cinco homens. Três candidatos do PT, um do PV, PDT, PSD e PCdoB. E só.

Ainda dá tempo de colocar um foco nos requisitos climáticos na hora de escolher seus candidatos. Cobrar deles algo mais que a promessa de sempre de plantar mais árvores em sua cidade. O tempo é pouco para ações efetivas que mitiguem os efeitos dos danos que nos levaram à situação quase irreversível que vivemos.

Vote certo! Boa sorte, eleitor. Sente o clima...

O link do Vote pelo Clima: https://votepeloclima.org/

*Valéria del Cueto é jornalista e fotógrafa. Crônica da série “Parador Cuyabano” do SEM FIM ... delcueto.wordpress.com

Studio na Colab55

quarta-feira, 21 de setembro de 2022

Em construção


Texto, vídeo e fotos de Valéria del Cueto

Querida cronista. Trago notícias de setembro! Mês da primavera adorada. A que, dizem, tudo renova. Eu, Plact Pluct, o extraterrestre, aproveito o raio de luar que invade sua cela do outro lado do túnel para informá-la que, setenta anos depois do último evento do tipo, o mundo in-tei-ro acaba de acompanhar o enterro da soberana britânica ao vivo e a cores. Sim, Elizabeth II partiu e, com ela, se encerra uma era. Não vou descrever o evento. Impossível nessa cartinha.

Use sua imaginação. Todinha ela! Acabou? Pois saiba que nem sua loucura voluntária é capaz de projetar o “mico Brazil” composto de pronunciamento na sacada da sede diplomática brasileira de Londres, “pitis” com a imprensa do mandatário brazuca e desatinos histéricos de seus asseclas. Enquanto o mundo mimava os corgis, os doguinhos da rainha morta, a matilha raivosa ladrava na porta da embaixada. Não tenho informações, sobre outras altercações (tirando um súdito que se projetou em direção ao caixão durante o velório), na capital do reino silencioso e enlutado durante os funerais reais. Mitamos na baixaria.

Se a intenção era “desenhar” um roteiro de estadista para o presidente brucutu, faltou talento e companhias que pudessem colaborar com a pantomima. Não houve religioso ou herdeiro candidato a embaixador que lhe ensinasse a não tocar no rei, por exemplo. Gargalhar pra fotografia diante do filho enlutado, então...

Por que estou contando isso, cronista? Para fazer um mea culpa e reconhecer a veracidade do que você me apresentou no período em que convivemos. Ainda não ligou os fatos a série de TV? Já, não é? Vejo o lampejo de um sorriso sucupiriano no brilho do seu olhar de quase Dirceu Borboleta! Pois foi quando assisti, sob sua curadoria, “O Bem Amado” que, pela primeira vez, duvidei de sua “bibliografia” para me explicar o Brasil.

Achei que os fatos ali narrados, surreais demais, não passassem de imaginação fértil e fantasia deslavada do autor genial da novela que virou série. Tiro o chapéu à capacidade de serem inconvenientes de alguns que se acham (para não citar nomes). Que papel!

Feita a introdução, lembrando que as eleições são logo ali, destaco fatos. O primeiro é que 70% dos eleitores ainda não escolheram seus representantes aos parlamentos. Irão para o lugar em que monstros esfomeados se lambuzam nos orçamentos secretos que aprisionam valores exorbitantes. Valores que deveriam ser usados em políticas públicas definidas de forma articulada com a sociedade.

O segundo é o esforço coletivo, por assim dizer, para que a eleição a presidente se encerre no primeiro turno. O candidato a reeleição é categórico em afirmar que se não ganhar de cara (o que não deve acontecer, já que está em segundo lugar nas pesquisas) é porque houve fraude! Enquanto isso, o preço da gasolina cai a cada ponto que leva o ex-presidente à vitória.

Acho que na próxima lua saberemos o fim, pelo menos desse capítulo, da saga bolsonariana. Após os próximos blocos do episódio em curso em que o cenário é New York, a Assembleia da ONU.


https://youtube.com/shorts/JbmPsbtQSGg

Para fechar essa missiva, já que falei lá em cima em curadoria, dei um rasante na ArtRio 2022. Ela levou à deslumbrante Marina da Glória, 60 galerias e 15 instituições artísticas depois da pausa da pandemia.  50 mil pessoas circularam pelo espaço.

Uma das rodas de conversa foi sobre um tema que, sei, lhe é caro. “Exú nos museus e na Avenida”, abrindo caminhos ao reconhecimento dos incríveis e numerosos artistas que fazem a festa popular e precisam ser nomeados e reconhecidos como tais no mundo das artes.

"Conversa Exu nos museus e na Avenida " - Alayde Alves, Gabriel Haddad, Leonardo Antan, Leonardo Bora, Marcelo Campos

Flanando pelos corredores também reconheci, graças a sua paixão pelas artes plásticas de Mato Grosso, um peitinho de Adir Sodré, já vendido em benefício da Casa Nem, e uma cabeça de bugre da Conceição. Gervane de Paula tinha à ufa!

Ao imaginar o brilho do sorriso bailando novamente no seu olhar, arrisco a pegar uma encruzilhada desse nosso contato pra fazer um convite.

Em nome de seus amores: as artes, a cultura, o carnaval e a vida, se desentoque no dia 2 de outubro. Venha exercer seu sagrado direito ao voto. Digite, na urna eletrônica, os números capazes de fazerem com que Sucupira volte a ser o que deveria. Apenas uma obra de ficção genial de Dias Gomes!

Laroiê...

*Valéria del Cueto é jornalista e fotógrafa. Crônica da série “Fábulas Fabulosas” do SEM FIM... delcueto.wordpress.com

@delcueto.studio na Colab55

quarta-feira, 11 de novembro de 2020

Ocaso e o caso

Texto, foto de Valéria del Cueto

Origem da mensagem: digitalização direta, sem direito a rabiscação no caderninho.

Localização: em trânsito para conseguir alcançar a fresta do luar pela janela, mesmo que na minguante.

Dear cronista, peço desculpas pela demora. Tenha certeza foi melhor assim. Pensei no bem estar da amiga e na possibilidade de poupar momentos de tensão, os que não são nada bons para quem está voluntariamente encarcerada do outro lado do túnel.

Andei muito ocupado tentando capturar, registrar e indexar os últimos acontecimentos. Para efeito de registro intergaláctico, uma das missões que vim fazer nesse planeta, como sabe. Como também é do seu conhecimento que meu retorno para o espaço sideral depende diretamente da situação das camadas estratosféricas. As que andam tão alteradas a ponto de não me deixarem seguir meu rumo pela Via Láctea.

Pois saiba que hoje conheci um sentimento humano, sobre o qual já havia lido, sem ter a dimensão de sua expressão. Foi como estar perdido no deserto, ver um oásis e descobrir que não, não era uma miragem (mal comparando com cenas que já vi - acho que no clássico filme Laurence da Arábia). Aquela luz que inunda o que vocês chamam de peito e se projeto por todo o corpo? Eu, seu amigo Pluct Plact, o extraterrestre, senti esperança!

Te poupei, amiga, de momentos de análise das opções (uma não tão má e outra péssima) e o desenrolar de uma batalha eleitoral que não é nossa (olha eu) mas que trouxe futuros reflexos diretos sobre o digamos, way of life do governo do seu país.

De acordo com parte do mundo que já o cumprimentou, Joe Biden é o novo presidente eleito democraticamente pelo povo americano. Sua votação é a maior da história e a vitória no colégio eleitoral está consolidada.

A eleição mobilizou não apenas o país em questão, mas o planeta. Das duas uma: ou os EUA seguiam a ondulação perigosa do topete ensandecido de Donald Trump ou, numa guinada, priorizavam questões como a pandemia (que explode por lá) e o grave quadro das mudanças climáticas.

Foi tenso o processo e dele preferi poupa-la. Tipo FLAxFLU em final de campeonato. Não vou enrolar. Os republicanos saíram na frente, porque votaram mais de forma presencial, nas primeiras urnas abertas. Mas depois... O primeiro sinal de quem seria o vencedor veio de Donald Trump que já no início da contagem se adiantou e declarou ser o vitorioso. Cedo demais.

Com votos presenciais e vindos pelos correios, cada estado procedendo de acordo com sua legislação própria, a consolidação do nome do escolhido demorou. Enquanto isso, Trump já avisava que iria judicializar os resultados. Era contra a inclusão dos votos que, enviados pelo correio, chegaram depois do dia da eleição. Os democratas, por causa da Covid-19, pediram para seus eleitores que votassem antes para evitar aglomerações. Entendeu?       

Na noite de sábado - a votação foi na terça, Joe Biden comemorou em Delawere a vitória nas eleições americanas. Em tempos normais, caberia ao perdedor parabenizar o vencedor, para avisar aos americanos que a vitória do adversário era reconhecida. Normalmente... mas Trump não segue o padrão e continua afirmando que não reconhece Joe Biden como futuro presidente americano.

Como a fila andou, o democrata já anuncia medidas contra a Covid-19, pede que a população use máscara até a chegada da vacina e trabalha na transição. Trump, encastelado na White House, diz que vai até as últimas consequências enquanto pede revisão nas contagens em estados chave vencidos por JB, o deles. (O Bolsonaro, JB de cá, continua no limbo sem reconhecer os eleitos e vendo como termina o discurso de fraude que ele próprio rascunha por aqui, lembra?)

Querida cronista, deixei por último a esperança que mencionei no início. É a vice-presidente eleita, Kamala Harris. Mulher, preta, filha de uma indiana e um jamaicano. Seu sorriso ilumina e estimula a diversidade no jogo democrático. Sua postura confiante   representa a chance de uma guinada de rumo menos radical na maior nação do imundo.

Black lives matter and care about climate change is coming. Go Joe Biden, welcome Kamala!

*Valéria del Cueto é jornalista, fotógrafa e gestora de carnaval. Da série “Fábulas Fabulosas” do SEM FIM... delcueto.wordpress.com



Studio na Colab55

sábado, 4 de fevereiro de 2017

Não vou por aí

Não vou por aí

Texto e foto de Valéria del Cueto

A crônica dessa semana é um mea culpa. Ela começa no passado. Lá, em 2010, na eleição para o Senado. Havia uma luz no fim do túnel para quem não votasse em Carlos Abicalil (PT jamais) nem em Blairo Maggi. Para não desperdiçar dois votos, uma possibilidade: o candidato do PDT, Pedro Taques. Olhei, avaliei, e, diante do que vi no período da campanha, cravei.

Na hora que saiu o resultado todo mundo foi para Centro de Convenções do Pantanal onde havia uma sala VIP para os eleitos. No hall já tive a oportunidade de registrar em vídeo como seria rápido o fim do “teatro” dos dois eleitos para o senado: o caloroso cumprimento da zebra que desbancou o candidato do PT, com o pule 10, o ex-governador.

Dentro da sala VIP o clima era muito interessante: de um lado a “situação”. Num canto isolado, Pedro Taques. Um estranho no ninho. Me acheguei para parabeniza-lo. Fui recebida por um afável cumprimento. “Como vai, cineasta?” “Feliz por ter votado no senhor”, respondi.

Aproveitei o momento, já que o tumulto reinava somente nas proximidades do outro grupo, para dar um aviso ao eleito pelo PDT de Brizola: “ Senador, só usei um dos meus votos para o senado. Foi no senhor. E, como sou uma eleitora que valoriza a escolha, já lhe informo e advirto: a única dúvida que tive foi quando vi quem era seu suplente. Por isso, como jogo limpo, já vou avisar que espero que o senhor cumpra o que prometeu de pés juntos para seus eleitores: que irá até o final do seu mandato. Não votei em seu suplente e jamais votaria. Ele não tem cabedal para representar Mato Grosso no Senado. Meu voto foi consciente e vou cobrar sua palavra dada”. O senador recém-eleito me garantiu que a honraria. Iria até o final do mandato de 8 anos!

Com que orgulho o vi ser o candidato de oposição contra Renan Calheiros na eleição do Senado e usar as palavras do grande Darcy Ribeiro em seu discurso: “Fracassei em tudo que tentei na vida. Tentei alfabetizar as crianças brasileiras, não consegui. Tentei salvar os índios, não consegui. Tentei fazer uma universidade séria e fracassei. Tentei fazer o Brasil desenvolver-se autonomamente e fracassei. Mas os fracassos são minhas vitórias. Eu detestaria estar no lugar de quem me venceu”. Pedro Taques teve 18 votos. Dois senadores votaram em branco, outros dois se abstiveram. Renan se elegeu com 56.

O tempo passou. Taques usou o PDT como trampolim. Outro mato-grossense já o havia feito anteriormente. Trocou o protagonismo nacional por uma candidatura ao governo de Mato Grosso. Eleito, deixou o partido. Sua vaga em Brasília...

Tenho acompanhando diariamente pela TV Senado a performance de José Medeiros, agora no PSD, nas sessões, CPIs, no processo do impeachment e, finalmente, como candidato a Presidência do Senado. Que vergonha! Que tristeza. Que decepção...

Fico imaginado como seria a atuação do senador que elegi.

Minha conclusão? Pedro Taques perdeu o bonde da história. Por vaidade e falta de visão trocou uma carreira brilhante por um governo medíocre, onde é aliado de todos os que combatemos quando votamos nele e o transformamos, com nossos votos, numa esperança de um protagonismo parlamentar com projeção nacional. Vai eleger em 2018 aqueles que, a duras penas, derrotamos em 2010.

A nós, eleitores enganados, fica um exemplo para os que reclamam do vice eleito e atual presidente do país. Sim, somos responsáveis pelos penduricalhos que indiretamente elegemos.  A caricatura que hoje ocupa uma das vagas de Mato Grosso no Senado Federal não me representa e sei exatamente a quem devo responsabilizar pela atuação vexaminosa que acompanho a cada sessão.

Meu voto em 2018 será ainda mais seletivo. Se o candidato não tiver um substituto à altura vai ser em branco. Mais mentiras não me iludirão. Outro tombo não levarei. Posso não saber em quem votar, mas sei que mais um nome entrou na lista dos que nunca mais terão meu voto: Pedro Taques.

Sou como José Régio em Cântico Negro: “Não sei por onde vou. Não sei para onde vou. Sei que não vou por aí!   

*Valéria del Cueto é jornalista, fotógrafa e gestora de carnaval. Essa crônica faz parte da série “Parador Cuyabano”, do SEM   FIM...  delcueto.wordpress.com

Aqui conheci Cântico Negro, de José Regio. 



Studio na Colab55

domingo, 3 de março de 2013

Jogo... feito! Não dá mais



Texto e foto de Valéria del Cueto
Tão vendendo tudo. A alma já foi faz tempo, agora o negócio da vez é vender o que não lhes pertence.
É arrasa quarteirão, qualquer coisa é milhão pra ser “colhido” maduro mesmo por cima do muro, pelo primeiro esperto que se habilitar.
E não adianta reclamar, por que não há mais papa para ouvir o bispo, qualquer manifestação é risco, um grito perdido no ar. É muita pressão, meu irmão.
Haja panela quando a paciência do povo se esgotar. É trem, metrô, bonde, VLT; é lei seca pra pegar táxi, heliponto para resolver a saúde, empreiteira mandando às favas as obras interrompidas em plena construção. Aí tem ladrão!
A vida não é um lego, mas é assim que uns e outros a levam, achando que podem montar e desmontar, mandar e desmandar, esticar, extirpar, fracionar. Abrir, fechar, puxar, esticar e... vender.
Se bobear até a mãe entra nessa se tiver uma boa e generosa oferta. A sua, é claro.
Por que o público agora tem dono, que se dane o entorno. Barulho, entulho, bagulho, vale tudo na barganha em que muitos perdem tudo e a panelinha de sempre  - aquela - ganha.
É assim!
Que paga o pato é o gato que leva fama sem deitar na cama e nem ao leite tem direito, por que lhes falta respeito até pelo reino animal. Quer falar no vegetal?  
Não faz mal, ele é o tal! Cada lugar tem o seu especialista no quero o meu, pronto pra abocanhar, enganar, roubar, enrolar e desacreditar o trouxa indignado que esboçar reação.
É ação, coação, expulsão, exclusão e tudo na contra mão do justo e do direito.
Por que lhes falta respeito ao seu senhor, o cidadão.
Cá entre nós é atroz aturar tanto absurdo, fazer de conta que é surdo quando as arbitrariedades explodem no colo de cada um.
Sou eu, és tu, é você, somos nós, sois vós, serão eles capazes de a tantos enganarem sem ao menos – sequer - explicarem por que acham melhores que toda a população?
É bando, corja, matilha quem faz parte da quadrilha que prossegue impunemente achando que somos palhaços fazendo graça pro mundo enquanto esses vagabundos limpam os nossos bolsos, como se não tivessem um fundo?
Mas podem ter a certeza um dia a gente vira a mesa, e jogando com destreza acaba com essa pobreza que insiste em pensar que é mais.
Alguém há de se capaz, com a ajuda – que Deus nos acuda – de dar um basta nessa sorte que é de morte. Ninguém merece sofrer por males que não são seus, padecer, nem esquecer, afrontas que não pediu.
Por que quem procura acha! Um dia depois do outro... Pouco a pouco quem paga o pato vai cansar de bancar o rato e tomar uma atitude.
Não que seja virtude lutar pelo que é seu. É direito obrigação, defender nossa nação de tanta iniquidade. Alguém vai gritar bem alto, acima de toda a mentira.  Um grito de liberdade há de alcançar seus ouvidos e vai fazer todo o sentido quando o povo se juntar.
E será em cada olhar, que vamos saber lá no fundo que é hora de mudar o mundo, se não o deles, o seu.
*Valéria del Cueto é jornalista, fotógrafa e gestora de carnaval. Essa crônica faz parte da série “Ponta do Leme”,  do SEM FIM... delcueto.cia@gmail.com 

domingo, 28 de outubro de 2012

Dúvida atroz


Dúvida atroz
Texto e foto de Valéria del Cueto
Não saber se vai ou fica.
Não tinha nada a dizer, por mais que procurasse. Assunto havia e dava em árvore. Pululavam!
Eram tempos conturbados, cheios de arestas a serem aparadas, opiniões a serem dadas - se as tivesse.
Tabus estavam sendo quebrados, dogmas desmistificados. As reações às ações cada vez mais rápidas e contundentes.
Na TV discute-se... a internet. O casal conta que, juntos há quatro anos, o fazia de forma presencial e virtual. Ao mesmo tempo. Tipo dose dobrada de amor e companhia. Lado a lado, conversavam pelo... MSN!
Não dá pra discutir a eficácia da busca do grande amor ou um pouco mesmos pelos fios imaginários da grande rede tecidas nas nuvens óticas e semióticas. Faltam parâmetros. A modernidade nos agarra pelo pescoço. É osso! E daí? São apenas curiosidades, nada a ser defendido seriamente, como coisa essencial, existencial.
Esvaziou de tanto excesso, cansado que estava de tudo. E vejam que o tudo ia além da imaginação por que, essa, nunca lhe faltou á ufa!
Era capaz. Até de sonhar. Por que cargas d’água nem isso o animava mais e tanto? Não sabia.
Disso nem de nada. Nem daquilo. Se era bom, mais, menos ou quiçá. Passou, passa, passará. Passará?
Por enquanto, entretanto, apenas portanto.
Sem raiva, alegria, letargia ou tristeza, que diferença não fazia. Só traria. Era assim, era disso. Mas não agora, não era a hora, menos ainda o lugar.
Não chegou. Se passou, não parou. Seguiu. Para onde? Sabe-se lá. Não foi pra lá, nem pra cá. Tocou o céu, furou a terra, parou o ar, secou o mar...
Depois só. Passou. Agora passa vagorosamente, como se não fosse com ele. Puro fingimento. Apenas um alimento para o vácuo de plantão.
Difícil, por que a cabeça corre, o suor escorre e ele se levanta.
Sabe-se uma anta. Como todo homem que, naquele momento, sabe-se lá por quem, uma lei obriga a estar ali. Frente a frente com o passado. Aquele que um diz para esquecer, para lembra-lo só daqui a quatro anos, para A ou para B, caso houvesse apenas essas duas opções.
Perdeu o saco, está com asco e, sabe, precisa decidir. O que já passou fará do que se passa um pretérito (im)perfeito daqui a pouquinho. O que é direito para quem se julga imune ao jogo como ele?
Perdeu o agora, partiu pro depois ainda paralisado diante de si mesmo.
A máquina espera, pacientemente, a sua atitude.
Agora não sabe, e - conforma-se - nunca soube. Nem em seus sonhos mais delirantes. Seu imaginário não alcançou tanta ruindade. A pior opção é a falta de opção.
E aí, decidiu? Nem ele. É muito de um lado, o mesmo tanto do outro. Tudo do mesmo.
Na próxima vai tentar de novo por que acredita. Mas agora, não quer ter na consciência a escolha equivocada inevitável. Prefere o nada, que afinal é seu direito de não concordar em ter que escolher apenas por obrigação.
Chutou o balde, apertou o confirma e deu adeus à responsabilidade de escolher entre o péssimo e o pior.
Partiu para a vida. Cheio de razão. Satisfeitíssimo com sua (in)decisão.
*Valéria del Cueto é jornalista, cineasta e gestora de carnaval. Esta crônica faz parte da série “Ponta do Leme” do SEM FIM. delcueto.cia@gmail.com