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segunda-feira, 7 de julho de 2025

Tempo, tempo

Tempo, tempo

Texto e foto  Valéria del Cueto

Nem o tempo do tempo anda com tempo, acredita cara amiga cronista?

O que dirá euzinho, extraterrestre enleado nessa gravidade que me aprisiona e impede maiores voos, graças a essa atração da camada de ozônio mal cuidada.

Estou como sempre, mas não a toda hora, de passagem pelo raio de luar que se projeta entre as barras da janela de sua cela, voluntariamente ocupada do outro lado do túnel.

As notícias de lado de cá se acumulam desde a última mensagem enviada já faz um tempo (olha ele).

Sigo plucplateando por esse mundão tentando me desviar dos inúmeros artefatos mortais lançados por todos os lados nas constantes batalhas em que os povos se digladiam mundão a fora.

São bombas pra cá, mísseis pra lá, drones pra todos os lados. E vidas, muitas vidas perdidas.

Eu? Desvio, rebolo e pipoco tentando acompanhar os eventos que se multiplicam a torto e a direito.

Sinceramente, cronista? Quero paz.

Mesmo que seja na perda de tempo que, avisam os cientistas estarrecidos, está encolhendo em vários dias nos próximos dois meses.

Não, cara amiga. Não é papo de maluco. É observação científica na veia e com datas marcadas. A saber: 9, 22 de julho e 5 de agosto.

Nesses dias, afirmam os especialistas, os dias terão menos que as 24 horas de praxe. De novo...

O porquê? Nem eles sabem.

Sabem que isso já aconteceu antes e que o ano de maior aceleração foi 2024. No dia 5 de julho o tempo encurtou 1,66 milissegundos!

As causas que provocam alterações na velocidade de rotação são mudanças no nível do mar, deslocamentos da Terra ou afastamento da Lua da Terra. Eventos como terremotos também aceleram a rotação.

O X da questão é que, apesar de serem capazes de cravar os milissegundos perdidos em cada anomalia desse ano, 1,30 no dia 9, 1,38 22 de julho e 1,51 em 5 de agosto, conforme previu o astrofísico Graham Jones, da Universidade de Londres, os especialistas não têm explicações para a taquicardia do tempo.

“Baseada nos modelos oceânicos e atmosféricos, que não apresentam alterações significativas para a aceleração, a maioria dos cientistas acredita que seja algo de dentro da Terra”, disse Leonid Zostov, da Universidade de Moscou ao timedate.com.

“Está bem, Pluct Plact, mas e eu com isso?”, sei que você está se perguntando, cronista.

Com você, aí na sua clausura analógica, absolutamente nadica de nada. Mas com os GPSs e sistemas de precisão, sim.

Aqueles, que controlam, por exemplo, as máquinas de guerra que vomitam seus petardos mortais mundo a fora. Sabe o que significa 1,51 milissegundos na hora de mirar um alvo?  

Pode parecer um trisco, porém, assim como na vida, o tempo deverá ser recalibrado e, espero, as mensagens contidas nesses soluços, sejam captadas por quem de direito.

Porque elas estão aí, para quem quiser interpretá-las. Dizem que até na Bíblia!

Segundo Mateus 24:22 “Se aqueles dias não fossem abreviados, ninguém sobreviveria; mas, por causa dos eleitos, aqueles dias serão abreviados”.

Detalhe: os versículos seguintes trazem o alerta. 

Diz Mateus 24:23 “Se, então, alguém disser: ‘Vejam, aqui está o Cristo’ ou: ‘Aqui está ele!’, não acreditem”. 

E segue em Mateus 24:24 “Pois aparecerão falsos cristos e falsos profetas que realizarão grandes sinais e maravilhas para, se possível, enganar os eleitos.  

E por aí vai...

Perdoe, por favor, seu amigo interplanetário. Demoro e, quando passo, procuro trazer apenas notícias extraordinárias, mesmo as que não influenciarão, espero, sua reclusão voluntária.

Quanto ao dia a dia, segue na mesma levada alucinante e muito mais claustrofóbica que sua cela.

É pedra cantada, sem direito a retruco. Como nas BETs da vida...

*Valéria del Cueto é jornalista e fotógrafa. Da série “Fábulas fabulosas” e do SEM FIM...  delcueto.wordpress.com

ATUALIZAÇÃO:

Querida cronista. Atualizando "Tempo, tempo". Notícia publicada, dia 15 de julho, em A Tarde:

" Igreja evangélica faz tatuagem em fiéis"

O versículo tatuado é Mateus 24:14 que diz: "E este evangelho do reino será pregado em todo o mundo, em testemunho a todas as nações, e então virá o fim."

Ass. Pluct Plact, nas Fábulas Fabulosas


Studio na Colab55

terça-feira, 15 de abril de 2025

Bizoiando


Bizoiando  

Texto e fotos  Valéria del Cueto

Rápido, rasteiro e avassalador. Querida cronista voluntariamente clausurada do outro lado do túnel, estes são os adjetivos que descrevem os rumos do planeta ao qual você, sabiamente, resolveu virar as costas novamente depois de sua escapulida no carnaval. 

Sim, cronista, assim como o Grande Irmão que vigia o cotidiano dos habitantes do planeta Terra em todos os seus movimentos, também conseguimos nós, os extraterrestres visitantes, jogar nossa mira telescópica sobre os indivíduos cujas rotinas nos interessam observar. No seu caso, o fiz pelo mais genuíno interesse: a amizade que tenho por quem me introduziu nos meandros humanos. Você!

Nesse período em particular, por nada nesse universo de dados circulantes, deixaria de “bizoiar” suas atividades quase secretas carnavalescas. 

Acompanhei a tensão nas inúmeras etapas para obter os credenciamentos dos ensaios técnicos, mais acessível, e o dos desfiles oficiais, na maratona de todos os anos e suas variantes.

Vi seu esforço para tentar o quase impossível: cobrir todas as escolas da Série Ouro e do Grupo Especial.

Senti na minha epiderme protetora (quem aguenta o calor daqui?), sua frustração por não conseguir fotografar parte das escolas que almejavam chegar na elite do carnaval carioca, incluindo aí a Acadêmicos de Niterói que alcançou esse direito. Imagino a sua decepção por não ter o material para incorporar no acervo carnevalerio.com

Vi a emoção brotar explicitada nas fotos e vídeos do ensaio técnico do Império Serrano, por exemplo, após o fogo que lambeu atelier e ceifou a vida de artesãos no espaço incendiado em Madureira.

Falo daquele episódio que parece fazer parte, apenas, de um carnaval que passou. Sem trazer maiores providências para evitar novas tragédias no processo de produção e desenvolvimento das escolas de samba, especialmente as dos grupos inferiores, que desenvolvem seus desfiles em condições tão precárias. Vi tudo e muito bem!

A parte boa é que não faltam imagens para serem editadas e indexadas nos próximos meses em sua reclusão voluntária.

Elas são representativas da paixão inebriante que move a maior festa popular do planeta. Aquela que não se restringe ao berço das escolas de samba, o Rio de Janeiro, mas se expande e prolifera por muitas cidades do Brasil, e até do mundo, em ritmo de samba.

Tudo isso, cronista, é muito bom para garantir sua sanidade. Afasta-a da realidade cruel que movimenta esse planeta Terra que não é mais aquele. 

Foi-se o tempo da delicadeza, da gentileza. Uma nova velha geração, no momento, testa as barreiras da intolerância e da brutalidade. Guerras e disputas se retro alimentam apesar dos alertas de quem sabe aonde isso vai dar. São muitos esses avisos. Porém, inócuos.

Não há mais conversas, diálogos, trocas de ideias. Tudo é confronto e, sim, sem regras ou protocolos. No popular: é porrada e bomba. Nada de argumentação.

Não vou particularizar os atos que incluem do desequilíbrio comercial mundial à rapinagem pura e simples. Nesse quesito o status quo foi destroçado.

O pau continua quebrando para enriquecer os senhores das guerras em vários cantos desse mundão. Não há limites para destruição, nem para a exterminação de populações inteiras.

O mais incrível é que eles não aprenderam nada! 

Quase ninguém parece se importar com o que estão ensinando à nepobaby Inteligência Regenerativa, aquela que deixou de ser artificial para se (con)fundir com os hábitos, rotinas e o cotidiano da humanidade.

A impressão que dá é que, sabedor de que o próximo passo é ser dominado por ela, o ser humano capricha em incutir no “modelo” seus piores e mais tenebrosos instintos. Aguardem o tratamento que receberão depois. Cansamos de avisar! 

Está entendendo, cronista? Por isso tornei espaçada nossa correspondência pela luz da lua que invade sua cela. Prefiro deixá-la às voltas com as imagens capturadas em sua incrível fuga carnavalesca. Estive lá. Disfarçado. Adivinha onde?

Tal qual a freirinha carmelita, que pula o muro do convento de Santa Teresa para se acabar no bloco que leva seu nome, seu objetivo é louvável: cair dentro da folia para fugir da realidade inexorável. É a fresta da festa. A fresta, não a janela panorâmica que a vida deveria ser...

PS: Não mencionei o tombo porque você ensinou a mim, PLuct Plact, o extraterrestre, a ser discreto.

*Valéria del Cueto é jornalista e fotógrafa. Das séries “Fábulas Fabulosas” e “É carnaval” do SEM FIM... delcueto.wordpress.com

Studio na Colab55

quarta-feira, 13 de novembro de 2024

FICA! É tudo deles


FICA! É tudo deles

Texto e foto de Valéria del Cueto

Querida cronista. Vou começar pelo final. FICA! É isso aí. Esta é a ordem. Sim, a ordem que o viajante interplanetário, seu amigo e correspondente, Pluct Plact, ainda pipocando por este mundão que dizem ser de Deus (hipócritas!), tem a lhe dar neste momento. E, pelo visto, por um bom período.

É vero. Sei que ando sumido tentando um jeito de picar a mula desta estratosfera que atua como imã de poluentes e não deixa minha nave intergaláctica alcançar o espaço sideral. O máximo que consigo é pipocar pela crosta terrestre. E, agora, tomando um cuidado extra para não esbarrar na "renda" de satélites distribuídos pelo espaço, antes apenas singelamente celestial, do planeta.

Que perigo, cara amiga. Indico a localização desejada, ligo os instrumentos, os propulsores e tudo vai bem até um satélite borboletante coligir com a nave e desviar sua rota. Sabe em quantos lugares indesejáveis já acabamos, a nave doida e seu amigo aqui, pousando?

Vou resumir em um único exemplo: na faixa de Gaza que, certamente, não é a que mora na sua desatualizada imaginação. Ali agora é terra arrasada. O que era ruim, muito ruim está terrivelmente pior. E não pense que mirei no Líbano, na Ucrânia, nos países africanos conflagrados... Nada disso! Queria chegar no Egito onde continuam descobrindo incríveis resquícios de civilizações antigas que, como a que vejo hoje, entraram em declínio total e desapareceram.

Culpa de um encontro indesejado com um satélite mal colocado! É um perigo real e quase imediato viajar na órbita terrestre. E aqui embaixo também!

Que o diga seu ídolo Zeca Pagodinho. Precisou expulsar do palco um drone enxerido e atrevido no meio do seu show. O danadinho do artefato tirou a concentração do cantor, atrapalhou o ritmo da cozinha do show e mereceu uma reprimenda do malandro que mandou a letra exigindo em alto e bom som que a geringonça saísse do seu pedaço. Parece brincadeira, cronista voluntariamente enclausurada do outro lado do túnel, mas é isso mesmo! Respeito zero com o indivíduo. "O que é de todos é para ser usado”, prega o novo normal sem noção, nem respeito.

Se antes já era difícil garantir os seus direitos... está praticamente impossível. Como se não bastasse os seres humanos abusados, temos as inteligências artificiais que absorvem e chupam a ignorância vigente, moldadas que são de acordo com seus criadores. Egoístas e sem medidas como eles.

FICA! Cronista, se você visse o que está acontecendo com os direitos autorais dos artistas e criadores iria pi-rar. Quer dizer, surtar a décima potência. Porque um ser isolado há anos por livre espontânea vontade como você, que recebe minhas mensagens por um raio de luar que invade sua cela, está definitivamente fora da casinha! Melhor assim. Sinto lhe informar que a casona, no caso o planeta Terra, vai muito mal, obrigado. Com perspectivas de uma piora imensurável nos próximos anos.

Baseio essa trágica previsão nos últimos acontecimentos. Trump, aquele, o Donald que não é pato, será o próximo presidente dos EUA. Ganhou de lavada. Recebeu, inclusive, apoio e aplausos dos imigrantes que, entusiasmados com sua campanha contra os democratas, em breve serão repatriados. Segundo os masoquistas em via de deslocamento "É a vontade de Deus, seja o que Ele quiser".

Amiga, já concluímos que esta civilização está em plena decadência como tantas que desapareceram na face da Terra e de outros pontos do universo. Mas o que o povo tem na cabeça para trocar uma suave aterrissagem por uma queda livre num precipício? Não precisamos de um novo Messias, mas de um Freud repaginado, tipo um influencer psicológico. Seria muito bom para entendermos esta loucura suicida! E não vou nem mencionar a expropriação insana e irresponsável dos recursos do planeta.

Cronista, o último conselho antes do raio de luar desaparecer: nem pense em bancar a freirinha das Carmelitas e pular o muro do convento para passear nas ruas de Santa Teresa nos próximos dias. Espere o mini desfile das escolas, nas comemorações do Dia Nacional do Samba.

Seu Rio de Janeiro está sob cerco policial. O G20 se reúne na cidade conflagrada. Como sempre e mais que nunca maravilhosa ela recebe os chefes de estado e as comitivas dos países mais ricos e poderosos do mundo. Todos estarão reunidos aqui, vigiados por terra, mar e ar enquanto aos habitantes da cidade é recomendado, mais uma vez, um FICA! Fica em casa no feriadão, do dia da Proclamação da República até o da Consciência Negra.

*Valéria del Cueto é jornalista e fotógrafa. Crônica da série “Fábulas Fabulosas” do SEM FIM ... delcueto.wordpress.com

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quarta-feira, 5 de junho de 2024

Notícia urgente

Notícia urgente

Texto e foto de Valéria del Cueto

Vai um tempo que não invado sua cela, cronista voluntariamente encarcerada do outro lado do túnel. Tenho meus motivos, amiga querida. Meus e seus...

De minha parte, como um extraterrestre impedido de ultrapassar essa camada magnética (há quanto tempo digo que esse é o problema, só agora anunciado aos 4 ventos pelos cientistas?), com as forças exauridas dessa já obsoleta nave interplanetária, resolvi me dedicar a tentar melhorar a visão humana sobre nós seres de outras galáxias que circulamos por aqui. É praticamente impossível assumir a tarefa hercúlea de mudar a opinião pública.

Essa, que hoje coloca os alienígenas no mesmo patamar das bruxas, exus, diabos e afins no imaginário popular. Pra maioria, assim como eles, estamos destinados às fogueiras. Eternas, segundo os apegados a algumas nefastas seitas religiosas, e reais se, possíveis fossem.

Ser diferente nesse mundo negacionista adepto da terra plana não provoca curiosidade. Gera medo e violência alimentadas em nome da “liberdade de expressão”. Aquela, que antigamente terminava onde começava a do outro, não tem limites nem barreiras.

Considerando a situação que me impede de picar a mula pra outros mundos, limitado que ainda estou a pluctplactear apenas entre pontos diferentes da Terra, me empenho em tentar mostrar as funcionalidades básicas dos seres extraterrestres infiltrado nas estruturas neurais das inteligências artificias, as AIs. Captou a porta aberta?

Estamos e ficaremos em voga! Anunciaram pelas onipresentes mídias sociais a existência de instalações planetárias de alienígenas numa galáxia vizinha. É pegar ou partir pra ignorância em relação ao que você, na sua reclusão, está cansada de saber. Não somos deuses nem diabos, somos astronautas incapazes de interferir no livre arbítrio que leva o mundo à sua condição atual, portadores dos alertas que advertem que o pior ainda está por vir, infelizmente.

Aí, chego aos seus motivos para nossa comunicação rateante. Cheguei a uma conclusão interesseira: mais vale um nocaute informativo que o sofrimento de más notícias em doses homeopáticas. Então, espero uma novidade boa para invadir sua janela pelo raio de luar. Essa janela quase se abriu no início de maio pra contar o que era a multidão que invadiu suas praias com o show da Madonna em Copacabana. Perdeu força quando vasculhei seus arquivos e encontrei registros do efeito Rolling Stones no mesmo local.

Considerei que teria de informar que o ano que vem seu esforço na fuga anual para fotografar o carnaval na Sapucaí terá que ser maior. Já vai pensando em como dar o perdido na vigilância por mais um dia. Agora, serão 3 noites de desfiles! Essa nem pode ser considerada uma má notícia. É apenas a novidade a qual você e muitos outros, como a freira carmelita que foge do convento em Santa Teresa pra brincar o carnaval carioca, terão que se adaptar.

O pior, que fez a balança pender e muito para o silêncio do seu amigo Pluct Plact, foi o que era pedra cantada, piorou durante dias seguidos de maio e está longe de acabar. Não vou fazer suspense e já adianto que informando que os seus estão todos bem! Dito isso, informo que o Rio Grande do Sul colapsou.

Não foi por falta de aviso, mas por omissão e ausência de prevenção. Chuvas torrenciais provocaram enchentes que arrasaram cidades. Tanto do lado leste do estado, com as piores consequências possíveis, quanto do lado oeste. Na bacia do Uruguai os danos foram mais controlados. Fizera melhor a lição. No caso de Uruguaiana, escolados nas enchentes de 1983. Você estava por lá, lembra?

Todo o país, quer dizer, parte dele, está se desdobrando para ajudar o povo gaúcho. Outra parte, essa nefasta, se dedica a gerar e distribuir fake News sobre a tragédia.

O resto você já sabe. O mundo quer brincar de guerra. Ucrânia e Palestina ampliam o tempo de seus conflitos globais enquanto pipocam outras rusgas aqui e acolá.

Chega, não é? Então vamos à novidade que desequilibrou de vez a balança e me fez enviar essa notícia urgente. O seu Flamengo goleou o sempre freguês Vasco da Gama no Maraca por 6 X 1. O maior placar dos confrontos entre os dois times!

Fala sério, não é uma boa razão para uma cartinha?

*Valéria del Cueto é jornalista e fotógrafa. Crônica da série “Fábulas Fabulosas” do SEM FIM...  delcueto.wordpress.com

PS: Um brinde do acervo da cronista. 

Em dezembro de 2009...


https://www.youtube.com/watch?v=06IgtUKvRqQ


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terça-feira, 17 de outubro de 2023

Fadiga cognitiva


Fadiga cognitiva

Texto e foto de Valéria del Cueto

Querida cronista enclausurada do outro lado do túnel. Pela fresta do raio de luar que atravessa a janela de sua cela (ainda) trago notícias do lado de cá. O que deveria ser o escape, pra variar, está em guerra. Mais uma. Eu, que não sou marciano, mas também não sou humano, é quem falo aqui da Terra. Testemunho in lo(u)co o desvario que domina o planeta de onde, sinceramente, gostaria de pirulitar.

Tento dourar a pílula, mas não tem como. Se a coisa já andava ruim por aqui, periclitando ensandecida entre a intolerância costumeira generalizada e o fundamentalismo fanático opinativo, de uma semana e pouco para cá degringolou de vez.

Tá bom, não vou fazer suspense para coloca-la a par dos novos capítulos da saga humana que, parece, estreia uma nova temporada. Pensando bem, talvez, nem tanto assim...

Acontece que, não satisfeitos com os sérios eventos climáticos que pipocam por toda a superfície do planeta (fruto, entre outros fatores, do manejo inadequado de suas reservas naturais, colocadas à disposição da senha dos “ousados”, ávidos e insaciáveis seres humanos), tão pouco preocupados com o excesso de conflitos existentes em vários continentes que afetam a vida das comunidades, especialmente as mais vulneráveis, os habitantes da terra, no caso a prometida, conseguiram extrapolar, mais uma vez, sua capacidade de testar os extremos civilizatórios.

Alguns analistas já previam que países africanos, por exemplo, estavam em pé de guerra. E que estas (várias) arrastariam o mundo que deixou pra trás a pandemia de covid-19 e já se engalfinhava em batalhas sangrentas entre a Rússia e a Ucrânia.

Está acompanhando o raciocínio de Pluct, Plact, seu correspondente extraterreste, cara cronista? Pois é, assim caminhava a (des)humanidade até o sábado, 7 de outubro, do septuagésimo quinto ano de criação do Estado de Israel.

Foi aí que o Hamas driblou o Domo de Ferro, até então o invulnerável sistema de defesa aéreo israelense. Com um trator velho rompeu um trecho da cerca que separa da Faixa de Gaza e, invadindo uma desavisada megapotência no Oriente Médio barbarizou geral, tocando horror em Israel. Estou sendo genérico, se é que isso é possível. Entre centenas de mortos e reféns recolhidos ao território palestino, o que faz o líder atacado que dormiu no ponto e não viu uma marola sequer de preparação das hordas do Hamas e do Hezbollah em seus movimentos coordenados?

Retalia com violência proporcional e, dobrando a aposta, decreta um barata voa para todos os moradores do norte de Gaza. A ordem é para rumarem para o sul, em direção a fronteira egípcia que, ressalte-se, está fechada para refugiados. Inclusive, até outro dia, para cidadãos de outros países, como o Brasil, que estavam na Palestina.

Deu pra ter uma noção geográfica desse mapa da mina explosivo? Então, querida mentora, embaralha tudo com uma overdose de notícias falsas pra tocar fogo no parquinho da geopolítica mundial.

Só penso no tempo em que, graças as suas indicações, mergulhei na história das civilizações(?) tentando entender o que move a ganância humana. Sem esses indicadores e parâmetros não teria argumentos para tentar explicar essa capacidade inerente de autodestruição civilizatória dos habitantes do planeta a meus superiores interplanetários. Maias, astecas, egípcios, gregos, romanos...

Pra que metermos a mão nessa cumbuca? (Imagina euzinho explicando o significado da expressão pra eles.) É só deixar nas mãos dos representantes dos deuses em conflito que a humanidade autofagicamente se depura. Mesmo sabendo que seus atos de barbárie levarão a todos diretamente ao inferno das atrocidades, o que mais se escuta dos líderes mundiais é um brado retumbante e covarde: “eu autorizo”.

As consequências são imprevisíveis porque não há como imaginar os horrores que serão entregues à humanidade ao vivo e a cores, especialmente pelas redes sociais.

Sinto muito, querida amiga, se não tenho nenhuma dose de otimismo e esperança a lhe oferecer aqui de fora.

Meu conselho? Para evitar esse cansaço de pensar que me habita, fique onde está. Foque sua mente na monotonia das paredes nuas da sua cela.

Daí, desloque-se em sua fértil imaginação pelo maravilhoso mundo que conheceu e fez questão de me apresentar antes que essa fadiga cognitiva humana se apoderasse por osmose do seu aventureiro amigo intergaláctico.

E lembre-se: o que é seu está guardado em outra esfera sideral!  

*Valéria del Cueto é jornalista e fotógrafa. Crônica da série “Fábulas Fabulosas” do SEM FIM... delcueto.wordpress.com




Studio na Colab55

terça-feira, 19 de setembro de 2023

Ainda somos. Ainda...


Ainda somos. Ainda...

Texto e fotos de Valéria del Cueto

Buenas que me achego, querida cronista, e vamos ao que interessa pois sei que, por mais humano que ande ultimamente, não posso ser o motivo do atraso da publicação regular dessas crônicas (In)finitas. Seria o fim da picada do Sem Fim que o único frequentador dessas páginas literalmente de outro planeta tenha uma atitude tão característica dos terráqueos: o famoso “deixar o outro na mão”. Destaco que é pelo raio de luar que invade sua cela que lamento a falta de tempo para burilar melhor essa cartinha.

Acontece que os fatos se atropelam e abalroam de uma forma alucinante por aqui. De uma passagem meteórica pela ArtRio, na Marina da Gloria, pra beber da fonte das artes contemporâneas naquela paisagem deslumbrante carioca, vindo das enchentes que assolaram o “Sul Maravilha” (como dizia a iludida Graúna de Henfil), pluctplacteei direto para New York. Aqui, líderes mundiais se reúnem na 78 Assembleia Geral da ONU, com o lema “Paz, Prosperidade, Progresso e Sustentabilidade”. Se quiser acompanhar e ter um choque de (i)realidade é só se ligar no canal da ONU.

Ao contrário dos últimos encontros mundiais, as agendas estão lotadas de reuniões e compromissos brasileiros referentes a temas prementes como a Guerra da Ucrânia, a divisão das riquezas e a erradicação da pobreza, o colapso climático, fontes renováveis de energia, a preservação da Amazônia. De novo é que é o Velho que recoloca o Brasil na foto das pautas essenciais da humanidade.  

Cronista, o planeta está estrilando! Emitindo sinais pra todos os lados que seu esgotamento. Nos continentes e oceanos há indicações desse exaurimento. As emergências climáticas pipocam com força e amplitude. Não precisamos ir longe, geográfica e temporalmente.

Essa semana acaba o inverno e começa a primavera. Depois do junho mais quente, o julho suplantando o mês anterior e um agosto campeão no quesito, a meteorologia alerta que por esses dias as temperaturas serão recordes aí no Brasil. Se no Sul anunciam mais uma “onda de chuvas”, a panela do Planalto Central chia de tão aquecida e irradia seu insuportável calor de mais de 40 graus para o restante do país. Sem o alívio ou pena de quem, apesar dos alertas, anda a devastar a Floresta e o Cerrado acabando com o corredor de nuvens que vem da Amazônia.

Pensa, cara cronista isolada voluntariamente do outro lado do túnel, na diferença de abordagem do Brasil nesses e outros temas perante os governantes globais. Não que adiante muito, já que falar é mais simples que fazer. Mas, convenhamos, já é um avanço.

Enquanto aqui na Terra o pau está quebrando pra todos os lados, num mundo cada vez mais radicalizado em larga ou pequena escala (agora, a República Dominicana fechou suas fronteiras com o Haiti), a exploração espacial avança tão rápida como a velocidade do som multiplicada pela da luz. A Rússia não conseguiu sucesso na sua missão espacial. Já a Índia chegou ao lado escuro da lua. Lembrei muito do dia em que tive o prazer de, por seu intermédio, ouvir “Dark Side of the Moon”, do Pink Floyd. Sabia que lançaram uma versão remasterizada para os 50 anos do grupo? Tão poético...



Também anunciaram a existência de um planeta “com sinais de vida”. O K2-18b é oito vezes maior que a Terra e está logo ali, a 120 anos luz daqui, na constelação, veja só, de Leão. Aliás, assim como quem não quer nada continuam aparecendo evidências de que extraterrestres circulam ou já estiveram no pedaço. Até corpos preservados foram apresentados na Câmara dos Deputados do México!

Cronista, vou parar por aqui. Sei que o assunto parlamentar aguça seu interesse. Mas, parodiando um hino da Portela, composição do saudoso Monarco (aprendi bem) “...se for falar da Câmara dos Deputados brasileira, hoje eu não vou terminar...” E olha que o assunto não envolve corpos de extraterrestres, mas múmias insepultas que assombram a vida política do país. As que tentam deixar o governo federal refém de suas já conhecidas e contumazes falcatruas, como o famigerado orçamento secreto e a distribuição desigual de cargos e ministérios para a aprovação das pautas de interesse popular.

Melhor deixar pra próxima missiva, porque tem assunto pra mais de metro...    

*Valéria del Cueto é jornalista e fotógrafa. Crônica da série “Fábulas Fabulosas” do SEM FIM... delcueto.wordpress.com



Studio na Colab55

segunda-feira, 17 de julho de 2023

Perda total

Perda total

Texto e foto de Valéria del Cueto

Cronista, cronista... O mundo voando baixo desgovernado e eu rezingando pra contar as novidades. Me sinto TÃO humano, tão pouco extraterrestre. É que os fatos estão atropelando o tempo que corre cada vez mais. Sem dar conta de abarcar os acontecimentos.

O que me faz pensar na vida mansa dos escribas do antigo Egito, por exemplo, em comparação com a tarefa insana dos que têm que registrar as efemérides (palavra antiga, mas cheia de conteúdo, que não perde a importância) atuais. Piscou? Já mudou ou perdeu o significado. Não a palavra, mas os eventos. É como se o ser humano estivesse num redemoinho em direção ao fundo de um espiral cada vez mais apertado e veloz. Lascou, né?

É nesse mundo, do qual você voluntariamente se isolou, que sigo pluctaplacteando pra cima e pra baixo sem conseguir romper essa camada estratosférica e seguir viagem. Agora, então... Cheguei à conclusão que me querem aqui. Nada explica essa falha persistente em minha nave. Já tentei, inclusive, o auxílio da queridinha do momento, a AI, Inteligência Artificial. Ai, ai, Iaiá. Ainda não tem AI pra tudo.

Como todo bom ser humano, as Ais disputam uma corrida insana para o aprimoramento de suas “inteligências”. Agora, o Bard do Google chega ao Brasil e a UE, União Europeia. Pra lhe informar, Elon Musk, dos carros voadores, das viagens espaciais, da incrível desconstrução do bom e velho twitter (que você usou desde 2008, quando ainda se socializava com esse planeta), o que chamou Zuckerberg para a porrada, como contei na última cartinha, vem com sua Xai, quer dizer xAI. Tão Eike Batista com seus Xs. Aquele que, entre outras façanhas, repaginou o lindíssimo Hotel Serrador (SQN)

Opa! Você sabe o que é SQN (Só Que Não)? Pergunto por constatar que fazem quase 10 anos (eu disse 10 anos!) que nos comunicamos pela primeira vez. Tanta coisa mudou de lá pra cá querida cronista que tão bem me recebeu quando comecei a pipocar nesse planeta. Tem até quem ache que o mundo começou um pouco antes disso!

Enquanto parte dos humanos navega por mares das redes sociais, compara e alimenta as Ais, sem entender o alcance das ferramentas, (como a do bilionário que quer “entender a verdadeira natureza do universo”) e, para isso, gasta fortunas incalculáveis, o planeta agoniza. Ciclones varrem continentes, o calor assola o hemisfério norte e por aí vai. As guerras? Aos montes. Há, inclusive, a “ameaça” de deflagração da terceira mundial. É justamente ela, a natureza mencionada agora a pouco que manda alertas que, parece, não surtam efeitos práticos.

Além das atrocidades humanas cada vez mais bárbaras, já que instrumentalizadas com requintes de covardia, é a vez do mundo animal, especialmente os marinhos, se manifestarem e intrigarem os humanos. São as orcas que atacam barcos pesqueiros. Será por que, cara cronista, perguntam os cientistas? Tem gente esperando que as Ais respondam...

Tirei um sorriso do seu rosto, não é, amiga?

Vou tirar outro quando contar que vem do seu amado Mato Grosso a nova modalidade de estupidez legislativa. Um personagem patético que os votos dos eleitores da capital do estado de políticos como Dante de Oliveira (sempre lembrado por sua emenda das Diretas Já que mobilizou o país pelo fim da ditadura), quase levou à prefeitura de Cuiabá há 3 anos atrás.

Cronista, devia ter sido eleito. Sua performance escalafobética estaria restrita ao âmbito municipal e seria uma confirmação do ditado que diz: “quem pariu Mateus que o embale”. Como não ganhou em 2020, eleito deputado federal, assombra as sessões legislativas federais.

Usa, entre outros artifícios, o bordão do professor Enéas, repetindo em suas lacrações, quer dizer, gravações, a abertura “meu nome é Abílio”. Feio, cronista, muito feio seu papel e dos marqueteiros que chuparam o mote. Há uma diferença primordial entre os dois personagens. Um era inteligente, um cientista. A cópia fake, para não usar adjetivos degradantes, é, no mínimo, tosca. Tosca mesmo. Sem pudores ou vergonha.

A única esperança para quem acompanha os trabalhos legislativos federais é que a triste figura se lance novamente candidato a prefeito de Cuiabá. Se ganhar o pleito livra Brasília e o Congresso de sua presença inconveniente, vergonhosa e nada propositiva. Mato Grosso jogou fora a chance de contribuir com o aprimoramento do sistema democrático brasileiro ao eleger como um de seus representantes uma caricatura de maus modos.

Não há AI capaz (ainda) de tal feito. Foram os eleitores mato-grossenses mesmo...   

*Valéria del Cueto é jornalista e fotógrafa. Essa crônica faz parte da série “Fábulas Fabulosas”, do SEM   FIM...  delcueto.wordpress.com

 

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terça-feira, 23 de maio de 2023

Onde isso vai dar?


  Onde isso vai dar?

Texto e foto de Valéria del Cueto

Diz aí, cara cronista. Nem demorei tanto assim para voltar a dar o ar da graça. Reconheça meu empenho, amiga enclausurada voluntariamente do outro lado do túnel. A velocidade dos fatos aqui fora parece amplificada! Então tive que me esforçar, entre as diversas fontes de observação que ando tentando acompanhar, para mantê-la atualizada sobre os surpreendentes acontecimentos que se sucedem e/ou se atropelam.

Vou começar pelos avanços galopantes da AI, a Inteligência Artificial. Galopantes não. O adjetivo é antigo e insuficiente para descrever a evolução incontrolável dos arrojados avanços nesse vasto e inexplorado campo. Podem provocar um upgrade em vários setores científicos? Sim. Mas a que preço? Os alertas continuam chegando de especialistas, cientistas e autoridades sem que nada interrompa a corrida insaciável dos (ir)responsáveis pelo pulo mal calculado e sem paraquedas no precipício da novidade tecnológica.

Já não é possível separar o joio do trigo: o que é real do conteúdo produzido pelo Frankenstein do terceiro milênio. Sim, traço esse paralelo açambarcando os principais elementos do que é conhecido como o primeiro livro de ficção científica, de Mary Shelley, publicado em 1818. Exatamente ele, o “Prometeu Moderno”, a que você me apresentou   anos atrás. A proposta é criar um “regulador” e “carimbar” o que é AI para diferenciá-la do que é real... Tarde demais, querida cronista. O monstro pensa, sente e... vai reagir!

Recolhida e isolada você está imune aos controles sutilmente impostos por sugestões como “Tbt é na quinta”, “poste momentos felizes do mês tal” e outros estímulos que induzem os humanos a obedecerem a comandos e que alimentam os imensuráveis bancos de dados que estão suprindo a nova etapa tecnológica. No momento, a base de informações é a internet inteira.

Cronista, quando escrevo essas impressões me sinto como o roteirista de um filme de ficção. Algo como as aventuras de John O’Connor, do Exterminador do Futuro, Blade Runner ou Matrix. Pois então, fique sabendo que são justamente eles, os roteiristas da indústria cinematográfica americana, que acabam de entrar em greve (o que não acontecia desde 2007). Um dos motivos? A ameaça da AI! Sean Penn apoiou o movimento em sua coletiva no Festival de Cannes, 2023.

O mundo real está uma irresponsabilidade só. Nele, por exemplo, o brado racista de uma torcida ecoou num estádio para um único jogador do Real Madri, Vini Jr., seu conhecido. O ofensivo termo “mono” numa partida no campo do Valencia retumbou mundo a fora. Enquanto o universo esportivo (ou parte dele) se revoltou, teve quem jogasse a culpa na vítima pela ação indefensável.

Nada que esse extraterrestre (carinhosamente apelidado de Pluct Plact pela amiga) que permanece por aqui não tenha visto nos arquivos acumulados aqui na nave, essa que não consegue partir dessa atmosfera tóxica.

Não está fácil! O que não me estimula a incentivar sua volta ao convívio com essa humanidade, no mínimo, exacerbada. Isso apesar de possuir, nesse momento, um argumento capaz de provocar um “choque térmico” no seu pit stop. Acontece que temos em curso uma briga das boas, tipo do rochedo com o mar, como você diria.

De um lado, a toda poderosa Petrobrás e o Ministério de Minas e Energia. Do outro, O IBAMA e o Ministério do Meio Ambiente, capitaneado por Marina Silva. A companhia quer pesquisar a possibilidade de prospecção de petróleo lá para os lados do Amapá, na foz do Amazonas. O Instituto negou a licença. Todo mundo quer dar palpites.  O pior argumento é de que nunca deu ruim para os lados da Petrobrás. Também não tinha dado pros lados da Vale. E Brumadinho está aí. Está parecendo mais um caso em que o marisco vai dançar. Vamos aguardar para ver em que esse Belo Monte vai dar...

PS: Te mando um cartão postal desse lado do túnel. É uma imagem real. Nela, no horizonte carioca se acumulam milhares de lindas nuvens coloridas. O problema é quando elas se juntam. Onde isso vai dar?

*Valéria del Cueto é jornalista e fotógrafa. Texto  da série “Fábulas Fabulosas” do SEM FIM... delcueto.wordpress.com


Studio na Colab55

terça-feira, 2 de maio de 2023

Já combinaram?



Já combinaram?

Texto e fotos de Valéria del Cueto

Eis-me aqui, querida cronista, sem nenhuma justificativa no estoque para validar a ausência além do objetivo de corroborar, caso mantivesse a correspondência de forma regular entre nós, sua firme intenção de permanecer no seu retiro voluntário, aí na confortável cela do outro lado do túnel, isolada desse mundo louco e tóxico.

Como você sabe, ultrapassamos mais um período de apogeu na história da humanidade. O mundo segue numa descida cavada em direção ao fundo do poço civilizatório. Digo ultrapassamos porque, diante de minha incapacidade de romper a bolha da camada de ozônio, passei a fazer compor, se não diretamente, como extraterrestre observador inserido na distopia humana.

São justamente as bolhas que impedem o correto desenvolvimento da espécie. Nesse momento, ao contrário das correlatas as de sabão, elas não se dissolvem, nem se misturam, após explodirem diluídas no composto saponáceo que as fazem belas, inquietas, coloridas e efêmeras.

Seu amigo Pluct Plact fala, cronista, de bolhas resistentes, fundidas temperadas no ódio, cimentadas com o rígido concreto da intolerância. Quando se rompem, explode a violência, a brutalidade.

Tudo que esse mundão não precisa nesse, ou em qualquer momento. A guerra na Ucrânia prossegue implacável. Do Sudão conflagrado nações retiram seus representantes diplomáticos e cidadãos. Dois de muitos exemplos de conflitos.

Por aqui, o “eles contra nós” corrói as instituições com manifestações explicitas de egocentrismo e idolatria cega cujos objetivos, já sabemos, causarão danos colaterais à maioria da população que elegeu seus representantes para conduzirem os destinos do país.

Cronista, é só umbigo. Tudo funciona em torno dele. Os verdadeiros interesses populares são como peões num tabuleiro de xadrez, prontos para serem sacrificados em prol de interesses defendidos por grandes lobbies.

O todo não é tudo! Aliás, é nada...

Os juros mensais estão em 13,75%, a maior taxa de juros reais do mundo! 77,9% de brasileiros estão endividados, são escravos do fantasma da inadimplência.

Há, querida cronista, uma nova forma de domínio. A inteligência artificial comanda e substitui os humanos em diversos e cada vez mais variados campos. Um número exponencial de empregos e funções deixam de existir com o avanço da tecnologia.

Você já viu esse filme. A realidade ultrapassou a ficção que não serviu de alerta efetivo. A humanidade já se atirou no precipício de um (ou vários) projeto(s) de domínio da inteligência artificial.

Houve uma tentativa de interromper o processo. Cientistas e lideranças das big techs do mundo todo pediram uma pausa de (pasme) 6 meses para estudarem o impacto do pulo no escuro irreversível que foi dado e tentarem uma regulamentação do processo. Não funcionou. Os mesmos que assinaram o manifesto continuaram mimando suas “filhotas” que, claro, ignoraram solenemente as intenções de seus criadores e seguiram impávidas alimentando seus quase incomensuráveis bancos de dados.

Termino essa missiva que seguirá até você pelo raio de luar que invade sua cela para, mais uma vez, agradecer nossas conversas. Uma delas me permite mal comparar esses eventos com a sabedoria do gênio do futebol chamado Garrincha. O craque, em sua estreia na Seleção Brasileira, na preleção do técnico Feola no jogo contra a União Soviética, depois das instruções de como “driblar” o esquema tático do adversário, perguntaria: “Já combinou com a Inteligência Artificial?

PS: Antes que me esqueça, sem querer zoar com você (uma atitude tão humana que faz parte do ritual), o time de Mané derrotou o seu Flamengo por 3X2. Apesar de contar com um jogador a menos. Pensa num amigo querido feliz! Ele mesmo, o Magnífico Gabriel Novis Neves...

Falei e corri, quer dizer, voei.    

*Valéria del Cueto é jornalista e fotógrafa. Texto  da série “Fábulas Fabulosas” do SEM FIM... delcueto.wordpress.com

 

https://youtu.be/na8CUEyUj2w link preleção Fiola.

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