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terça-feira, 19 de agosto de 2025

Não fui eu


Não fui eu

Texto e foto  Valéria del Cueto

Ando correndo de problemas. Mas, parece, eles correm atrás de mim! Não só da minha humilde pessoa. De todos que tentam olhar o mundo com uma certa sensatez. Quando posso, desvio dos embates. Pelo menos, dos pequenos.

Usando as armas do arsenal valeriano: a caneta e um caderninho (novo!!!), me encarapitei na rede da varanda pronta para desenrolar mais uma crônica no meio do mundo. Eis que escuto o som do motor do cortador de grama... Como é domingo, dia de jogo do Mengão contra o Inter, estou determinada a não entrar em demanda e guardar as energias pra partida de logo mais.

Solução? Seguir o conselho do velho ditado “os incomodados que se mudem” e levantar acampamento em direção da cascata que jorra água na piscina vazia, do outro lado da casa. Que receba o primeiro respingo quem se arrisca a um mergulho nessa friaca. No máximo, uma ducha assustada e rapidinha no veranico que se aproxima.

O barulho da água batendo no cimento e escorrendo em direção ao ralo aberto abafa o som do motor da roçadeira. De lambuja fica no ar o cheiro da grama recém aparada do outro lado do rio que invade a atmosfera e quase me desvia do objetivo inicial do texto: os problemas meus, seus e nossos. Aqueles que não podemos solucionar nem, tampouco, ignorar.

Uns alheios a nossa realidade próxima como o genocídio incontrolável na Palestina, os conflitos na África, Asia e Europa, pra começar.

Outros aqui, embaixo dos nossos narizes, provocados por atitudes voluntárias e com sérias consequências. Como enfrenta-las? Em que momento devemos apenas observar, se omitir ou agir?

Que a maré não está para peixe, os ânimos pra lá de exaltados e os acontecimentos se sucedendo sem previsão ou controle de danos, é evidente.

Todos os estímulos nos levam a excessos. Comprar mais, postar mais, se expor mais... mesmo quando não temos nada a acrescentar. Simplesmente para mantermos o “engajamento”. E tem os cortes!

Então, o mundo fica atolado num lamaçal de tolices que camuflam e diluem o que é, realmente, essencial e digno de ser notado, devidamente registrado e, se possível, solucionado.

Se possível porque algumas ações são, a princípio, incorrigíveis.

Um exemplo que assombra e assolará a população cuiabana por um tempo é a eleição do atual prefeito.

Ao escolhe-lo fizeram um bem enorme à Câmara dos Deputados, apesar de sua função a frente da prefeitura de Cuiabá não ter garantido sua ausência total no cenário federal. Ele esteve presente, por exemplo, pra se solidarizar no deplorável episódio da tomada da mesa diretora e do plenário que visava impedir - e chantagear – o ordenamento da pauta dos trabalhos da casa.

O que não é bom para o Brasil não tem sido proveitoso a Cuiabá. A capital de Mato Grosso pagará caro por sua escolha. Seus habitantes sofrerão por alguns anos os reflexos do resultado das urnas eleitorais.

Todos, todas e todes são testemunhas e vítimas do equívoco do jeito de governar adotado pelo atual mandatário. Foi em frente a prefeitura que ele passou mais um recibo do desempenho de sua gestão, vital para o cotidiano da cidade.

Ao apagar as palavras artisticamente escritas num tapume mandou, mais uma vez, a liberdade de expressão (defendida ferozmente como um mantra por sua corrente política) às favas e confundiu a arte popular do grafite com a contravenção da pichação.

Como jurei desviar de problemas, não farei um registro do conjunto da obra que se desenvolve pros lados do Palácio Alencastro.

Foi a maioria do eleitorado da antiga Cidade Verde que decidiu seu destino até 2029! Nas próximas eleições que as escolhas sejam melhores, cuiabanos. Mais cuidadosas para com a urbe que os abriga.

Pra ilustrar a crônica, agora sim, uma piXação (essa, com X) que viralizou nos muros, paredes e tapumes há um tempinho aqui no Rio com uma mensagem sem distinção de gênero.

Sabe o que ela dizia? “NÃO FUI EU”.

E tenho dito...

*Valéria del Cueto é jornalista e fotógrafa. Da série “Parador Cuyabano” do SEM FIM...  delcueto.wordpress.com

Studio na Colab55

quarta-feira, 5 de junho de 2024

Notícia urgente

Notícia urgente

Texto e foto de Valéria del Cueto

Vai um tempo que não invado sua cela, cronista voluntariamente encarcerada do outro lado do túnel. Tenho meus motivos, amiga querida. Meus e seus...

De minha parte, como um extraterrestre impedido de ultrapassar essa camada magnética (há quanto tempo digo que esse é o problema, só agora anunciado aos 4 ventos pelos cientistas?), com as forças exauridas dessa já obsoleta nave interplanetária, resolvi me dedicar a tentar melhorar a visão humana sobre nós seres de outras galáxias que circulamos por aqui. É praticamente impossível assumir a tarefa hercúlea de mudar a opinião pública.

Essa, que hoje coloca os alienígenas no mesmo patamar das bruxas, exus, diabos e afins no imaginário popular. Pra maioria, assim como eles, estamos destinados às fogueiras. Eternas, segundo os apegados a algumas nefastas seitas religiosas, e reais se, possíveis fossem.

Ser diferente nesse mundo negacionista adepto da terra plana não provoca curiosidade. Gera medo e violência alimentadas em nome da “liberdade de expressão”. Aquela, que antigamente terminava onde começava a do outro, não tem limites nem barreiras.

Considerando a situação que me impede de picar a mula pra outros mundos, limitado que ainda estou a pluctplactear apenas entre pontos diferentes da Terra, me empenho em tentar mostrar as funcionalidades básicas dos seres extraterrestres infiltrado nas estruturas neurais das inteligências artificias, as AIs. Captou a porta aberta?

Estamos e ficaremos em voga! Anunciaram pelas onipresentes mídias sociais a existência de instalações planetárias de alienígenas numa galáxia vizinha. É pegar ou partir pra ignorância em relação ao que você, na sua reclusão, está cansada de saber. Não somos deuses nem diabos, somos astronautas incapazes de interferir no livre arbítrio que leva o mundo à sua condição atual, portadores dos alertas que advertem que o pior ainda está por vir, infelizmente.

Aí, chego aos seus motivos para nossa comunicação rateante. Cheguei a uma conclusão interesseira: mais vale um nocaute informativo que o sofrimento de más notícias em doses homeopáticas. Então, espero uma novidade boa para invadir sua janela pelo raio de luar. Essa janela quase se abriu no início de maio pra contar o que era a multidão que invadiu suas praias com o show da Madonna em Copacabana. Perdeu força quando vasculhei seus arquivos e encontrei registros do efeito Rolling Stones no mesmo local.

Considerei que teria de informar que o ano que vem seu esforço na fuga anual para fotografar o carnaval na Sapucaí terá que ser maior. Já vai pensando em como dar o perdido na vigilância por mais um dia. Agora, serão 3 noites de desfiles! Essa nem pode ser considerada uma má notícia. É apenas a novidade a qual você e muitos outros, como a freira carmelita que foge do convento em Santa Teresa pra brincar o carnaval carioca, terão que se adaptar.

O pior, que fez a balança pender e muito para o silêncio do seu amigo Pluct Plact, foi o que era pedra cantada, piorou durante dias seguidos de maio e está longe de acabar. Não vou fazer suspense e já adianto que informando que os seus estão todos bem! Dito isso, informo que o Rio Grande do Sul colapsou.

Não foi por falta de aviso, mas por omissão e ausência de prevenção. Chuvas torrenciais provocaram enchentes que arrasaram cidades. Tanto do lado leste do estado, com as piores consequências possíveis, quanto do lado oeste. Na bacia do Uruguai os danos foram mais controlados. Fizera melhor a lição. No caso de Uruguaiana, escolados nas enchentes de 1983. Você estava por lá, lembra?

Todo o país, quer dizer, parte dele, está se desdobrando para ajudar o povo gaúcho. Outra parte, essa nefasta, se dedica a gerar e distribuir fake News sobre a tragédia.

O resto você já sabe. O mundo quer brincar de guerra. Ucrânia e Palestina ampliam o tempo de seus conflitos globais enquanto pipocam outras rusgas aqui e acolá.

Chega, não é? Então vamos à novidade que desequilibrou de vez a balança e me fez enviar essa notícia urgente. O seu Flamengo goleou o sempre freguês Vasco da Gama no Maraca por 6 X 1. O maior placar dos confrontos entre os dois times!

Fala sério, não é uma boa razão para uma cartinha?

*Valéria del Cueto é jornalista e fotógrafa. Crônica da série “Fábulas Fabulosas” do SEM FIM...  delcueto.wordpress.com

PS: Um brinde do acervo da cronista. 

Em dezembro de 2009...


https://www.youtube.com/watch?v=06IgtUKvRqQ


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segunda-feira, 20 de março de 2023

Quase nossa


Quase nossa

Texto e fotos de Valéria del Cueto

Sexta-feira, quatro da tarde e eu aqui. Para mais um clássico! Faz um tempo que anda sendo só isso. Clássico. Faz um tempo que não consigo chegar na praia para formar uma crônica da Ponta “au grand complet”. Que nem tão plena assim será porque não estou na Ponta original, a do Leme, onde as crônicas nasceram nos primeiros anos do milênio (meu Deus!) e, sim, no Arpoador.

Dia claro, céu sem nuvens, ondas médias. Praia? Aceitável para um dia de semana, mesmo que o último. O verão está indo embora. Os turistas? A maioria já partiu. Digo a maioria por experiência própria. Há um desequilíbrio visível entre o número de banhistas e de ambulantes que circulam oferecendo seus produtos.

À minha direita, na direção do perfil dos Dois Irmãos e do Vidigal, um casal de argentinos parece ser a rapa do tacho da temporada internacional. Corpos sarados, com experiência de praia. Dá pra notar pelas atitudes. Um mergulho aqui, uma tostadinha ali.

O marido puxa conversa com um dos muitos vendedores de queijo coalho que passam e tenta regatear o preço do produto. Diz ao rapaz que havia comprado “dos por diez”. Depois faz de conta que tem dificuldade para entender a explicação do ambulante que diz que cada palito custa R$12,00 e pode, no máximo, fazer um por R$10,00.

Combinado o valor ele informa ao vendedor, que furiosamente abana o braseiro, puxando assunto: “soy argentino”. (Cá pra nós, nenhuma novidade para quem trabalha nas areias dessa área no verão. É o que mais tem.) Daí pro futebol não precisou nem ajeitar a bola, quer dizer, o esbaforido ambulante responder e já veio a declaração de que torcia pelo Boca Júnior.

Nenhuma reação do preparador do queijo coalho e uma nova declaração, com um certo desdém do argentino: “Acá todos son Flamengo”. Nenhuma reação. “...Vasco?”, arrisca. O vendedor preferiu não responder em palavras, apenas abanar com ainda mais vigor a brasa que não tinha força, ainda, para derreter o queijo. A reação do morador da Vila São Luíz (descobri depois e é spolier) foi nenhuma. Mas algo me disse que ele era torcedor do Mengão.

Com o abanico na mão, subindo e descendo (e nada do queijo chega no ponto), ele entabula assunto com outro coalheiro (acabei de inventar a designação, acho) que largando o braseiro, os ingredientes numa caixa de isopor e a camisa na areia, não sem antes pedir para que o colega desse uma olhada, voltava de um mergulho refrescante.

Depois de discutirem o calendário do Campeonato Carioca e informar ao gringo que teria jogo no final de semana, justamente Flamengo e Vasco, decidindo que irá à final com o Fluminense, mudaram de assunto.

Passaram a lamentar a morte de um “fechamento” que aconteceu numa quebrada da região metropolitana. Uma chacina em que acabou sobrando para os moradores, pra variar. Foi aí que pesquei que o ambulante que preparava o queijo coalho era do bairro de Duque de Caxias, a Vila São Luiz. Eles comentaram um vídeo da execução que, deu pra entender, receberam de vários canais de redes sociais. Cá pra nós, um tema mais urgente que time de futebol para eles que esmiuçavam os motivos que levaram ao trágico desenlace.

Ao lado, o argentino que minutos antes fazia de conta que não entendia o que o rapaz dizia durante a negociação do preço da mercadoria, fazia sinais (discretos) à mulher para ficar de olho nos seus pertences que estavam na areia. Os ambulantes nem notaram. O queijo havia ficado pronto. Foi entregue e, surpresa, os R$10,00 foram pagos sem barganha ou comentários.

O assunto prosseguiu entre os ambulantes. Pela toada, entendi que esse era o estopim da interrupção do tráfego na Rodovia Washington Luiz, que vai para a região serrana do estado, na véspera. Deu um nó no fluxo da região. Realmente, um tema muito mais urgente no cotidiano dos locais. Cariocas ou da região metropolitana. O futebol? A alegria do povo ficou pro domingo.

Saindo da praia, descobri que dois enormes transatlânticos estão ancorados no Rio, o que aponta a razão de nossa praia ainda não ter sido 100% devolvida. Não, o verão real ainda não terminou.

PS: O Mengão ganhou por 3X1 do Vasco e é finalista do Campeonato Carioca.

*Valéria del Cueto é jornalista e fotógrafa. Texto da série “Arpoador” do SEM FIM... delcueto.wordpress.com


Bônus

Os vídeos do Verão 2023 na playlist do youtube.com/@delcueto. Se inscreve no canal!



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quarta-feira, 5 de agosto de 2020

Não conto

Não conto

Texto e foto de Valéria del Cueto

Esperei. Por sete dias...

Nos tempos da natação, nas categorias infanto-juvenil da equipe do Flamengo, quem treinava de manhã no grupinho de três ou quatro tinha uma mania/simpatia. Se você sonhava com uma coisa e quisesse que ela acontecesse tinha que contar antes do café da manhã. Se fosse um pesadelo só podia contar depois para evitar sua concretização.

Era o tipo de brincadeira como encontrar placa de carro em que os números da licença somassem nove e fazer um pedido. Se a gente cruzasse com uma mulher grávida e alguém de chapéu (boné não valia), era certeza que o desejo se tornaria realidade.

O que causava transtorno na simpatia do sonho é que o treino começava às seis da matina e sem chance para se alimentar e enfrentar horas de piscina. O café com pão e companhia eram depois do esforço físico. Não dá para treinar de barriga cheia...

Contar o sonho, se fosse bom, era uma das coisas que atrapalhavam e mereciam reprimendas do técnico que não alcançava o motivo de tanto tititi madrugador. Era mais difícil esperar o fim do treino porque todo mundo saía correndo apressado para começar a rotina diária.

Sempre que tenho um SONHO com maiúsculas me lembro da brincadeira e, sim, procuro seguir à risca a simpatia.

Deixei passar o café da manhã e muitos dias sem contar pra ninguém sobre o silêncio ensurdecedor. Ultrapassei os prazos para nem depois do almoço, ou dos jantares, externar em palavras o hiato absurdo da ausência.

Pulei o evento e passei para o outro lado, imaginando o despertar para a irrealidade dos sonhos interrompidos, dos projetos infindos. Sou parte disso, o que facilita a projeção. E, sim, acredito em passagem, em “firmar” na inconsciência para facilitar a consciência.

Não consigo ir além da estupefação e da revolta, então tentei mentalizar saídas, opções e a muito breve reencarnação para poder continuar de onde parou (dizem que a gente não esquece o que aprende e sempre anda pra frente). Com a mesma fome de justiça, a voz rouca punk rock. Talvez um tiquinho menos explosivo, que é para segurar o coração, mas sempre jogando de maneira franca e aberta. Como foi o convite para fazer a coluna batizada por ele de “Crônicas do Sem Fim...”, na revista Ruído Manifesto.

Mal entrei e ele partiu. Me deixou muda exatamente depois de combinarmos fazer muito barulho. O soco no estômago ainda dói como se fosse verdadeiro.

A falta do fio com a revista se mantém porque não há linha forte o bastante para resistir ao cerol da fatalidade que mandou para o céu a big pipa inquieta e curiosa que vadiava (no bom sentido) em busca de horizontes mais altos e visíveis para novos escritores, poetas, artistas. De Mato Grosso para o mundo. A pipa se foi, mas o fio ficou...   

E os dias se passaram, com aquele vácuo barulhento incomodando, impedindo qualquer forma de expressão, qualquer tentativa de reação.

Foi assim até o dia que o mar, devagarzinho, pariu no horizonte a lua cheia de agosto. Redonda que nem bolacha (lembrou alguém?). Fazendo suas gargalhadas se refletirem nas marolas animadas de uma pós ressaca daquelas!

Fiquei em paz com minha revolta, guardada para as muitas ocasiões que, meu amigo sabia e sobre isso conversamos, precisaríamos muito dela.

Ao fio, que une a todos nós do Ruído Manifesto (olha eu bancando aquele...) anuncio que estou aqui, pronta para “voar” na gritaria.

Re-começo com “Não Conto” para, como ele que partiu até ali, (res) suscitar na poesia, na prosa e, no meu caso, nas imagens. Elas, as que  fazem de nós ruidosos manifestos impermanentes da inquietação e, quem sabe, da esperança.

*Pro Rodivaldo.

**Valéria del Cueto é jornalista, fotógrafa e gestora de carnaval. Da série “Arpoador” do SEM FIM... delcueto.wordpress.com


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quinta-feira, 28 de novembro de 2019

Na Mangueira a conquista da Libertadores pelo Flamengo

Na Mangueira a conquista da Libertadores pelo Flamengo

Mangueira comemora a vitória do Flamengo sobre o River Plate no ensaio de sábado, dia 23 de novembro de 2019. Com o resultado o Mengão se sagrou campeão da Libertadores de 2019.

O Palácio do Samba e a festa rubro-negra. A roda puxada pelos segmentos tradicionais da verde e rosa, as apresentações dos passistas e do segundo casal de mestre-sala e porta-bandeira, Renan Oliveira e Débora de Almeida, tudo como sempre num sábado na quadra da Mangueira. A diferença foi a alegria dos flamenguistas que comemoravam o título de campeão da Libertadores.

Clique AQUI para acessar o álbum fotográfico Mangueira comemora a vitória do Flamengo, campeão da Libertadores


A alegria geral deixou mais leve o astral da bateria. Mestre Wesley, descontraído, se divertiu no repique. Squel Jorgea e Renan Oliveira também passaram pelo palanque.

Não poderia deixar de faltar o hino do Flamengo, puxado pelos cantores e os ritmistas da Bateria da Mangueira.

Tem mais sobre a vitória do Flamengo na crônica “É tengo, é dengo. É Mengo duplamente campeão“.

O grupo Gres Estação Primeira de Mangueira, no FLICKR é o acesso para a coleção de registros da verde e rosa da fotógrafa. Curta nossa página no Facebook e faça sua inscrição no Canal del Cueto no Youtube. Desde 2008 registrando momentos do carnaval carioca.
#quemsambasabe

Ensaio fotográfico  e vídedos de (C)2019 Valéria del Cueto, all rights reserved
@no_rumo do Sem Fim… delcueto.wordpress.com
@delcueto para CarnevaleRio.com
YouTube: https://www.youtube.com/watch?v=videoseries?list=PL790109EA6F961E17]
Quer ver o que tem por lá? Dá play.

Aqui tem mais pra você:

Já seguiu “No rumo do Sem Fim”?
Experimenta! Você encontrará o conteúdo produzido por Valéria del Cueto e também links para objetos e desejos produzidos no Studio@delcueto!
Ideias e design disponíveis nas plataformas:
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quarta-feira, 27 de novembro de 2019

É tengo, é dengo. É o Mengo duplamente campeão.

Gabigolzinho, objeto de desejo dos rubro-negros, aguardem a onda dos cabelos descoloridos no verão…

É tengo, é dengo. É o Mengo duplamente campeão.

Texto foto e vídeo de Valéria del Cueto
Pulsar carioca
O vento batia forte na orla carioca na manhã de sábado, dia da decisão da Libertadores da América. Parecia fazer força para levar nossas vibrações para Lima, no Peru, onde o Flamengo enfrentou o River Plate. Se a força da mentalização existe, sem dúvida, ela ajudou a levar o time à final do campeonato.
Pelas ruas da cidade as cores do time passeavam democraticamente entre os mais abastados do asfalto, moradores dos morros do Pavão, Pavãozinho, Cantagalo e quantas outras comunidades estivessem representadas nas areias da praia, frequentada por todos.
Nas esquinas, os botequins eram pontos de onde escoavam gritos de incentivo ao Flamengo. Parecia que o tempo não passava, tal era a expectativa no Rio de Janeiro. A vida carioca estava paralisada. E Deus e todo mundo comemorando.
Em Lima
No início do jogo a pressão dos times traz o silêncio depois da animação inicial. Aos 14 minutos o gol do River Plate nos pés de Borré. E lá fomos nós, torcedores, mergulhando na saga dos jogadores em campo. No intervalo a certeza do realinhamento do esquema do Flamengo, afinal essa é uma característica de Jesus, o treinador português que chegou e “catequizou” a nação rubro-negra.
O tempo foi passando e nada acontecia. Até que Gabigol, nos minutos finais, fez o primeiro empatando, meteu o segundo virando o jogo (sob o olhar estarrecido da torcida do River) e deu o campeonato ao time carioca, literalmente sacudindo a galera.
Às cenas inesquecíveis da vitória, se junta a patética performance do governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, que foi solenemente ignorado ao se ajoelhar aos pés do herói da partida.
O amor dessa bandeira não cabe no sorriso do torcedor campeão!

No Rio

As comemorações se estenderam pelas ruas da cidade, e os gritos dos torcedores ecoavam a cada gol do Flamengo. A audiência do jogo superou as finais de Copa do Mundo transmitidas pela Globo.
Pelas redes sociais explodiram as comemorações da torcida e dos “especialistas”. Como explicar o imponderável e a disposição do time de chegar a vitória?
A rainha de bateria Evelyn Bastos cercada por seus amores: Mangueira e Flamengo

Festa na favela

Enquanto a equipe voava para o Rio de Janeiro na quadra da Mangueira os ritmistas da bateria chegavam para o ensaio de sábado. Vazio, a princípio, o espaço começou a encher pela meia noite. E a festa tomou conta do Palácio do Samba.
Era grande a quantidade de camisas do time campeão. Miniaturas de Gabigol passeavam entre os instrumentos. Mestre Wesley solava no repique. A ordem era ser feliz.
O clima era de desconcentração e alegria sob a imensa bandeira que passeia pela quadra cobrindo os visitantes na apresentação do intérprete oficial da verde e rosa, Marquinhos Art´Samba. O entusiasmo e a animação atingiram o auge tanto nas apresentações do samba enredo de 2020, quanto nos momentos em que o hino do Flamengo foi puxado pelos cantores da escola.

A Nação encontra os campeões

Na manhã de domingo a massa rubro-negra lotou a Avenida Presidente Vargas para recepcionar os heróis da conquista. Jovens, idosos e crianças marcaram presença no Centro do Rio para saudar os campeões.
Mais uma vez Witzel esteve presente. A festa da favela sendo comemorada pelo governador que incentiva a violência da PM contra as comunidades. No final do trajeto houve muita confusão, com a polícia jogando gás lacrimogênio nos flamenguistas e depredação do mobiliário urbano.

Dupla conquista

Para quem pensava que apesar do papelão da PM, o dia estava ganho, mais uma alegria. Com o resultado do jogo entre o Grêmio e o Palmeiras, de 2 X 1 para o time gaúcho, ainda havia muito a comemorar.
O Flamengo tornou-se campeão Brasileiro por antecipação. Quatro rodadas antes do final do campeonato!
Agora, é se preparar para a final do Mundial Interclubes em Dubai. O céu não é o limite para Jesus e os jogadores do Mengão!
Gratidão de filha para pai. Orgulho de pai para filha,  sangue rubro-negro tem poder!
*Valéria del Cueto é jornalista, fotógrafa e gestora de
carnaval. Da série “Arpoador”,
do SEM   FIM…  delcueto.wordpress.com


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domingo, 7 de maio de 2017

Flamengo, Campeão Carioca de 2017

Mangueira e Flamengo, dois ícones cariocas num cenário de cartão postal da Cidade Maravilhosa para comemorar o título rubro-negro de Campeão Carioca de 2017
Copacabana, no meio da semana entre o dois jogos, Fla XFlu, da final do Campeonato Carioca de 2017.

Em pleno outono o sol cai rápido por trás dos prédios na orla o que destaca ainda mais a paisagem do Leme, os morros do Leme e o Pão de Açúcar,  Niterói ao fundo depois da entrada da baía de Guanabara, no Rio de Janeiro. 

O registro de Valéria del Cueto foi feito na Avenida Atlântica, no posto 6, lado oposto da praia de Copacabana.

Conheça outros trabalhos fotográficos na coleção Sem Fim... de Valéria del Cueto no Getty Images

Explore o  Studio @delcueto e acesse os produtos inspirados e gerados a partir das fotos produzidas.
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segunda-feira, 16 de maio de 2011

Mangueira 2012 - Feijoada de maio 2011 - Baianas




A feijoada está para as baianas como as batucadas para o samba.

São elas, as baianas, que ao som dele, o samba, recepcionam os convidados e circulam organizando o salão.

Suas histórias têm dois pontos em comum: o amor pela escola que as re-une e o prazer, expresso em cada sorriso e gesto de gentileza, de senti-lo.

Mais ainda ao comemorar o título do time de coração campeão carioca, o Flamengo.

A feijoada do mês foi dia 14 de maio. Nela foi comemorada a decisão a favor da união estável de homossexuais, com o lançamento de uma camiseta especial, e anunciado o resultado do concurso de logos do enrredo 2012 "Sou Cacique, Sou Mangueira, vou festejar!".

A quadra recebeu a visita das taças conquistadas pelo Flamengo no Campeonato Carioca. Pelo palco do Palácio do Samba também passou a cantora Gaúcha da Portela, colega da turma de Gestão Carnavalesca, na Universidade Estácio de Sá e os representantes da Tim distribuíram chips, sortearam celutar e uma motocicleta entre os presentes.

Seguem os links para os demais álbuns da festa
Mangueira 2012 -
Feijoada de maio 2011
Baianas
Social
Palco
MaGAYra

Fotos de Valéria del Cueto

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Ronaldinho Gaúcho na Sapucaí. Pensa que é fácil fotografar o cara?




No segundo ensaio técnico da Grande Rio para o carnaval 2011, o craque Ronaldinho Gaúcho do Flamengo atravessa uma parte da pista, levando as arquibancadas ao delírio e dando um trabalhão para quem tentou fotografar o jogador.
Veja as fotos no http://delcueto.multiply.com/photos/a...
Imagens de Valéria del Cueto, para o SEM FIM...

Ronaldinho Gaúcho bem na foto!




Olhei aquele tumulto. Segui filmando o movimento. Aí veio a dica: "Vai lá pra frente que ele vai parar". Pois não é que Ronaldinho ficou bem na foto? No final da sessão, ainda se despediu.
A Sapucaí tem dessas coisas....
Fotos de Valéria del Cueto para o SEM FIM...

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

O SEM FIM não termina, mas tem começo, sim.




Descansar, sonho infantil.
Avanço, tomo pé da minha praia
Céu e(é) onda.
Boca Seca,
Mengo no Chapéu.
Pedra, caminho.
Aponta o ponto.
Sem Fim dentro de mim.

Vagabinha dadaista e fotos do Leme de Valéria del Cueto (menos a do menino, feita numa loja de telefonia celular. Segundos depois, o garoto foi convidado a se retirar).

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

A dança do manto na vitória rubronegra




No dia do 06 de dezembro, o dia do HEXA do Flamengo, na Marques de Sapucaí, Rio de Janeiro, acontecia a abertura dos ensaios técnicos do carnaval carioca de 2010. A Cubango abriu os trabalhos. Depois, a pista foi da Estação Primeira de Mangueira e aí... MENGO!
No final do desfile, a pista foi tomada. No meio da festa, lá vinha ela. Tremulando, dançando, comemorando. Feliz de quem estava lá. Aqui, o registro da alegria de uma nação, no embalo da dança do seu manto.
Imagens, produção e edição Valéria del Cueto. Produzido pela del Cueto - assessoria e produção.
http://delcueto.multiply.com
* Agradecimentos à Liesa e a Riotur.
*este vídeo marca os 50.000 acessos do canal delcueto no youtube . Obrigado a todos os que prestigiam nosso trabalho.

domingo, 13 de dezembro de 2009

Vida, vento traga-me para esta lembrança!














Vida, vento traga-me para esta lembrança!


A vida é um caos no Santos Dumont, aeroporto do Rio de Janeiro, e um inferno, me disseram, em Congonhas, similar paulistano onde passarei em breve. Mas e daí?

Nada abalará minha sensação de ter sido testemunha e personagem de um final de semana inesquecível. Não apenas por causa do hexa campeonato, conquistado pelo Mengão, mas pelas comemorações –inúmeras – dos 70 anos de minha mãe e poder estar presente no primeiro ensaio técnico das escolas de samba, promovido pela LIESA, na Sapucaí, do carnaval carioca 2010.

Esta é a vida que eu pedi a Deus: futebol, samba, e felicidade familiar (não exatamente nessa ordem, claro).

As coisas já vinham num bom caminho quando, ainda eufórica com o título conquistado, avisei a meus queridos companheiros de torcida que ia sair a francesa, rumo ao sambódromo. “Tem certeza, não é muita muvuca?”, perguntou Bifão, achando melhor que as comemorações da vitória do Flamengo X Grêmio ficassem mais restritas. Nem titubeei, apesar de já estar vindo do batidão da festa da véspera, na casa da mãe.

A temporada de ensaios técnicos foi aberta pela Cubango que trará para a avenida a história de um antigo hospício carioca. Sintomaticamente este prédio, na Urca, virou a Escola de Comunicação da UFRJ, onde estudei por mais de três anos.

O carnavalesco Milton Cunha, meu professor no curso de Gestão de Carnaval, na Estácio de Sá, deu o tom do que virá. O próprio Milton, com uma longuíssima peruca loira e vestindo uma mini saia vermelha se acabava no alto de um carro pouco atrás da bateria de Niterói. Personificava a loura de mini saia proibida de circular no campus de uma universicade. Que loucura!

Nesta altura, eu já havia definido que além das imagens que faço nos ensaios que participo, havia um outro tema a ser explorado: as diversas interpretações do hexa rubronegro que apareceriam na avenida. Era fácil distinguir os torcedores flamenguistas. Além das manifestações previsíveis, havia o fator sorriso. É, eles não cabiam no rosto dos felizardos campeões: fugiam das bocas e invadiam os olhares que brilhavam de alegria, eram expressões de amor à paixão coletiva que nos embala.

Quando a Mangueira, segunda e última escola a ensaiar, chegou no Setor 1, seu presidente, Ivo Meirelles, com uma camisa do time, a faixa do hexa e uma bandeira que misturava o rubro negro do Flamengo ao verde e rosa mangueirense, avisou: “ A Mangueira não é uma escola coitadinha. Vamos mostrar o que somos capazes de fazer na Sapucaí. E vamos começar agora.” Foi emocionante.

Tão lindo quanto quando, no final do desfile, chegando na dispersão, a massa flamenguista tomou conta da avenida, ao som da bateria mangueirense que tocava o hino do Mengão.

Registrei o balé dos mantos sagrados, as gigantescas bandeiras rubronegras tremulando com a apoteose de Niemeyer ao fundo e, confesso, chorei de emoção.

Sei que sempre que lembrar do ano de 2009 nos (muitos) anos de vida que ainda me restam, esta imagem (que espero poder mostrar para todos em breve), encherá meus olhos de lágrimas, quando eu disser, com um sorriso nos lábios: “Meninos, eu, vi. Eu estava lá...”


segunda-feira, 4 de maio de 2009

O ópio do povo


O ópio do povo 

Texto e foto de Valéria del Cueto
Uma e meia, em plena segunda feira e estou na praia. É, é isso mesmo. Pode pensar o que quiser. É verdade. Seus pensamentos são parcialmente verdadeiros. Por que não é vagabundagem, é necessidade eminente.

Corri pro refúgio mais seguro que conheço. O local que testemunha minhas dores e alegrias. Aqui, sou eu e ele, seja lá quem for. Faça sol ou faça chuva.

Hoje o mar ruge por mim. Tá poderoso, mexido. Na medida número de surfistas na água, o percentual resultante é de um dígito a direita da vírgula. Um ser solitário se arrisca entre as valas, a correnteza puxa.

As metáforas dizem tudo. São elas também que mostram o caminho a seguir: o tempo. Ele é um sinal de maturidade. Pelo menos no meu caso. De tanto correr com ele, aprendi a deixá-lo correr. Foi na porrada, mas um dia a ficha caiu. Aí a gente vai ficando mais velho esperando, em vez de empurrar.

Mas não foi isso que me trouxe pra cá. Aliás, a causa nesse caso é o de menos. Importa é a conseqüência. Ou melhor, a sequência. E essa, me é totalmente favorável.

Portanto, matogrossenses amigos, cuiabanos queridos, eleitores uruguaianenses , povo do meu Brasil do Sem Fim. Acompanhem-me nos próximos takes dessa cena, cujo início da sequência vocês já registraram no filme da minha vida que inclui todos vocês, leitores fiéis.

SEQ XX - Praia do Leme – exterior/dia -
Take 01 – Ela olha para frente e vê Copacabana estendida a luz do início de tarde. O céu está estupidamente azul, bandeiras tremulam agitadas nas poucas barracas espalhadas na areia.

Take 02 - PV da mulher – Seu olhar passeia vagarosamente pela dupla ao longe que joga frescobol, o homem que exercita o cachorro, o rapaz solitário que olha o mar. Acompanha o casal que caminha na beira da água e o helicóptero vermelho dos bombeiros que fiscaliza a orla ressaqueada.

Take 03 - Seu corpo vai girando em direção a pedra do Leme, seu olhar se fixa na passagem do vendedor de chapelão que grita “Olha o mate, mate limão” e se distrai, seguindo o vôo de uma pomba até o colorido da bolsa de praia chama atenção.

Take 04 - Ela sorri. Larga a caneta e o diário de bordo onde escreve, em cima da canga do Biscoito Globo - de sal. Desarma-se pra vida.

Take 05 - Tira da bolsa o objeto que chamou sua atenção. É um jornal, o caderno de esportes. Na capa, vermelha e preta, em letras brancas garrafais, a manchete: cinco vezes tri. Acima de tudo rubronegro. 31 X campeão. E mergulha...

PS: Danem-se os problemas, adiem a crise. A minha e a de todos os que ontem, lavaram a alma. Aqui, agora, tudo é passageiro, menos a alegria de ser... rubronegra.

Depois a gente pensa no resto!

Valéria del Cueto, para série Ponta do Leme, do SEM FIM...

O ópio do povo




O ópio do povo


Texto e foto de Valéria del Cueto 

Uma e meia, em plena segunda feira e estou na praia. É, é isso mesmo. Pode pensar o que quiser. É verdade. Seus pensamentos são parcialmente verdadeiros. Por que não é vagabundagem, é necessidade eminente.

Corri pro refúgio mais seguro que conheço. O local que testemunha minhas dores e alegrias. Aqui, sou eu e ele, seja lá quem for. Faça sol ou faça chuva.

Hoje o mar ruge por mim. Tá poderoso, mexido. Na medida número de surfistas na água, o percentual resultante é de um dígito a direita da vírgula. Um ser solitário se arrisca entre as valas, a correnteza puxa.

As metáforas dizem tudo. São elas também que mostram o caminho a seguir: o tempo. Ele é um sinal de maturidade. Pelo menos no meu caso. De tanto correr com ele, aprendi a deixá-lo correr. Foi na porrada, mas um dia a ficha caiu. Aí a gente vai ficando mais velho esperando, em vez de empurrar.

Mas não foi isso que me trouxe pra cá. Aliás, a causa nesse caso é o de menos. Importa é a conseqüência. Ou melhor, a sequência. E essa, me é totalmente favorável.

Portando, matogrossenses amigos, cuiabanos queridos, eleitores uruguaianenses , povo do meu Brasil do Sem Fim. Acompanhem-me nos próximos takes dessa cena, cujo início da sequencia vocês já registraram no filme da minha vida que inclui todos vocês, leitores fiéis.

SEQ XXX - Praia do Leme – exterior/dia -

Take 01 – Ela olha para frente e vê Copacabana estendida a luz do início de tarde. O céu está estupidamente azul, bandeiras tremulam agitadas nas poucas barracas espalhadas na areia.

Take  02 - PV da mulher – Seu olhar passeia vagarosamente pela dupla ao longe que joga frescobol, o homem que exercita o cachorro, o rapaz solitário que olha o mar. Acompanha o casal que caminha na beira da água e o helicóptero vermelho dos bombeiros que fiscaliza a orla ressaqueada.

Take 03 - Seu corpo vai girando em direção a pedra do Leme, seu olhar se fixa na passagem do vendedor de chapelão que grita “Olha o mate, mate limão” e se distrai, seguindo o vôo de uma pomba até o colorido da bolsa de praia chama atenção.  

Take 04 - Ela sorri. Larga a caneta e o diário de bordo onde escreve, em cima da canga do Biscoito Globo -  de sal. Desarma-se pra vida.

Take 05 - Tira da bolsa o objeto que chamou sua atenção. É um jornal, o caderno de esportes. Na capa, vermelha e preta, em letras brancas garrafais, a manchete: cinco vezes tri. Acima de tudo rubronegro. 31 X campeão. E mergulha...

PS: Danem-se os problemas, adiem a crise. A minha e a de todos os que ontem, lavaram a alma. Aqui, agora, tudo é passageiro, menos a alegria de ser... rubronegra.

Depois a gente pensa no resto!

        Valéria del Cueto, para série Ponta do Leme, do SEM FIM...

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Que torcida e essa?



QUE TORCIDA É ESSA?


Texto e foto de Valeria del Cueto
A esquerda do meu vídeo o Flamengo do lado oposto da tela o Botafogo.
Final da Taça Guanabara, Maracanã, onde o Rio é mais carioca nestes tempos de violência, impunidade e luta pela sobrevivência diária que nos devora no ano está começando. Ver esta massa apaixonada, este estádio lotado cantando é como uma ressurreição.
Todo mundo sabe que sou rubro-negra. O negro faz parte da minha condição humana. Meu pai sempre me chamou de Criola. Eu adoro o apelido que também tem sobre nome: Pé de Pato. A Criola Pé de Pato, esta que vos escreve, foi nadadora do Flamengo. Infantil e júnior. Meu Deus! Cada vez que vestia aquele uniforme, o abrigo do Flamengo, me sentia completamente orgulhosa da minha condição de atleta. Era mais que torcedora parte do Mengão, uma partícula da paixão que sempre me dominou.
Um dia, tive que mudar de clube. Era isso ou largar o esporte, o que ainda não estava na hora. Quando cheguei a nova piscina, avisei aos outros atletas que nadaria pelo clube e por ele daria o meu sangue, mas que ele era rubro-negro. A equipe me acolheu e por mais duas temporadas competi ganhando um punhado de pontos, inclusive nas costas das nadadoras do Fla.
Foi uma época maravilhosa. Tenho amigos que reencontro com o maior prazer nos entroncamentos da vida. No Pan, soube pelos jornais que o pai do melhor jogador de pólo aquático da equipe americana era um ex-jogador brasileiro. Treinávamos juntos nas águas mais geladas do Rio de Janeiro. A natação e o pólo aquático dividiam as raias no treino da noite, das 18 às 21 horas, na piscina suspensa da enseada de Botafogo. A do alvinegro que hoje enfrenta o meu Mengão.
Estou em casa sozinha mantendo a escrita como costumamos fazer. Se até agora ver o jogo roendo as unhas, vestida com a minha velha camisa rubro-negra, largada no sofá da sala, ouvindo os gritos dos torcedores no botequim do outro lado da rua deu certo, quem sou eu para mudar o esquema?
Pode me chamar para qualquer programa futebolístico que a resposta é não. Daqui não saio, pelo menos neste turno.
Não sou a única fanática que acredita que não se deve mexer em torcida que está ganhando, pelo menos durante um campeonato. Um amigo expulsou a mulher do dono da casa, que estava viajando quando começou a mandinga do turno, por que a presença dela poderia quebrar a escrita. O prejuízo ficou com o marido que teve que liberar o cartão (que não era corporativo) para umas comprinhas da madame no shopping durante o tempo da partida.
Não precisava tanto me confessou a mulher, feliz e cheia de pacotes, dizendo que prefere aceitar a expulsão sem catimbar a aturar o mau humor da cara metade, responsabilizando-a por ter mudado a configuração astral necessarissima para levar o time à vitória e ao título disputado.
Graças a Deus! Tudo ficou exatamente igual e, de acordo com o almejado, o Mengo levou a Taça Guanabara.  E olha que o Botafogo abriu o placar com Wellington Paulista e ficou na frente até os 18 do segundo tempo, quando Ferreiro fez pênalti e Ibson marcou, apesar da emprenhação do goleiro Castilho. O mesmo que protagonizou, junto com Souza, o  lance que acabou expulsando o jogador  do Flamengo e  Zé Carlos, do Fogão. Mas não ficou só nisso. A expulsão de Lúcio Flavio complicou ainda mais a vida do alvinegro que resistiu com um homem a menos até que na prorrogação Tardelli fechou o placar. Claro que eles não se entregaram e, no último lance do jogo ainda houve um chute na trave do goleiro Bruno.
2X1 pro Flamengo, num partidão cheio de emoções. E que venha o próximo turno do campeonato Carioca, onde já garantimos nossa vaga na final! Talvez no primeiro jogo eu arrisque uma mudança de localização e passe a assistir o segundo turno com algumas companhias. Se não der certo, ainda posso voltar pro sofá sem prejudicar muito a arrancada flamenguista rumo a conquista do Campeonato Carioca. 
 Valéria del Cueto é jornalista e cineasta
liberado para reprodução com o devido crédito

Este artigo faz parte da série Ponta do Leme