Tal e qual ou...
Recomendações para se dar bem em Cuiabá
Ensinamentos para não perder a paciência e enfrentar numa boa os contratempos, o arrastar das horas e o calor cuiabanos
Valéria del Cueto
Especial para o Diário de Cuiabá
Paciência, muita paciência, na tentativa de sintonizar o tuc, tuc inquieto do meu coração à calma calorenta de Cuiabá. Não adianta tentar acelerar o ritmo do pulsar da cidade no seu tempo espaçado e infinito.
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É assim há quase 300 anos e, neste período, os que insistem em acelerar o compasso acabam sucumbindo ao estresse inerente ao atravessamento sem cadência, ditado pela pressa inaceitável aos padrões locais.
Se forem espertos, adaptam-se. Reduzem as batidas incontidas e se adequam a regra básica de felicidade e satisfação em solo cuiabano: tudo ao seu tempo, tudo na hora determinada pelo momento em questão.
Tudo demais: calor demais, chuva abundante, secura asfixiante.
A vida que te leva e remar contra a corrente apenas demonstra desconhecimento de causa, ausência do mais rasteiro sentimento de sobrevivência, indispensável para os que almejam algo mais, além da eficiência pregada pelos que contam seu sucesso através do número de agendamentos prévios para a próxima semana, mês e/ou ano.
Espera de vôo
Se chover, o tempo mudar, aproveite para dormir. Se o calor estiver muito forte, prefira a fresca, almeje uma sombra e agradeça aos céus a brisa sonhada, mas inexistente.
Qualquer esforço contra a maré irrita, atiça, prejudica e deixa a gente muito infeliz.
A regra é primordial e filosófica: quem não a segue acaba detestando Cuiabá, achando seu povo preguiçoso e, claro, tendo uma insolaçãozinha renitente.
Os sintomas são clássicos: dor de cabeça, corpo mole e melado. Suar em bicas faz parte do quadro mas, em última análise, serve para expelir um pouco da cerveja consumida em altas dosagens para iludir o calor.
Bom, aí pode haver um choque térmico, ainda mais se o vivente for vítima do tradicional entra e sai dos ares condicionados possantes e poderosos que pululam aqui, ali e acolá.
Cartório
Parece miragem, filme mal editado com vários tons de fotografia e ruídos incompreensíveis, mas não é. É fila de banco, espera de vôo, vez sendo aguardada em cartório.
Toda paciência é pouca. Esquece a urgência, relaxa e, como diz Serginho Meriti, deixa a vida te levar, no estilo cuiabano.
Use seu tempo de espera para escrever algumas linhas (no meu caso) pensar na vida, fazer croche ou então, o que mais tenho visto nos meus momentos de espera, falar no celular.
Aqui, todos o fazem em qualquer hora e lugar. Sem distinção. Já aconteceu de, repentinamente, ver-me sozinha numa mesa de quatro pessoas. É isso mesmo... Num determinado momento, meus companheiros pagavam seu tributo ao Grande Irmão, aquele de 1984, o romance de George Orwell, dando conta de sua localização e mais algumas explicações pelos seus celulares.
E, já que desaparecer não é mais uma hipótese viável, nem para um banhozinho de rio no caminho pra Chapada, respire fundo e encare, olho no olho, a burocracia onipresente.
O conselho é: ocupe seu tempo, não force a barra e nunca, nunca mesmo, se estresse ou se irrite. Não vale a pena, nem resolve nada. Apenas fecha seus canais energéticos e impede o lado positivo (as possíveis coincidências), barrando as energias que farão que entre o nada e o lugar nenhum você encontre amigos, reveja gente querida, enfim, deixe Cuiabá chegar até você.
Este lugar é assim: faz por que gosta, quando e se tiver vontade....
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É assim há quase 300 anos e, neste período, os que insistem em acelerar o compasso acabam sucumbindo ao estresse inerente ao atravessamento sem cadência, ditado pela pressa inaceitável aos padrões locais.
Se forem espertos, adaptam-se. Reduzem as batidas incontidas e se adequam a regra básica de felicidade e satisfação em solo cuiabano: tudo ao seu tempo, tudo na hora determinada pelo momento em questão.
Tudo demais: calor demais, chuva abundante, secura asfixiante.
A vida que te leva e remar contra a corrente apenas demonstra desconhecimento de causa, ausência do mais rasteiro sentimento de sobrevivência, indispensável para os que almejam algo mais, além da eficiência pregada pelos que contam seu sucesso através do número de agendamentos prévios para a próxima semana, mês e/ou ano.
Espera de vôo
Se chover, o tempo mudar, aproveite para dormir. Se o calor estiver muito forte, prefira a fresca, almeje uma sombra e agradeça aos céus a brisa sonhada, mas inexistente.
Qualquer esforço contra a maré irrita, atiça, prejudica e deixa a gente muito infeliz.
A regra é primordial e filosófica: quem não a segue acaba detestando Cuiabá, achando seu povo preguiçoso e, claro, tendo uma insolaçãozinha renitente.
Os sintomas são clássicos: dor de cabeça, corpo mole e melado. Suar em bicas faz parte do quadro mas, em última análise, serve para expelir um pouco da cerveja consumida em altas dosagens para iludir o calor.
Bom, aí pode haver um choque térmico, ainda mais se o vivente for vítima do tradicional entra e sai dos ares condicionados possantes e poderosos que pululam aqui, ali e acolá.
Cartório
Parece miragem, filme mal editado com vários tons de fotografia e ruídos incompreensíveis, mas não é. É fila de banco, espera de vôo, vez sendo aguardada em cartório.
Toda paciência é pouca. Esquece a urgência, relaxa e, como diz Serginho Meriti, deixa a vida te levar, no estilo cuiabano.
Use seu tempo de espera para escrever algumas linhas (no meu caso) pensar na vida, fazer croche ou então, o que mais tenho visto nos meus momentos de espera, falar no celular.
Aqui, todos o fazem em qualquer hora e lugar. Sem distinção. Já aconteceu de, repentinamente, ver-me sozinha numa mesa de quatro pessoas. É isso mesmo... Num determinado momento, meus companheiros pagavam seu tributo ao Grande Irmão, aquele de 1984, o romance de George Orwell, dando conta de sua localização e mais algumas explicações pelos seus celulares.
E, já que desaparecer não é mais uma hipótese viável, nem para um banhozinho de rio no caminho pra Chapada, respire fundo e encare, olho no olho, a burocracia onipresente.
O conselho é: ocupe seu tempo, não force a barra e nunca, nunca mesmo, se estresse ou se irrite. Não vale a pena, nem resolve nada. Apenas fecha seus canais energéticos e impede o lado positivo (as possíveis coincidências), barrando as energias que farão que entre o nada e o lugar nenhum você encontre amigos, reveja gente querida, enfim, deixe Cuiabá chegar até você.
Este lugar é assim: faz por que gosta, quando e se tiver vontade....
*Valéria del Cueto é jornalista, cineasta e gestora de carnaval
Este artigo faz parte da série Parador Cuyabano
Este artigo faz parte da série Parador Cuyabano
3 comentários:
Muitos dos conselhos servem bem pra São Paulo também.
Ha hã... rsrsrsrs
Gente boa essa de Cuiabá. Talvez o resto do mundo louco em que vivemos, tenha muito a aprender com essa gente.
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