domingo, 26 de dezembro de 2010

Ces’t ça!










Ces’t  ça!

Texto e foto de Valéria del Cueto

Por que é fim de ano devemos pensar no próximo. Por que era primavera, o verão chegou.

Chove muito em uns lugares. Em outros, o calor é insuportável para quem não está acostumado a ele e comparável para os que, cuiabanos ou uruguaianenses, sabem do que estou falando.

Pode chover no final da tarde. O que alivia, mas não resolve o x do problema.

 O fato é que o clima é o assunto recorrente e permanente de qualquer conversa polida e civilizada corriqueira e cotidiana.

Não o mega clima, que indica as mudanças planetárias e representa resmungos roncos e arrotos de uma mãe natureza empanzinada de lixo e detrito, desidratada pelo mau uso de sua energia vital  e pelo corte mal feito e descuidado de sua vasta cabeleira de mananciais e extensões.

Não, falo do clima nosso de cada umbigo e da necessidade de comentá-lo a cada conversa, como se fosse uma questão de educação. Comparável a desejar bom dia, dizer um polido muito obrigado ou um sempre bem vindo por favor.

- Hoje o calor está insuportável!

O que dizer? Concordar e acrescentar uma observação pertinente do tipo...

- É o pior dia da semana!

Ignorar, passando a mão na testa onde o suor escorre teimoso e/ou se abanar discordado?

- Não estou achando não, tem uma leve brisa soprando. - Afinal, cada um vê no deserto a miragem eu merece.

O que não pode é fugir do assunto, sob pena de ser chamada de insensível, considerada uma estranha no ninho do aquecimento local. Não que sua opinião vá mudar alguma coisa, ou influenciar a canícula estabelecida. Vai nada!

Pois eu acho que só piora. Quanto maior a força calórica do pensamento coletivo, mais quente fica. É como jogar mais lenha na fogueira da chama eterna.

Considerando essa hipótese filosófica é que sugiro que façamos uma nota no pé da página dos próximos dias com os seguintes dizeres: “Onde se lê calor, leia-se amor”.

De maneira que a massa energética calórica sugestiva se traduza em ondas amorosas natalinas mais poderosas e verdadeiras que o simples, inócuo e calorento comentário climático de praxe e de direito.

E mais não tenho a dizer. A não ser desejar que o calor da hora se canalize numa maré de amor e, consequentemente, de confiança no ano que começa, na vida que renasce, na esperança que ainda brota em nossos corações a cada celebração do nascimento de Jesus.

Feliz Natal e muito amor  para você.

 * Valéria del Cueto é jornalista, cineasta e gestora de carnaval. Este artigo faz parte da série Ponta do Leme, do SEM FIM http://delcueto.multiply.com  


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