Da janela do ônibus no caminho entre Porto Alegre e Uruguaiana vi, depois de muitos anos de ausência, o por do sol nos pampas. É uma visão de muitos significados e lembranças.
Enquanto tirava as fotos, filosofava sobre o paradoxo de estar imóvel dentro do ônibus, ao mesmo tempo em que me movia de forma tão rápida que não podia ver e fotografar. Tinha que fotografar o que via. Por que se olhasse primeiro para fotografar depois, já não poderia mais registrar o que havia visto.
Viajar horas num ônibus leva a gente a ter tempo para pensar. A luz especial do final do dia inspira o exercício mental e o pensamento foi para outra questão que fazia toda a diferença naquele instante. Sentia fome.
Nem que fosse da minha comida que não é lá essas coisas, mas tem seus bons momentos. A conclusão foi consequência. "O pouco que cozinho, é com o por do sol. Nunca haverá outro igual..."
Ainda restavam algumas horas de viagem, em que tive de me alimentar de por do sol gaúcho. Comida mesmo só veria em Uruguaiana na hora do jantar. Não, mais longe ainda, só na Argentina. Nesta noite fui jantar com os jornalistas Fred Marcovici e Rubens Montardo, em Passo de Los Libres. Era o início do meu reencontro com o Pampa e seu povo...
Texto e fotos de Valéria del Cueto
da série Fronteira Oeste do Sul para o SEM FIM...

4 comentários:
Precioso Valeria gracias
great, feeling the intensity through the violence of the glassed focus
and the trees start to move from their roots when the sunset ends
alimento por corpo, alimento prá alma... tudo no seu devido tempo...
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