segunda-feira, 13 de julho de 2009

Domingo, sem aqueles almoços...



Domingo, sem aqueles almoços...



Texto e foto(s) de Valéria del Cueto

Hoje é domingo, início da tarde. É claro que não estou na Ponta do Leme e, portanto, nada de almoço com minha vó, que é de lei.  Lamento Paulinho e amigos do Da Brambini, mas hoje passarei sem o ravióli de abóbora e outros clássicos do menu. Também estou longe da paleta de ovelha, da salada de cebola - ambas da safra do tio Newton- e da costela di-vi-na do Nilson, marido da Juca, minha prima, aí em Uruguaiana.

Domingo, onde me encontro, não tem sido meu ápice culinário semanal. Estou na Chapada dos Guimarães, a 60 quilometros de Cuiabá. Meu endereço é sintomático: Rua da Piscina, s/n (sem número, é isso mesmo!) E sem almoço.

Não que faltem delícias ao redor. Nada disso. Acontece que até Deus (ele mesmo) descansou no sétimo dia. E foi justo na sequência, no oitavo dia, que escolhi para descansar da farra pantagruélica (adoro essa palavra, apesar de estar mais pra anoréxica) que enfrentei no final de junho, no Rio de Janeiro. Literalmente caí de boca.

Em Cuiabá tem sido difícil resistir ao desfile de peixes pantaneiros que saltam para o meu prato a cada convite para almoçar de Aline Figueiredo, crítica de arte e “mãe” de Amada e Celito.  Imaginem cachorros com alimentação rica em Omega 3. Pois é, como meu homeopata recomendou o consumo do tal Omega, me junto a turma em nome do bem geral da minha frágil saúde...

Por essa e por outras estou aqui. Vestida a caráter (canga, biquíni e havaianas), deitada num banco tosco de madeira, ouvindo o som do vento fazendo cócegas nas folhas da mangueira e provocando mechas rebeldes dos meus cabelos a fazerem o mesmo na ponta do meu nariz.

Toca uma buzina. São a Rose, Ana e Melinda me chamando para uma costela assada, na rampa de bike em construção numa fazenda aqui perto. Diante do anteriormente exposto, recuso o convite. Já engordei o suficiente sentindo o gosto literário da costela uruguaianense citada a alguns parágrafos atrás.

Na verdade, a única coisa (inatingível) que me demoveria de minha decisão, seria se Dona Ena, minha avó, me tentasse com um Creme Brulle de sobremesa. Não pela iguaria, mas pelo apelo daquela a quem não nego nada e ainda tento encher de carinho, por que ela merece!

Resumindo: fico por aqui na sua companhia, fazendo de conta que não estou sentindo um pingo de fome nesse domingo...

PS: A foto que ilustra esse texto é uma humilde amostra das panelas que abrigam as delícias na casa da Aline. Resista, se for capaz.

Valéria del Cueto é jornalista, gestora de carnaval

Este artigo faz parte de uma série do SEM FIM http://delcueto.multiply.com e cabe a você, leitor escolher a qual delas: Ponta do Leme, Parador Cuyabano ou Fronteira oeste do Sul.

2 comentários:

Carlo Anton disse...

esta buena la comida valeria

Valeria del Cueto disse...

No solamente la comida, pero el ambiente. Muy hermoso, Carlos