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sexta-feira, 17 de fevereiro de 2006

A PEDRA E A PONTA OU A PONTA E NA PEDRA?





A PEDRA É A PONTA OU A PONTA É NA
PEDRA?


texto de Valéria del Cueto

fevereiro de
2006



Esta
é uma questão importantíssima para uma sexta feira. (Sexta? De novo? Pois é,
mais uma...) cheia de visitantes, até na minha área, habitualmente tão
calminha... O dia 1 da contagem regressiva. Amanhã tem Rolling Stones.






Daqui
vejo a estrutura do palco, no contra luz das 4
da tarde, e sinto os primeiros efeitos da horda que virá. Luzes se acendem e
começo a ouvir ao longe o som do palco, ainda sufocado pelo som das ondas. Deve
ser teste dos equipamentos..






NO
MAR


No
mar, um navio da marinha e um petroleiro. O petroleiro espera a maré encher
para entrar na baia de Guanabara. Do alto do Forte do Leme dá para ver como é
estreita a entrada da baia. Há um movimento incomum de barcos e lanchas no
horizonte. Não, não é só no mar. O movimento incomum é generalizado.








Este
é o penúltimo dia do horário de verão, o último final de semana antes do
carnaval, véspera do maior show da banda de rock número um do mundo. É pouco?
Para tornar a imagem perfeita, o sol é o senhor absoluto do céu, depois de dias
de chuvas, mormaço e tempo nublado.




Existem
sinais, digamos que comportamentais, para atestar o fato de que grande parte
dos participantes deste programa básico de verão não é local: O corredor puxa
muito na passada e está branco demais para ser habitué. Pra que acelerar, quem
corre sabe, tem que manter o ritmo. As pranchas de surfe são inadequadas e
desnecessárias, diante do mar minguado que se apresenta. Barracas uniformes de
hotéis da Atlântica abrigam visitantes que procuram proteção... Bom, vendedores
ambulantes é o que não falta. Estão fazendo aquecimento para o dia de amanhã.







NA
TERRA


Mas
esperem aí! Eles chegaram até nós. Invadiram nossa praia com uniformes azuis,
capacetes amarelos e estruturas de andaimes. No calçadão, junto ao quiosque, já
tem uma torre montada, devem ser postos de observação da polícia.




Ainda
há paz por aqui. O mesmo não posso dizer das imediações do Copacabana Palace. É
um frenesi. Fãs e fotógrafos com super teleobjetivas, todos de pescoços duros,
olhando e apontando seus canhões e esperanças para as janelas das suítes
reservadas para a banda inglesa. E os roqueiros não decepcionam. De vez em quando
dão um tchauzinho pra turma do gargarejo, arrancando gritos e justificando a
paciência dos fotógrafos.




Temos
trabalhadores de vários níveis e padrões no staff do show. Há, no mínimo, dois
comportamentos padrões entre os contratados: os que fazem sempre e, portanto,
consideram as tarefas apenas rotina e os que precisam mostrar que estão na
produção, afinal, qualquer função na montagem do circo é um ponto
ultra-positivo no currículo.








NO
AR


Poxa,
agora que o som estava se integrando a nossa paisagem.... parou. Foram apenas
duas músicas, não dá nem pra chamar de aperitivo, foi, assim como raspar o
fundo da panela. O prato principal fica para mais tarde. Antes, vamos
aproveitar o dia e observar o movimento.




Enquanto
algo não acontece, além do barulho dos helicópteros que cortam o céu azul e sem
nuvens, volto a me perguntar, olhando a paisagem: A pedra é a ponta, ou...





Valeria del Cueto é jornalista e cineasta
liberado para reprodução com o devido crédito

http://delcueto.multiply.com

Este artigo faz parte da Série "Ponta do
Leme", composta por: “ Antes a Tarde do que nunca”, “Farol da Alma”, “No
Leme, 18 é pouco. Do resto não sei dizer”, “Onda, Pedra e Maneiras de Ver o
Leme”, “A Vingança do Gato Preguiçoso”, “ E o Rapa Levou”, “Até onde a Vista
Alcança”, “Pré Visões do
Tempo
”, “O Rei da
Praia
”, “ Há os que não
Gostam, Ora Pois
”, “N.G. por V.d.C.” e outros
mais que ainda virão....