domingo, 3 de julho de 2011

Momento inercial





Momento inercial       
                 


Texto e foto de Valéria del Cueto

Primeiro foi o frio, depois a chuva. A mudança da estação também influenciou minha preguiça. Ela substituiu o prazer por semanas, dia após dia, sem que eu conseguisse superar o bloqueio que me impedia de chegar, no tempo certo, ao meu local: a praia na Ponta do Leme.


O sol se escondia quando me preparava para chegar lá; o vento aumentava, o tempo fechava...

Sabia que precisava quebrar o encanto que estava desencantando a alegria mais simples e prosaica dos meus dias cariocas.

Se não rompesse essa corrente que os deixavam mais cinzentos e tristonhos, como poderia alçar vôos maiores e necessários, como voltar a fazer ginástica e tentar ser mais rigorosa com meus projetos e afazeres?

Sair da inércia, já dizia meu sábio pai, é o maior e mais difícil dos esforços. Depois que “a pedra rola”, tudo fica mais fácil. É só seguir o embalo.

Assim, aqui estou eu. Em busca da perfeita conjunção celestial, temporal e astral para, mais uma vez, superar a gravidade preguiçosa que me afasta do maior dos meus poucos prazeres indispensáveis.

Hoje é sexta feira, o sol brilha tanto que reflete e ofusca minha visão das páginas em branco do caderno que ora inauguro para rabiscar mais uma crônica escrita no meu ponto, a Ponta do Leme.

São duas horas e o que me salva é o bendito fuso horário de Mato Grosso. Ele me dá um respiro no prazo final que tenho para entregar o texto que será distribuído para vários meios de comunicação, incluindo esse, onde você o lê nesse momento.

É exatamente esse “refresco” que me permite parar para olhar, sem nenhuma culpa, as acrobacias aquáticas da moçada que evolui indômita, sobre as ondas inquietas do meu mar.

Tudo parece igual, mas é apenas uma impressão de quem desconhece as profundezas da vida aqui na Ponta. A praia está mais curta, com menos areia, e esta, pouco inclinada. O fundo do mar propício ao deslizar mais longo das ondas. Resumindo: a geofísica invernal favorece o espetáculo nosso de cada dia.

O pior já passou! Argumento comigo mesma, ao reler o que já escrevi acima. Desencantei o encantamento e me sinto pronta para o próximo passo: digitar o que registrei e selecionar a foto apropriada para ilustrar essa crônica.

Foto essa, diga-se de passagem, que nem sempre acompanha o texto nos lugares em que é publicado. Mas não faz mal. Faço a minha parte. Mando o kit completo. Mantê-lo assim é função dos editores que, nem sempre, conseguem vencer a inércia espacial de seus jornais, sites e blogs. O que é uma pena.

Por isso, mantenho e alimento a nave mãe que é o SEM FIM...

Se você quiser, é lá o caminho para quebrar sua lombeira e ver, por inteiro, o que pode ser apenas uma parte. É só clicar no link http://delcueto.multiply.com. E clicar, convenha comigo, não custa nada! Boa leitura e um excelente visual para você!    

* Valéria del Cueto é jornalista, cineasta e gestora de carnaval. Esta crônica faz parte da série Ponta do Leme, do SEM FIM http://delcueto.multiply.com