domingo, 22 de abril de 2012

O anti Mefisto




O anti Mefisto




Texto e foto de Valéria del Cueto


Me perdoe, mas não aceito o preço, nem qualquer tipo de recompensa. Infelizmente não aprendi a ser o que não sou fingir o que não sinto ou amar o que odeio. Odeio não, desprezo e quero bem longe do meu caminho torto. Pode me chamar do que quiser. Dane-se! Não estou nem aí.

Nem na hora de ficar velho reconhecerei que estou equivocado. Você sabe  o porquê? Por que sei que estou certo. Aprendi a ser assim. A não aceitar o fácil, questionar o óbvio e nunca me deixar subjugar pelo opressor.

Não adianta. Não sou igual a ninguém. E, como um ser único e indivisível, pretendo chegar ao fim dos meus dias uno, íntegro e, se necessário for, radical e louco pela verdade.

E que venham as porradas. São inerentes as quedas. Porém, lembre-se, só cai quem sobe!

Aprendi a não tencionar a musculatura quando o choque é inevitável. É a pior opção. Relaxe, mesmo que não dê para gozar. Retesar gera mais dor e menos capacidade de absorção do impacto quando ele é inevitável...

Se, ao contrário, a pancada for mais uma esmagada vinda de cima pra baixo, seja sábio. Quando o armário cair na sua cabeça, mantenha-se firme. De lá, do alto, vem de tudo. Apare o que interessa e livre-se dos pesos desprezáveis e dispensáveis.

Depure-se. Seja lá qual for o filtro vivencial aplicado.

É, por que sobreviver é inevitável.

Relaxe, mas não se entregue. Aguarde. Sempre. Acredite que melhores dias virão. Por mais que isso se pareça com apenas mais um clichê de autoajuda.

“Autoajude-se”, nem que seja de mentirinha. Vai servir pra atrair energias melhores, menos contaminadas pela maré baixa - e poluída - que inibe seus sentidos.

Use sua fraqueza para se livrar de quem é do mal, daqueles que, na ânsia de se darem bem na vida, não se preocupam em olhar onde estão pisando. Nem a quem prejudicam com suas atitudes sórdidas e subrépticas.

Seja ético, especialmente com quem nem sabe o significado dessa palavra que poderia mudar – pra melhor - o mundo em que sobrevivemos.

Continue sendo ético até com que joga sujo, não tem vergonha na cara, nem honra sua palavra. Você poderá perder uma batalha, mas, certamente, estará ganhando a guerra da coerência e da sua paz de espírito. O que, aparentemente não custa nada, e até parece prejudicar, na verdade, voltará multiplicado para o seu bem estar. Diz a lenda!

Que seja apenas uma lenda, mas será ela que fará a diferença e não deixará que se extingam seus padrões morais, que se deteriore sua certeza de que sempre haverá a possibilidade de um futuro mais justo, com pessoas melhores e, mesmo que poucas, mais honradas.

Não se engane. Você fará parte de uma minoria que, por sua postura e suas atitudes, se diferencia das demais.

Mas saiba: isso nunca impedirá que a porrada venha. E que, num momento de desespero (ninguém é invulnerável nem de ferro), haja, sim, uma reação. Se a tiver, que seja  com toda a pompa e circunstância.  

Caso isso seja impossível, não despreze um último e primoroso recurso: o silêncio maldito das pragas bem rogadas.

Depois abstraia. Siga sua vida e aguarde as voltas que ela dará, olhando de longe quem te prejudicou. Nunca esquecendo que aquilo que vem, volta. E sempre!  Como o Aracuã...

Não entendeu? Azar o seu, ou melhor, sorte, pesquise. O Google está aí para levá-lo ao Pato Donald!  

*Valéria del Cueto é jornalista, cineasta e gestora de carnaval. Esta crônica faz parte da série “Ponta do Leme” do SEM FIM http://delcueto.multiply.com

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