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domingo, 13 de fevereiro de 2011

O renascer das cinzas









O renascer das cinzas

Texto e foto de Valéria del Cueto

Quando digo para algumas pessoas que sou formada em Gestão de Eventos e Festas Carnavalescas me preparo para duas possíveis reações: a primeira de espanto, a segunda de ironia, desprezo. Esta última é a mais comum.

Um dia, um conhecido mais gozador disse que o curso que escolhi é da mesma área e se  equipara ao de fiscal da natureza – era assim que se referiam aos mais contemplativos  ou aos esportistas que passavam o dia na praia surfando. Hoje, ser fiscal da natureza é uma missão para especialistas que não usam esta nomenclatura, mas avaliam, previnem e lutam contra as mazelas naturais que passam diante dos nossos olhos a cada dia. É, sem dúvida, uma tarefa difícil. Cada vez mais necessária, nos nossos tempos de “quero meu”, os outros que se danem.

Normalmente perdôo os ignorantes e relevo a falta de conhecimento implícito em tão preconceituoso julgamento em relação aos meus cada vez mais profundos estudos.

O fazer do carnaval é uma indústria que traz para o Rio de Janeiro em torno de 1 bilhão por ano e incrementa em mais de 10% os índices de emprego durante os meses de verão na região. Satisfeitos os economistas, vamos ao que me interessa.

Fazer a folia é uma arte que envolve muitos sentidos e exige uma gama de conhecimentos tão diversa que só quem ignora sua complexidade pode achar engraçado ou vagabundagem a dedicação que dispenso ao fenômeno que é a construção de um carnaval.

Para desenvolvê-lo são essenciais muitos fatores: criatividade, planejamento, disciplina, gestão e muita, muita paixão. Em alguns momentos outro elemento se faz indispensável: a capacidade de superação que só o amor incondicional proporciona.

Quem pensa que o vírus que contamina milhares de pessoas que se dedicam ao carnaval só se manifesta as vésperas dos dias em que acontece a folia está muito enganado.

Carnaval se pratica o ano inteiro nas comunidades e quadras espalhadas pela região metropolitana fluminense; nos barracões da Cidade do Samba e da região do cais do porto carioca no período em que se desenvolve e constrói o que será apresentado na avenida.

Se pudesse ficaria o dia inteiro, o ano inteiro registrando esse processo hercúleo, composto de muito mais do que os 12 trabalhos propostos e bravamente superados pelo semideus.

Talvez seja esta a essência do povo do carnaval. Eles, como os deuses, realizam o milagre da festa e, como homens, se desesperam quando vêem seus sonhos e projetos se desmanchando diante do acaso ou da fatalidade.

Como semideuses se reerguem com sua força inesgotável e, apesar do sofrimento, da dor e do trabalho descomunal a ser realizado no curto espaço de tempo que nos separa da festa, no dia do desfile, ao entrarem na avenida, vestidos como puderem, trazendo as alegorias que conseguirem preparar, baterão no peito, honrando o nome da paixão que faz cada homem e mulher ali presente, parte do povo do carnaval.

Um povo composto por seres que devem ser admirados e respeitados por seu amor incondicional à sua bandeira, às suas cores  e à sua comunidade. Amor que não começa num domingo para se acabar na quarta feira, mas está dentro dele, durante todo o inteiro, por sua vida inteira.

Como diria Mestre Marçal, é com eles e por eles que estou “junta e misturada”, orgulhosamente registrando  os momentos bons e ruins desta história de superação, sucesso, alegria e paixão.

Força e coragem ao povo do carnaval para, mais uma vez, fazer renascer das cinzas o sonho de tantos de cada dia!

* Valéria del Cueto é jornalista, cineasta e gestora de carnaval. Este artigo faz parte da série Ponta do Leme, do SEM FIM http://delcueto.multiply.com  

terça-feira, 1 de agosto de 2006

Show em homenagem a Bide-Marçal, Mestre Marçal e Marçalzinho

Start:     Aug 4, '06 9:00p
End:     Aug 5, '06 11:00p
Location:     Sesc Pompéia – Choperia (rua Clélia, 93 – São Paulo – Tel.: 11 3871-7700).
Show em homenagem a Bide-Marçal, Mestre Marçal e Marçalzinho
da Agenda Samba Choro - por Roberta Cunha Valente
Show em homenagem à dupla Bide-Marçal, Mestre Marçal e Marçalzinho, três gerações do samba.

Marçal (1902-1947), Mestre Marçal (1930-1994) e Marçalzinho representam uma das mais importantes dinastias do samba. São três gerações de sambistas de inquestionável talento, que fazem parte da história do gênero musical. No show, Marçalzinho estará acompanhado por seus percussionistas preferidos (Ovídio Brito, Zero e Marcelinho Moreira), e pelos cantores e compositores Wilson das Neves, Moacyr Luz, Wanderley Monteiro e Juliana Amaral, sob direção musical de Jayme Vignoli. O show trará ainda como convidado especial o percussionista Eliseu.

No repertório, músicas da dupla Bide e Marçal ("Agora é Cinza", "A primeira vez", "Não diga a ela minha residência", "Meu sofrer", "A carta", "Foi você", "Violão Amigo", "Tu não sabes mais o que hás de querer") e sambas que foram sucesso na voz de Mestre Marçal ("Sem compromisso", "Deixa a menina", "Desalento", "Leviana", "Sem meu tamborim não vou", "Pela Sombra", "Amor não é Brinquedo", "Dona Invocada").

Marçal formou com Alcebíades Barcelos, o Bide, uma das mais importantes duplas de compositores de samba do século passado. Bide-Marçal tiveram músicas de sucesso interpretadas por Francisco Alves, Carmem Miranda, Mário Reis, Silvio Caldas, Carlos Galhardo, Orlando Silva, dentre muitos outros.

O cantor e compositor Mestre Marçal, filho de Marçal, com oito discos individuais lançados, foi um dos mais respeitados mestres de percussão bateria da música brasileira – principalmente durante os 22 anos que esteve à frente da Portela. Participou também como cantor de discos e shows de Alcione e Chico Buarque.

Marçalzinho, filho de Mestre Marçal e neto de Marçal, é apontado como um dos mais talentosos percussionistas brasileiros de sua geração. A relação de artistas que já gravou e acompanhou em shows no Brasil e exterior é expressiva: João Bosco, Nei Lopes, Djavan, Pat Metheny, Simone, Luiz Carlos da Vila, Lulu Santos, dentre muitos outros.

Eliseu – formou com Luna e Mestre Marçal o trio de percussionistas mais requisitados em shows e gravações durante as décadas de 50 a 80. Acompanhou de Ary Barroso a Clara Nunes, de Nelson Gonçalves a João Nogueira.

Wilson da Neves – cantor e compositor de samba e baterista, com cinco discos solos lançados, é padrinho de Marçalzinho. Foi um dos mais fiéis companheiros de Mestre Marçal, principalmente na época em que ambos acompanhavam Chico Buarque em seus shows e discos.

Moacyr Luz – cantor e compositor, possui sete discos lançados, centenas de canções gravadas pelas vozes mais importantes da MPB, inclusive Mestre Marçal, e parceiro de nomes como Aldir Blanc, Paulo César Pinheiro e Hermínio Bello de Carvalho. É hoje um dos mais expressivos artistas na cena musical carioca.

Wanderley Monteiro – cantor, compositor e cavaquinista, tem profundo conhecimento do repertório da dupla Bide-Marçal e Mestre Marçal. Intérprete de primeira linha e compositor de mão-cheia, tem sido considerado uma das maiores revelações do samba da atualidade. Tem um disco lançado: "Vida de compositor" (2004).

Juliana Amaral – cantora de voz suave e afinada, se prepara para lançar seu segundo disco, desta vez só de sambas. O seu repertório em suas apresentações inclui uma infindável lista de sambistas do passado, incluindo a dupla Bide-Marçal. Tem um disco lançado: "Águas daqui" (2002).

Com Marçalzinho, Wanderley Monteiro, Moacyr Luz (somente dia 4 de agosto), Wilson das Neves (somente dia 5 de agosto), Juliana Amaral, Jayme Vignoli (cavaco), Rogério Caetano (violão), Ovídio Brito, Marcelinho Moreira e Zero (percussão). Convidado especial: percussionista Eliseu. Direção musical: Jayme Vignoli.

Dias 4 e 5 de agosto de 2006, a partir das 21 horas. Sesc Pompéia – Choperia (rua Clélia, 93 – São Paulo – Tel.: 11 3871-7700). Não é permitida a entrada de menores de 18 anos. R$ 15,00; R$ 11,00 (usuário matriculado); R$ 5,00 (trabalhador no comércio e serviços matriculado e dependentes). R$ 7,50 (acima de 60 anos e estudante com carteirinha).