segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

Eu quero descer!



Eu quero descer!




Texto e fotos de Valeria del Cueto
Em pleno janeiro, correndo da neblina úmida e da chuva miúda que é prenúncio da sua persistência, ando pelo calçadão meio sem rumo.
Falta menos de uma semana para o carnaval e o que vejo aqui, do meu posto de observação na Ponta do Leme, não é nada animador.
Guiam-me dois tipos de sinais: a direção para onde o vento leva a bandeira que flana hasteada no topo do Forte Duque de Caxias, no alto da Pedra do Leme, e a barra sul que observo ao longe, no horizonte, na direção do Posto 6 da praia de Copacabana, emendada com o Arpoador.
Os contornos dos morros Dois Irmãos, da Pedra da Gávea, dos Cabritos e o Cristo Redentor que fazem o plano de fundo da paisagem que vejo do Caminho dos Pescadores estão escondidos por camadas sobrepostas de nuvens uniformes.
Tudo parado. Não vejo a ira dos temporais de final de tarde que vêm ameaçadores e vão um pouco mais tarde, para amainar o calor do clássico verão carioca.
Meu olhar vagueia pelos tons de cinza que colorem a paisagem, enquanto penso na teoria do bater das asas da borboleta, que pode mudar os rumos do planeta. Transformar a história. Num átimo.
Qual será o efeito provocado por uma roda cujo adjetivo é gigante incrustada na ponta oposta a minha praia?
É. Não quero ser alarmista, mas desde que a tal roda começou a funcionar, justamente no dia de seu compadre São Sebastião, São Pedro ficou de mal com o Rio de Janeiro e está pesando a mão no quesito garoa paulistana.
Cada coisa n seu lugar. E tenho a impressão que a tal roda está deslocando nosso status quo climático.
Talvez permita que se bisbilhote por um buraco de fechadura que Deus não quis abrir, tanto que fez a Ponta do Arpoador bem abaixo da cota máxima. A cota a que me refiro é especificada na legislação celestial pertinente a geografia privilegiada da região onde se estabeleceram os cariocas em outras eras.
Por via das dúvidas, fico feliz em saber que temos a sorte do evento que marcaria o verão carioca ter data marcada para acabar. Azar? Que tal fato só ocorrerá depois do carnaval.
Pensando bem, fica aqui uma mera sugestão de uma carioca precavida: por favor, parem esta roda gigante que o Rio quer tempo bom e a Sapucaí nos espera para os desfiles de carnaval!
 
Valeria del Cueto é jornalista e cineasta
liberado para reprodução com o devido crédito

Este artigo faz parte da série Ponta do Leme

9 comentários:

Luizcamajo . disse...

É....!!!!
Realmente não estou a par da climatologia do RJ, sou de SP, mas atualmente moro em Barcelona, na minha página tenho um termômetro da situação climática do aeroporto.....:-(
Quem sabe se virtualmente não dá pra ter essa visão!!!!

Valeria del Cueto disse...

Adoro chuva, mas depois do sol.
Tá tudo ciiiinza...
Parem a roda, que eu quero descer!

Sick Fuck disse...

Eu quero ir na Roda mas tô esperando o tempo melhorar...(se é que vai)

Valeria del Cueto disse...

Converse com o vento, negocie com o tempo e faça o sinal da cruz...
Boa sorte!

Sick Fuck disse...

Se eu conseguir chegar lá depois posto as fotos...
Valeu...

Isabell Erdmann disse...

sim, e as vezes eu fico lá em cima do morro do cantagalo e vejo esta roda "gigante" tão minúscula lá embaixo e eu me pergunto que tipo de vista se teria de lá e decido que impossível pode ser melhor que a vista do CIEP lá no alto do morro.

Valeria del Cueto disse...

Sei do que você está falando, Isa. A vista lá de cima, é linda...

Carlo Anton disse...

Valerria esta presiosa

Valeria del Cueto disse...

Meu Deus!
De novo...