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quinta-feira, 5 de janeiro de 2023

Pode ser...

Pode ser



Texto e fotos de Valéria del Cueto

Novos ares!

E não apenas pela mudança previsível do ciclo anual. Depois de um longo e nebuloso dezembro no primeiro dia do ano parece que mudou a chave e tudo que era cinzento e molhado se acendeu.

Como cria carioca fiquei mais tranquila quando vi, no último minuto do segundo tempo, quase no final da partida que arrastaria o mau tempo noite da virada a dentro, que a produção do mega espetáculo se rendeu ao charme de uma mandinga sempre usada em outros episódios que que a chuva estragaria a festa.



Mais uma vez, foi contratada a Fundação Cacique Cobra Coral para segurar as nuvens, limpar o horizonte e encerrar a prolongada e detalhada lavagem celestial que se arrastava há semanas, mudando as tonalidades do cenário da Cidade Maravilhosa. Pedido devidamente feito, desejo de todos atendido. Foi justamente a ausência total da mais leve brisa que escondeu parte dos fogos das 10 balsas posicionadas em Copacabana atrás de uma quase sólida barreira de fumaça.

Atrapalhou? Um pouco da segunda parte dos 12 minutos do espetáculo. O “defeito” climático logo foi esquecido pelo astral de Zeca Pagodinho e da escola de samba Acadêmicos do Grande Rio, com os axés do samba enredo 2023, que homenageia justamente o querido cantor de Xerém, (distrito de Duque de Caxias, comunidade da agremiação), e de Exu. O orixá que regerá 2023, junto com Oxum, Iansã e Iemanjá.

Réveillon 2023 em Copacabana

Tirando esse porém, a festa no Palco Copacabana foi de muita alegria. Um astral contagiante, já alcançado no show de Alexandre Pires, a quem coube homenagear o Rei Pelé, antes da meia noite.

A edição desse ano entra na lista dos réveillons inesquecíveis, parte da história da cidade e da memória de milhões de visitantes. Os números, como sempre, impressionam. Perigos? Sim. O que esperar de uma multidão de mais de 2 milhões de pessoas. Típica situação em que vale a regra três, “onde menos vale mais”, imortalizada por Vinícius de Moraes e Toquinho.

A melhor medida para a sintonia que rolou nas míticas areias de Copacabana? O espírito e a energia que nortearam a festa da virada, inspirados por uma iluminação caprichada e pelas sensacionais imagens projetadas no fundo do palco emoldurado pelas luzes da Princesinha do Mar.

Demorei um dia para voltar ao Rio. Como grande parte dos brasileiros passei o primeiro de janeiro sintonizada em Brasília na terceira e, acho que mais emocionante, posse do presidente Lula.

Imagina a vontade de fazer do fim de tarde do dia 2 de janeiro, uma segundona, um “modelo” para as mais de 50 aberturas de semana de 2023...

O destino foi a entrada do Arpoador onde, com milhares (sim eu disse milhares, a praia estava lo-ta-da) de turistas, lagarteei ao sol de fim de tarde sentada na mureta aos pés de Tom Jobim.

Não, nada de mar ou areia que é para deixar Iemanjá complementar o incrível trabalho dos garis cariocas, tendo tempo de limpar a carga deixada em seus domínios na noite da virada. Pés na areia e mergulho no mar, aquele primeiro do ano, só depois de uma virada da maré.

Enquanto isso, cedo o espaço aos visitantes que lotam um dos mais lindos cartões postais brasileiros (para ser modesta), me deliciando com o som feito por um músico de rua e seu violão amplificado.

Pôr do Sol no Arpoador 2023

Pode ser que, como acontece a cada verão, o novo ano venha cheio de esperanças e desejos que, nem sempre, se realizam. Pode ser. Mas agora, nesse momento, como grande parte dos brasileiros, mentalizo as melhores vibrações.

Desejo a todas as pessoas de bem e, claro que a você, leitor que me acompanha, apenas que nossos sentidos se abram para receber as energias positivas que emanam dessa incrível passagem de ciclo, promessa de novos desafios e realizações.



*Valéria del Cueto é jornalista e fotógrafa. Texto da série “Arpoador” do SEM FIM... delcueto.wordpress.com

Studio na Colab55

terça-feira, 21 de dezembro de 2021

#quemsambasabe @delcueto.studio verão2022


Chegou o verão e as coleções 2022 de #photodesign do @delcueto.studio ocupam a pista.

Carnaval te amo

Resistência

Céu estrelado

Uma flecha só

É de São Sebastião

#quemsambasabe

Pega a visão @no_rumo das peças no link

http://colab55.com/@delcueto?=new

@delcueto.studio na Colab55

sexta-feira, 18 de janeiro de 2019

Espiral do tempo

Espiral do tempo

Texto e foto de Valéria del Cueto

Dessa vez sou eu. A própria. Aproveitando a tarde na beira da calçada do Arpoador. Tem uma parte que a gente pode sentar e ficar alguns metros acima da areia. Visualizando, antes de descer para a praia.

Enquanto escrevo começam os aplausos na praia. Apesar de ainda faltar um bom tempo para a saudação diária ao astro rei em sua despedida apoteótica a cada entardecer desse verão carioca.
Os aplausos, replicados pelos banhistas, alertam que há uma criança perdida. Vão “andando” e aumentando enquanto alguém conduz o menor e procura seus familiares.

Assim estamos, e andamos. Batendo palmas e aguardando que os pais da “criança” se manifestem, assumindo o papel de protetores da vida que lhes cabe.

Os dias têm sido lindos, especiais. Contrariando todos os avisos e possíveis alertas de chuvas e tempestades. Apesar de castigarem boa parte do país daqui, da Cidade Maravilhosa, elas não conseguem se aproximar.

São tantos avisos que acostumei ao argumento do “é hoje só amanhã não tem mais”. Dia após dia, melhor dizendo, tarde após tarde, juro que dedicarei cem por cento do meu tempo a tecer meu tapete de Penélope, a edição e organização do acervo fotográfico. Acordo com uma vontade férrea que resiste até o meio das tardes quentes e abafadas.

Acompanho a evolução do desenho solar e suas sombras nos prédios e pela mudança da luminosidade. O “X” da questão começa quando o interior do apartamento cai na penumbra.
Olho para fora pelas janelas fiscalizando o céu. Azul de brigadeiro, realçado pelas paredes que rebatem a luz solar e reluzem, ao contrário das áreas sombreadas.

Aí, aquele brilho de lá se reflete nas retinas de cá, como isca para o pensamento que passeia na mente... “Pode ser hoje só. Talvez amanhã não tenha mais.”

Funciona como um mantra para sair do mergulho e da concentração virtual e tomar uma atitude no mundo real. Onde, diga-se de passagem, a tarde é uma criança teimosa que não quer parar de brincar e o sol faz desenhos nas águas do Atlântico ignorando as tarefas cotidianas e/ou profissionais.
Para mim esse chamado é irresistível. Capaz de ativar os músculos e desativar os fios que conduzem aos trabalhos braçais da edição, indexação e às trilhas da criação digital. Fui.

Respiro fundo três vezes olhando o entorno do lugar que me escolheu na faixa de areia. Varia a distância do mar e das sombras à direita em relação a linha d´água. Onde houver um respiro me encaixo sem reclamar. É pleno verão, metade do primeiro mês de 2019, Rio de Janeiro.

Não incomodam os turistas e visitantes que ocupam a vizinhança. Certamente por saber que o movimento cessa em algumas semanas e a praia volta a ser um paraíso sem tantas figuras exóticas. Lo-ta-da de gente que passa o tempo todo mexendo nos celulares, sem re-conhecerem o que têm ao redor. É a força da vida no terceiro milênio.

Também preciso de uma atividade praiana mas resisto. Acho que estamos condicionados a essa necessidade de fazer. Fazer o que? No caso, leio, escrevo, fotografo e gravo a vida na quina do Arpoador e Ipanema.

Observando a barra do horizonte, verifico que não, “não é hoje só” com essa ausência de nuvens. Elas desenham o tempo de amanhã. Firme!

Esse, o tempo, que se permite o que nos proibimos. O simples contemplar. Nos intervalos entre as tempestades que, sabemos, um dia virão...

* Valéria del Cueto é jornalista, fotógrafa e gestora de carnaval. Crônica da série “Arpoador” @no_rumo do SEM FIM... delcueto.wordpress.com


Studio na Colab55

sexta-feira, 7 de dezembro de 2018

Antenados Coleção do Studio@delcueto #colab55

Para onde vai o olhar? Ultimamente para o alto. Ando com mania de passarinho. A permanência nos pagos ajudou a burilar essa tendência. Ela e uma lente nova, 55/200mm, dificílima de domar.

O mais simples desperta a primeira paixão uruguaianense. Sem botar o nariz para fora da varanda da casa da família. E, de novo, o imaginário ainda bucólico da cidade se projeta.

A coleção Antenados inaugura a temporada  alto verão 2019. Hora de começar a se preparar.

Origem

Sentada na varanda por cima do muro onde cicula Frajola, o gato da Lu, a antena antiga se projeta em direção ao céu de fim de tarde em Uruguaiana, fronteira oeste do Rio Grande do Sul.

É ponto de parada de pássaros que procuram os arvoredos no meio das grandes quadras compostas pelo casario antigo na área central de Uruguaiana. Especialmente quase no lusco-fusco, aquele espaço de tempo que desafia o conceito mais superficial de palheta de cor.

Concepção



Não precisei de muito esforço para mimetizar a imagem dos pássaros usando a antena como um confortável poleiro. Veio pronta. Já desconstruída e simplificada. Depois, foi brincar...

Deu no que deu e assim começou a coleção Antenados.
Clean.



A brincadeira evoluiu e a cor surgiu nas canecas, agendas e nos azulejos. Primeiro na cor do lusco fusco, mas ela ficou "triste" para o verão e foi substituída por um céu piscina!


Para sublinhar o tempero a padronagem deu um toque nas peças que pediam uma "liga" especial.

 

As úlitimas criações todos os elementos se misturam e procuram um espaço de equilíbrio dentro dos objetos criados.


Veja como ficaram as camisetas e as blusas full print da coleção Antenados



Na Colab55, o hub brasileiro de nossos produtos, nossa hashtag é #coisadorio. 

No hub internacional do Studio@delcueto apresenta coleções como  Black Rainbow e  Bamboo estão na plataforma do redbubble. Novos produtos e muitas opções exclusivas.

 No Getty Images

Imagens produzidas estão na coleção Sem Fim… de Valéria del Cueto no banco de imagens Getty Images.

Conheça também o hub na #colab55 do  Studio@delcueto

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Studio na Colab55

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Arpex




A sombra do beijo,
palmeiras e o mundo
saudando solitário
o baú de lembranças
tocadas ao som
do tempo perdido.
Vagabinha dadaista e fotos de Valéria del Cueto.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Personas




Contra diz/Al Mare/ Sol e ela
* fotos de Valéria del Cueto

The golden dream




O por do sol no Arpoador é uma pausa para as preocupações do dia a dia.

* fotos de Valéria del Cueto

Meninos do Rio




Uma tarde no Arpoador rende várias histórias. Esta é uma delas...
Fotos de Valéria del Cueto para o Sem Fim...

domingo, 9 de março de 2008

Sem e com


Sem migo
Com migo


Reflexo de Valéria del Cueto, idem para as fotos
A Com Migo está no
http://delcueto.multiply.com/photos/album/118

Decubra a diferença!

quinta-feira, 6 de março de 2008

Sem e com




Sem migo
com migo

Reflexo de Valéria del Cueto, idem para as fotos

quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Manchetes ao vento



MANCHETES AO VENTO

Texto e foto de Valéria del Cueto

Quanta gente sorridente. Um pouco mofada, é verdade, mas feliz que nem pinto no lixo comemorando o sol que nos aquece nesta tarde de verão.
A água está imunda. A ressaca formou um paredão na areia que as ondas mais afoitas tentam escalar. Dali até a arrebentação a correnteza espumosa adverte sobre o que vem mais para frente, mar adentro. Não é elevação para amador. Aliás, a maioria nem pode ser chamada assim. É caixote mesmo, parede!
Do alto de minha sabedoria “lemense”, avaliando os custos e benefícios, não aventaria a hipótese de ter o mar que vejo diante dos meus olhos como objeto de desejo. Poucas ondas decentes e muita sujeira indecente, cercando a área de esperar a boa da seqüência. Vote!
Mas pra lagartear aqui fora está valendo. Também, não dá pra mais nada. Um exemplo? Ler o jornal nem pensar. A bandeira do alto da Pedra do Leme aponta na direção do Pão de Açúcar, animada o suficiente pelo vento sudoeste. A ponto de bagunçar as páginas do jornal do dia.
Melhor assim. Um cuidado da natureza amiga aos que, como eu, se concentram  e preparam para enfrentar a maratona carnavalesca na Marquês de Sapucaí a partir do sábado.
É claro que me preocupo com a conjuntura mundial, com a baixaria nacional e o colapso municipal. E só de olhar as manchetes de hoje dançando em primeiro plano em cima da minha canga, com o mar revolto emoldurando o fundo do quadro, para saber que, mais uma vez, o universo conspira e joga a meu favor, pelo menos nos pequenos detalhes...
Já que não posso resolver, por alguns dias, prefiro ignorar as mazelas rotineiras e me dedicar a tentar ser feliz fazendo uma das coisas que mais gosto na vida: cair dentro do mundo carnavalesco.
Eu sei, que é pra tudo se acabar na quarta feira. E que,  neste dia, lá estarão elas, as manchetes de sempre persistentes e tenebrosas. Quase as mesmas de hoje...
Pelo menos tenho um consolo: no dia seguinte, a quinta feira, algo vai mudar nessa primeira página. Ali, linda e colorida, estará a foto da escola que levou o título de 2008, cantando vitória e anunciando o desfile do sábado das Campeãs...

 
Valeria del Cueto é jornalista e cineasta
liberado para reprodução com o devido crédito

Este artigo faz parte da série Ponta do Leme

quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Eu quero descer!








Em pleno janeiro, correndo da neblina úmida e da chuva miúda que é prenúncio da sua persistência, ando pelo calçadão meio sem rumo.

Falta menos de uma semana para o carnaval e o que vejo aqui, do meu posto de observação na Ponta do Leme, não é nada animador.

Guiam-me dois tipos de sinais: a direção para onde o vento leva a bandeira que flana hasteada no topo do Forte Duque de Caxias, no alto da Pedra do Leme, e a barra sul que observo ao longe, no horizonte, na direção do Posto 6 da praia de Copacabana, emendada com o Arpoador.

Os contornos dos morros Dois Irmãos, da Pedra da Gávea, dos Cabritos e o Cristo Redentor que fazem o plano de fundo da paisagem que vejo do Caminho dos Pescadores estão escondidos por camadas sobrepostas de nuvens uniformes.

Tudo parado. Não vejo a ira dos temporais de final de tarde que vêm ameaçadores e vão um pouco mais tarde, para amainar o calor do clássico verão carioca.

Meu olhar vagueia pelos tons de cinza que colorem a paisagem, enquanto penso na teoria do bater das asas da borboleta, que pode mudar os rumos do planeta. Transformar a história. Num átimo.

Qual será o efeito provocado por uma roda cujo adjetivo é gigante incrustada na ponta oposta a minha praia?

É. Não quero ser alarmista, mas desde que a tal roda começou a funcionar, justamente no dia de seu compadre São Sebastião, São Pedro ficou de mal com o Rio de Janeiro e está pesando a mão no quesito garoa paulistana.

Cada coisa n seu lugar. E tenho a impressão que a tal roda está deslocando nosso status quo climático.

Talvez permita que se bisbilhote por um buraco de fechadura que Deus não quis abrir, tanto que fez a Ponta do Arpoador bem abaixo da cota máxima. A cota a que me refiro é especificada na legislação celestial pertinente a geografia privilegiada da região onde se estabeleceram os cariocas em outras eras.

Por via das dúvidas, fico feliz em saber que temos a sorte do evento que marcaria o verão carioca ter data marcada para acabar. Azar? Que tal fato só ocorrerá depois do carnaval.

Pensando bem, fica aqui uma mera sugestão de uma carioca precavida: por favor, parem esta roda gigante que o Rio quer tempo bom e a Sapucaí nos espera para os desfiles de carnaval!


http://delcueto.multiply.com
Este artigo faz parte da série Ponta do Leme

Meninos, eu vi!


MENINOS, EU VI!
Texto de Valéria del Cueto
aqui fotos que correspondem aos fatos
 Amigos parceiros e voyeurs do meu posto de observação na Ponta do Leme. Cá estou a lhes trazer meu testemunho ilibado sobre uma raridade nestes dias derradeiros que antecedem o carnaval: Faz...SOL!!!!
Isso mesmo. Contrariando até as previsões mais otimistas, o astro rei resolveu, num surpreendente e sensacional ato de recuperação física e moral, dar o ar de sua aguardadíssima graça no verão carioca.
Ele está assim, maneiro, como dizem no interior. Diferente e imprevisível.
O dia amanheceu daquele jeito. Nublado, chuvoso e chato. Os jornais anunciavam as previsões meteorológicas mais  negativas possíveis: de chuvas, ventos e ciclones para as próximas horas, dias, pro carnaval inteiro.
Aí, ele resolveu aparecer. E pegou de surpresa todo mundo.
É... quando a gente chega na praia e não vê uma única sombra de barraca, nem seus respectivos barraqueiros, até onde vistas menos míopes que as minhas alcançam, é sinal de que nem um mormaço clássico fazia parte das  previsões do povo da areia que atende diligentemente aos banhistas, no caso em pauta, tão escassos quanto ele. Onde não há procura, não há oferta.
A faixa de areia que atravesso em direção a beira da praia está quase virgem de pegadas humanas. Está marcada pelos pingos da última chuvinha chata e pelos três palitinhos que forma as pegadas dos pombos que insistem em ciscar no pedaço, mais persistentes do que eu.
Meus amigos, ilhéus lá do Brandão, me ensinaram que um fenômeno marítimo sempre acontece nesta época do ano. Trata-se da ressaca de carnaval, que temporada após temporada, turva as águas claras e transparentes da baia de Angra do Reis, onde sonho em mergulhar, um dia, novamente.
A ressaca anual, desconfio, está diante de mim na tarde que cai aqui na Ponta do Leme, para alegria dos surfistas. Eles se atiram paredão abaixo, sem o menor pudor. O pico não é no canto da Pedra do Leme, o mais almejado pelos especialistas da área, mas está alto e desafiador. Somos só nós. Pranchas, bicicletas, surfistas e eu.
Não vai dar tempo para uma reação dos turistas entediados, que nos últimos dias serpenteiam pelo calçadão com olhos compridos em direção ao mar. Até eles se darem conta do que já aconteceu e espanarem a inércia modorrenta que se abate sobre suas almas inquieta,s a festa já acabou.
Mal deu tempo para escrever este relato, descrevendo o milagre quase particular que presencio e usufruo.
Está tudo quase cinza novamente, exceto por uma barra azul da cor mais límpida do céu, que enfeita o horizonte por cima do mar. É a prova que preciso para os que acham que aqui, na Ponta do Leme, a gente costuma delirar e ver miragens de verão, em pleno janeiro, aqui no Rio...

Valeria del Cueto é jornalista e cineasta
liberado para reprodução com o devido crédito

Este artigo faz parte da série Ponta do Leme

Meninos.. está aqui




Nada de um lado,
muito menos do outro.
O sol brilha
A visão detecta:
Acima da ilha
a nuvem pesada
afunila o dia

Texto Meninos eu vi e fotos de Valéria del Cueto

segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

Eu quero descer!



Eu quero descer!




Texto e fotos de Valeria del Cueto
Em pleno janeiro, correndo da neblina úmida e da chuva miúda que é prenúncio da sua persistência, ando pelo calçadão meio sem rumo.
Falta menos de uma semana para o carnaval e o que vejo aqui, do meu posto de observação na Ponta do Leme, não é nada animador.
Guiam-me dois tipos de sinais: a direção para onde o vento leva a bandeira que flana hasteada no topo do Forte Duque de Caxias, no alto da Pedra do Leme, e a barra sul que observo ao longe, no horizonte, na direção do Posto 6 da praia de Copacabana, emendada com o Arpoador.
Os contornos dos morros Dois Irmãos, da Pedra da Gávea, dos Cabritos e o Cristo Redentor que fazem o plano de fundo da paisagem que vejo do Caminho dos Pescadores estão escondidos por camadas sobrepostas de nuvens uniformes.
Tudo parado. Não vejo a ira dos temporais de final de tarde que vêm ameaçadores e vão um pouco mais tarde, para amainar o calor do clássico verão carioca.
Meu olhar vagueia pelos tons de cinza que colorem a paisagem, enquanto penso na teoria do bater das asas da borboleta, que pode mudar os rumos do planeta. Transformar a história. Num átimo.
Qual será o efeito provocado por uma roda cujo adjetivo é gigante incrustada na ponta oposta a minha praia?
É. Não quero ser alarmista, mas desde que a tal roda começou a funcionar, justamente no dia de seu compadre São Sebastião, São Pedro ficou de mal com o Rio de Janeiro e está pesando a mão no quesito garoa paulistana.
Cada coisa n seu lugar. E tenho a impressão que a tal roda está deslocando nosso status quo climático.
Talvez permita que se bisbilhote por um buraco de fechadura que Deus não quis abrir, tanto que fez a Ponta do Arpoador bem abaixo da cota máxima. A cota a que me refiro é especificada na legislação celestial pertinente a geografia privilegiada da região onde se estabeleceram os cariocas em outras eras.
Por via das dúvidas, fico feliz em saber que temos a sorte do evento que marcaria o verão carioca ter data marcada para acabar. Azar? Que tal fato só ocorrerá depois do carnaval.
Pensando bem, fica aqui uma mera sugestão de uma carioca precavida: por favor, parem esta roda gigante que o Rio quer tempo bom e a Sapucaí nos espera para os desfiles de carnaval!
 
Valeria del Cueto é jornalista e cineasta
liberado para reprodução com o devido crédito

Este artigo faz parte da série Ponta do Leme

Dúvida que não que calar...




Verão no Rio?
Tá frio...
Ao inventarem a roda
Desarrumaram o tempo?

Texto e foto de Valéria del Cueto
teoria completa em "Eu quero descer"