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quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Esquinas do mundo


Esquinas do mundo

Texto e foto de Valéria del Cueto

Cada mundo é uma esquina, ou cada esquina é um mundo? É o que me pergunto, enquanto espero alguém atrasado numa delas.

Vejo a senhora gorda passeando vagarosamente com seu par apoiado numa bengala, o vendedor da loja de roupas masculinas jogando a guimba de cigarros no meio fio sem nenhum pudor ou vergonha, observado por uma criança que agarrada em sua mãe espera o sinal abrir e pergunta, inocentemente por que o homem suja seu próprio “entorno”.

Foi esse mesmo o termo usado pelo menino, de seus 9 anos. Ele deve ter guardado a palavra para usá-la no momento apropriado. A mãe arregala os olhos, pensando no que dizer para uma pergunta que só tem uma resposta: falta de educação.

Mas esta característica não é exclusiva do vendedor, que volta para o interior da loja pronto e revigorado para atender mais alguns possíveis clientes com suas mão cheirando a nicotina: o ônibus escolar dá seta para dobrar na avenida e segue em frente, quase pegando o ciclista entregador que, confiando na sinalização do veículo, cruza na frente dele, furando o sinal vermelho.

Na calçada a madame, com seu cachorrinho no colo, espera pacientemente sua hora de atravessar a rua movimentada. O cachorro usa sapatinhos coloridos para não sujar as patinhas e, posteriormente a casa de sua dona.

Em baixo da marquise, dorme um menino de rua, sujinho, sujinho, sem notar o rebuliço em volta, exausto por suas atividades noturnas, embaladas a cola, correria e pedidos de esmola. Está coberto por um lençol imundo e protegido por um papelão velho. É fácil conhecer sua história pelo "entorno", citado pelo menininho.

O sol aparece entre as nuvens, mudando o colorido local. Eu sigo esperando na esquina do mundo. Chegando de viagem e sem saber muito bem onde estou: Rio, Uruguaiana, Cuiabá? Só sei que não é nem Brasília, que não tem esquina, nem na Chapada dos Guimarães, onde as esquinas dormem o dia inteiro, menos as da praça central.

Não faz diferença. O mundo passa por mim e eu olho pra ele sempre interessada, sempre pronta para descobri-lo e, ao fazê-lo, me descobrir mais um pouco.

Quem me fazia esperar se aproxima, com um sorriso de desculpas pelo atraso iluminando o rosto. Digo que não me importo com o fato, porque aproveitei o tempo para observar o mundo daquela esquina. A pessoa me olha com estranheza. Não reajo, nem estico minhas explicações. Não é qualquer um que acha graça numa esquina.

Quando o mundo daquela esquina não pode ser visto, ela é apenas o que meu acompanhante vê. Uma esquina. E não um mundo...

Valéria del Cueto, para série Ponta do Leme, do SEM FIM...

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Passagem, da Ponta




Bom, diante das circunstâncias resolvi não arriscar na passagem do ano, mas não resisti. Mudei o ângulo do espetáculo dos fogos em Copacabana novamente.

Já havia assistido e fotografado a meia noite do Caminho dos Pescadores há dois anos atrás. Agora queria aprimorar o manuseio dos equipamentos de captação de fotos e de víde o. Aqui está o resultado parcial da empreitada. Começa na tarde do dia 31, com um tempinho muito chato e sem direito a
um por do sol de despedida.

Perto da meia noite choveu, justo quando fui para o Caminho dos Pescadores, na Ponta do Leme. Quando acabei a produção para gravar as imagens, minutos antes dos fogos que anunciavam o ano novo, a chuva parou. Isto me fez passar a virada vestida de capa de chuva. Me senti super protegida pelo ano todo...

Depois aproveitei para ir fazendo algumas fotos de personagens típicos que fui encontrando. O material era farto, já que a Ponta virou o ponto de encontro de grupos de motociclistas para comemorarem o ano novo. No próximo reveillon, já conhecedora da programação especial, se tudo correr bem, vou chegar mais cedo e com autorização prévia registrar devidamente as comemorações da rapaziada.

Terminei esta virada no São Sebastião, onde resolvi homenagear o staff da casa que me recebe tão bem o ano todo. Pedrinho, o chef patron, desistiu do avental e aproveitou para se confraternizar com o Coutinho, do famoso bar que leva seu nome na fachada, mas tem uma placa que diz: Imperador
do Leme....

Texto e fotos de Valéria del Cueto, para Série Ponta do Leme, no Sem Fim...

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Paisagem




Antes, prenuncio.
Durante? Ressaca!
Depois: feriadão...

Sofisma meteorológico e fotos de Valéria del Cueto
para a série Ponta do Leme na semana do feriadão de Zumbi

quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Meninos.. está aqui




Nada de um lado,
muito menos do outro.
O sol brilha
A visão detecta:
Acima da ilha
a nuvem pesada
afunila o dia

Texto Meninos eu vi e fotos de Valéria del Cueto

segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

Eu quero descer!



Eu quero descer!




Texto e fotos de Valeria del Cueto
Em pleno janeiro, correndo da neblina úmida e da chuva miúda que é prenúncio da sua persistência, ando pelo calçadão meio sem rumo.
Falta menos de uma semana para o carnaval e o que vejo aqui, do meu posto de observação na Ponta do Leme, não é nada animador.
Guiam-me dois tipos de sinais: a direção para onde o vento leva a bandeira que flana hasteada no topo do Forte Duque de Caxias, no alto da Pedra do Leme, e a barra sul que observo ao longe, no horizonte, na direção do Posto 6 da praia de Copacabana, emendada com o Arpoador.
Os contornos dos morros Dois Irmãos, da Pedra da Gávea, dos Cabritos e o Cristo Redentor que fazem o plano de fundo da paisagem que vejo do Caminho dos Pescadores estão escondidos por camadas sobrepostas de nuvens uniformes.
Tudo parado. Não vejo a ira dos temporais de final de tarde que vêm ameaçadores e vão um pouco mais tarde, para amainar o calor do clássico verão carioca.
Meu olhar vagueia pelos tons de cinza que colorem a paisagem, enquanto penso na teoria do bater das asas da borboleta, que pode mudar os rumos do planeta. Transformar a história. Num átimo.
Qual será o efeito provocado por uma roda cujo adjetivo é gigante incrustada na ponta oposta a minha praia?
É. Não quero ser alarmista, mas desde que a tal roda começou a funcionar, justamente no dia de seu compadre São Sebastião, São Pedro ficou de mal com o Rio de Janeiro e está pesando a mão no quesito garoa paulistana.
Cada coisa n seu lugar. E tenho a impressão que a tal roda está deslocando nosso status quo climático.
Talvez permita que se bisbilhote por um buraco de fechadura que Deus não quis abrir, tanto que fez a Ponta do Arpoador bem abaixo da cota máxima. A cota a que me refiro é especificada na legislação celestial pertinente a geografia privilegiada da região onde se estabeleceram os cariocas em outras eras.
Por via das dúvidas, fico feliz em saber que temos a sorte do evento que marcaria o verão carioca ter data marcada para acabar. Azar? Que tal fato só ocorrerá depois do carnaval.
Pensando bem, fica aqui uma mera sugestão de uma carioca precavida: por favor, parem esta roda gigante que o Rio quer tempo bom e a Sapucaí nos espera para os desfiles de carnaval!
 
Valeria del Cueto é jornalista e cineasta
liberado para reprodução com o devido crédito

Este artigo faz parte da série Ponta do Leme

sexta-feira, 7 de setembro de 2007

Parada naval é atração na orla carioca


http://noticias.terra.com.br/brasil/interna/0,,OI1889486-EI8139,00.html
Deu no Terra...
http://noticias.terra.com.br/brasil/interna/0,,OI1889486-EI8139,00.html
Assim que eu gosto de trabalhar: na Ponta do Leme, olhando mar.

Parada naval é atração na orla carioca

Os banhistas que aproveitam o feriado do Dia da Independência nas praias da orla carioca ganharam uma atração inesperada e inédita. Além da temperatura de verão, em pleno inverno, e da água com temperatura razoável, puderam apreciar o desfile naval realizado pela Marinha Brasileira, como parte das comemorações do bicentenário do patrono Almirante Tamandaré.

Vinte navios nacionais e estrangeiros partiram às 11h da Barra da Tijuca, na zona oeste, em direção à baía de Guanabara, passando pela orla da zona sul. O surgimento de vários helicópteros escoltando a frota chamou a atenção e foi motivo de comemoração entre moradores e turistas presentes, que ocupam, neste feriado, 72% dos hotéis do Rio.
"Não imaginei que teríamos direito a um espetáculo tão diferente", comemorava o mineiro Marco Antônio, pedindo para que a namorada posasse para fotos com os navios ao fundo.
O desfile chegou à orla da zona sul por volta das 13h. Nas embarcações, as tripulações tiveram uma visão privilegiada de uma das paisagens mais famosas do mundo: a praia de Copacabana lotada em um dia de calor.

domingo, 22 de julho de 2007

É só...

É só

Oba! Estou aqui. Meio travada como o dia, que começou nublado e ventoso nas esquinas do Leme. Uma dificuldade sair da inércia e cair na vida cheia de compromissos que me espera nessa sexta-feira.
Foi essa condição ventosa que  me trouxe pro meu lugar preferido: ao sol, na Ponta do Leme. Os nós de velocidade que, creio, prometem um final de semana especial para os velejadores sopraram o paredão  de nuvens que nublava o dia e eu, observadora atenta dos sinais meteorológicos da praia do Leme, tratei de mudar meus planos.
Empurrei, desmarquei, apertei minha agenda e... cá estou. Aviso: nem um pouco arrependida.
Com todos os sentidos prontos para receber as energias positivas que emanam do céu, da terra e do ar ventoso aqui da Ponta.Sabendo valorizar a bruma nebulosa que dilui o contorno do horizonte marítimo aqui na minha frente e a silhueta da paisagem que me cerca nos outros costados: a curva do contorno de Copacabana, os prédios do bairro, a mata atlântica do terreno do forte e a pedra do Leme.
Outro dia, um amigo comentou que não entendia de onde sai tanto assunto para falar sempre do mesmo lugar na série “ Ponta do Leme”. Fiquei pensando sobre isso. A ponta pode ser considerada a moldura das minhas reflexões, presumi.
Levanto os olhos, presto atenção no mar que até ontem esbravejava numa ressaca magistral. Praia plana, ondas perfeitas deslizando lá longe em direção a areia. Perfeitas para um jacaré.
Refaço a imagem do significado da Ponta do Leme nas minhas escrevinhações. De moldura à parte mais pura e essencial da minha narrativa.  O resto é só detalhe, penduricalho passageiro. Vale aqui, o que é permanente.
O telefone toca. Coincidência, o amigo a que me referi quer marcar uma reunião de trabalho. Seu escritório é no centro da cidade. Pergunto conformada qual o horário.
“Não, Valéria, tenho uma idéia melhor, que tal uma prainha básica aí no Leme?”, sugere. Sei que a reunião, muito séria por sinal, será duplamente proveitosa devido a sua condição geográfica e me pego rindo desta crônica, escrita para justificar meu samba de um Leme só.
Ele não tem explicação. É o Leme. E só...

Ps: Quer comentar? Mande um email para delcueto.cia@gmail.com
 Valéria del Cueto é jornalista e cineasta
Este artigo faz parte da série "Ponta do Leme

terça-feira, 23 de janeiro de 2007

NAVES



Antes, eram poucas hoje são seis no cais do porto.
Somos a vitrine carioca.
Rio em janeiro?
A cada verão chegam mais.

fotos de Valeria del Cueto

segunda-feira, 12 de setembro de 2005

PRÉ VISÕES DO TEMPO


Previsões do tempo
13/09/2005
Dou a mão à palmatória e aos que clamam pela mais absoluta verdade: é segunda feira, metade do dia e acabo de chegar na praia. Aqui mesmo, na Ponta do Leme.

O que posso fazer? O sol convidava, o céu azul me chamou pelo vão da área de serviço, onde tomo café conversando com as plantas do jardim. Atendendo a tantos apelos fui render L., que levantava acampamento justo quando eu me materializava na areia. Se fosse troca de turno ou corrida de bastão, a passagem seria perfeita.

Estendo a canga, respiro fundo e me preparo para receber os sinais. Para isso, abro todos os canais. Vejo. Ouço. Sinto. Respiro. O dia e o que ele me traz. Sei que é um dom, mas muito traiçoeiro. Para captar e traduzir é preciso se deixar conduzir. Liberar as energias e, depois, ir resgatando os sinais, aceitando as indicações e compondo o quadro, traço a traço, pincelada por pincelada.

DIÁLOGO

O sol brilha, o céu está azul, o vento conversa agitado. Disputa com o barulho do mar. Ambos inquietos. Os sons se transformam em imagens e cada gemido simboliza um carneirinho de espuma sobre as marolas que enfeitam a superfície agitada da água. Bem verdinha na beira mar, porém avisando no tom chumbado do horizonte que as coisas não ficarão tão boas como parecem.
O vento insiste e persiste. Inconstante. As letras, palavras, frases e notícias do jornal dançam ao desritmo de uma melodia doida, querendo misturar Severino com Ang Lee, Fluminense com Katrina, pizza com angu. Melhor guardar as letras, antes que elas comecem a acreditar em si mesmas. Num dia desses, numa praia assim, tudo é possível, até mudar o mundo...

O problema é que não me sinto capacitada para fazê-lo. Não sei com resolvê-lo. Agora não. Como? Se não consigo sequer entender este diálogo entre o vento e o mar....

MIRAGEM

Surge na minha frente, caminhando pela linha d’água, alguém do meu passado. Querido. Os mesmos olhos, cabelos, jeito de caminhar. É ele, penso emocionada. Rapidamente caio na realidade. É ele como sempre foi. Quando tinha a minha idade. Não pode ser ele por que o tempo passou. Talvez o filho, que nem sei se tem...

São duas as possibilidades: ou me entristeço pelo que já foi, ou agradeço pela lembrança antiga que veio me acariciar. Penso nos olhos, no sorriso e nos cachos castanhos, mais para dourados, no ar de esperança e, principalmente, na confiança do andar que os anos não me fizeram esquecer.Ele segue seu caminho, em direção a pedra. Sigo com o olhar seus passos e, tranqüila, não me despeço da imagem. O que vai naquela direção costuma voltar.

Distraída, observo a corveta da marinha que surge vinda da baía da Guanabara. Segue em direção as ilhas Cagarras, ao alto mar. E nada da minha visão retornar. Adeus olhos, cachos, corpo e andar. Adeus miragem do bem que esteve a me visitar.

REALIDADE

Fico, feliz, com a saudade.

O mar segue seu lamento... O vento grita, cheio de razão... O sol ressurge, em meio a bruma que baixou na praia deserta. Mais um prenúncio que o humor do dia está virando. A barra do horizonte confirma a previsão do tempo: nublado, com possibilidade de chuvas ao final do período...

...

*Valéria del Cueto é jornalista e cineasta

Este artigo faz parte da Série "Ponta do Leme", composto por “O Rei da Praia”, “ Há os que não Gostam, Ora Pois
e “N.G. por VdC” e
outros mais que ainda virão....