Na moral
O pouco tempo na Chapada dos Guimarães não serviu para tirar o gosto de quero mais. Pelos amigos queridos, a música maravilhosa (não tem preço se embalar numa rede na varanda da casa da fada do jardim ouvindo o violão que ecoa por todo o espaço. Se, como dizem, as plantas se desenvolvem melhor quando escutam música, isso explica a exuberância que gerou tantos registros num dia especialmente iluminado de exploração fotográfica pela paisagem), o passeio pela sede das Bordadeiras da Chapada, projeto regado mesmo de longe com olhar de amor e muita torcida para que continue crescendo fiel as suas origens, com a instigante convivência das participantes. A sugestão é ir com tempo para uma boa prosa se passar por lá para conhecer os trabalhos e explorar os detalhes do espaço. A proximidade da Festa do Divino em Cuiabá e a de Nossa Senhora de Santana, a quem é dedicada a matriz de Chapada dos Guimarães, prometia grande imagens e muitas emoções.
Ficou faltando mais banhos de rios, noites na varanda da Vivenda da Vovó Suely, encontros felizes com gente querida, reencontros mais alegres ainda. Poderia ter havido tempo para mais reconciliações e declarações de amores, carinhos e amizades que permanecem verdadeiras, apesar da distância. Também ainda havia espaço para muita comida cuiabana e pantaneira. Pacu recheado, farofa de banana, pintado, bolo de queijo, um furrundu de vez em quando...
Nem cheguei no São Gonçalo, para visitar Domingas! Teve arte e risadas aos montes no encontro especial com Aline Figueiredo e Cacá de Souza, num almoço pantaneiro comemorativo. Não poderia ter sido melhor. E ficou assunto pra depois...
Só que era hora de voltar. Havia um compromisso no Rio de Janeiro. Participar com outros 18 fotógrafos da Exposição Artistas do Carnaval – Múltiplos Olhares, durante a Carnavália SambaCon. Na sua quarta edição ela reúne a cadeia produtiva carnavalesca brasileira para apresentar produtos e serviços, além dialogar sobre política e produção da festa popular. Em tempos de crise e problemas no relacionamento com os gestores públicos imaginem o papel de um evento desse porte.
Três fotos de cada participante e a dúvida atroz. O que mandar? Como estava viajando fiz um recorte temporal: carnaval 2017. A intenção era uma foto do ensaio técnico, outras duas do desfile de segunda-feira, o oficial. O foco nos Meninos da Mangueira, parceiros de outros carnavais.
A marcação da virada do samba no ar pelos diretores de bateria verde e rosa foi pule 10. Especialmente porque faz tempo preparo um trabalho sobre os gestuais e comandos dos mestres de bateria.
A foto do fradinho ritmista Bruno Obrigado no contra da luz do dia nascendo com as arquibancadas populares ao fundo surgiu pela ausência de elementos, um certo “minimalismo” em meio ao caos entusiasmado da dispersão do desfile.
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Foto de Moacyr Barreto |
*Valéria del Cueto é jornalista, fotógrafa e gestora de carnaval. Essa crônica faz parte das séries “Parador Cuyabano” e “É carnaval”, do SEM FIM... delcueto.wordpress.com
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