domingo, 7 de novembro de 2010

Ainda falta o apito...



Ainda falta o apito...






Texto e foto de Valéria del Cueto

Parou de chover.

Mas parece que o céu azul, o sol forte e o calorzinho não vão durar. A meteorologia, aquela que geralmente não acerta (é difícil lidar com os humores de São Pedro, tão instáveis...), já avisou que no domingo o tempo vira novamente.

Na dúvida - e sendo uma sexta feira - vamos à ela, a praia. Com direito a horário de verão e uma trégua no vento forte que açoitava minha esquina do Leme ontem no mesmo período.

O sol já vai baixando e se escondeu atrás do vidro e do concreto do espigão, ex Meridien, atual sabe lá de quem. Os barraqueiros começavam a levantar acampamento, diante da escassez de procura às suas mercadorias e eu lá.

Esperava, pela primeira vez nesta primavera, um céu dourado refletido na areia molhada, de uma lado e o Caminho dos pescadores banhado pelos derradeiros raios solares do outro. Tudo ao mesmo tempo. Uma cena a direita e outra a esquerda.

Em frente, o marzão de sempre. Sempre tão imprevisível, dividindo os palcos da vida do Leme que desliza também do seu lado oposto.

É quase verão! Ouço o barulho do mar misturado com o ruído do helicóptero que sobrevoa a orla. A temporada se anuncia animada e cheia de expectativas positivas. Promessas de vida, desejos de realização. Imagens sons e movimentos típicos desta época.

Mas ainda falta. Não estão completos os sinais do tempo que se aproxima.

Enquanto aquele som não encher lentamente o espaço auditivo do final da tarde na Ponta do Leme é sinal de que não chegou o momento, não foi aberta oficialmente a temporada.

Ele, o apito alongado e profundo (acho que quero dizer grave), é uma das senhas para o surgimento, nas proximidades da Pedra do Leme, do bico dos gigantescos transatlânticos.

Cada vez mais numerosos, ocupam quase diariamente um espaço móvel (!) no cenário de final de tarde na Praia do Leme, tomando o rumo da Costa Verde, a região de Angra dos Reis, mais ao sul.

O som mencionado faz parte das boas vindas à praia de Copacabana, no Rio de Janeiro. Uma cena inesquecível para os multinacionais turistas a bordo do barcão. Eles passam por aqui.

Falta o apito. Ainda demora. Mas... e daí? Até lá, mais me toca do paraíso que escolhi para viver e apresentar para você, caríssimo leitor.

* Valéria del Cueto é jornalista, cineasta e gestora de carnaval. Este artigo faz parte da série Ponta do Leme, do SEM FIM http://delcueto.multiply.com

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