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terça-feira, 12 de setembro de 2017

Irma, irmãos, furacão!


Irma, irmãos, furacão!

Texto e foto de Valéria del Cueto
Essa mudança de dia de publicação ainda não foi devidamente assimilada. Uma coisa era escrever na madrugada de quinta a crônica distribuída no final de semana. Outra, bem diferente, é fechar o texto no domingo à noite para publicação na edição de terça.

Tem um gap de informações aí. Para mais ou para menos, rola uma certa dificuldade em “surfar” no sentimento do leitor. Explico com um bom exemplo, o da na semana passada. “Análise de conteúdo”, a crônica, demandou um grande esforço: a leitura do calhamaço de mais de 700 páginas da delação premiada do ex-governador de Mato Grosso, Silval Barbosa. Ela não deixou pedra sobre pedra na política estadual, com relevantes reflexos nacionais. Fechada na noite de domingo passado, o material chegou ao leitor entre segunda e terça. Só que...

Da noite em que foi redigida até chegar ao público alvo, mais do que água por baixo da ponte, o que rolou correnteza abaixo foi a ponte inteira. Nesse bat-período vieram a público quatro mal gravadas horas de conversa jogada fora pelos delatores Joesley Batista e Ricardo Saud. Um arrasa quarteirão! Poderia jurar que Joesley é do signo de escorpião. O que se pica com o próprio veneno...

Seguindo o modus operandi da divulgação em pílulas pela imprensa das revelações do ex-governador mato-grossense, as incríveis opiniões (dadas num palavreado de fazer inveja a um jegue xucro) pelos representantes do suprassumo do empresariado nacional foram sendo vomitadas paulatinamente para o público.

Dá para imaginar a reação dos alvos das observações dos dois “confidentes”. Vamos começar por suas respectivas mulheres? O irmão que provavelmente entrará de gaiato no navio da Papuda?

Pensem nos demais familiares. Deixe para o final da ficção as autoridades citadas. Não poderia dar outra. Xilindró para eles, os que não seguiram a que deveria ser máxima básica nesses tempos de gravações descontroladas e traições desvairadas: quanto menos conversa, nenhuma!

Mas era apenas o começo...  Nem bem acabaram as 4 horas de ouvido pendurado no alto-falante do computador tentando captar os murmúrios do encarregado das relações institucionais do grupo J&S entre os delírios oligofrênicos do seu chefe, eis que começa a maratona de acompanhar, tim tim por tim tim, os depoimentos em vídeos para o Juiz Sérgio Moro do ex-poderoso, atual presidiário, quase delator Antônio Palocci e do comprador da sede do Instituto Lula. Parente distante, porém, compadre de Bumlai, o amigo o ex-presidente. Espanto em cima de espanto. Todos movidos por primeiras, segundas, terceiras e quartas intenções.

Acabou? Não. Como cada um tem os furacões que merece, os do hemisfério norte estão em plena atividade, animadíssimos. Irma vem na frente pedindo passagem, seguido de perto por José e Kátia. Destruição em massa, sem qualquer discriminação. Dá uma invejinha de ver como os fenômenos estão sendo previstos e acompanhados por lá, na medida do possível.

Pra gente a coisa é mais complicada. Não há como prever o que vem por aí depois do “teje preso” para os “parça” que não respeitou nem o feriadão da Independência. O que sabemos é que pelo menos um dos nossos fenômenos tem data para terminar: dia 17 se encerra o mandado do Procurador Geral da República, Rodrigo Janot. Até lá, tudo pode acontecer. Inclusive a necessidade da convenção um novo grau na escala de intensidade desse tipo de manifestação. Acho que 5 será pouco.

Por aqui, nem o céu é o limite para os severos e irreparáveis danos que podem ser causados nos próximos dias às nossas instituições. Preste atenção no modelo que será definido para as eleições de 2018. Por aí dará para projetar o tamanho do que virá por aí na política brasileira. O sacode promete abalar, mais uma vez, as já combalidas estruturas sociais brasileiras.

Já preparou suas reservas? Morais, éticas e cívicas. Se não der, tenta uma de avião. Deve haver um lugar mais tranquilo nesse mundão de Deus.

*Valéria del Cueto é jornalista, fotógrafa e gestora de carnaval. Essa crônica faz parte da série “Parador Cuyabano” do SEM   FIM...  delcueto.wordpress.com
Studio na Colab55

terça-feira, 5 de setembro de 2017

Análise de conteúdo

Análise de conteúdo

Texto e foto de Valéria del Cueto
Demorou. Após a abertura dos (longos) trabalhos, travar, pausar, voltar, enjoar, precisar de ar, mais ar e... começar de novo. Parecia que nunca ia terminar. Definitivamente, para quem encarou, se não uma tarefa agradável, muito esclarecedora. Foi nessa levada inconstante e cheia de mal-estar a leitura – obrigatória – dos documentos liberados pelo Ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal, contendo a delação premiada do ex-governador Silval Barbosa, família e assessoria.

A monstruosa pacoteira trouxe uma série de fatos e mídias contundentes. Eram tantas informações que o material acabou sendo fatiado em matérias destrinchadas e distribuídas pelos meios de comunicação de Mato Grosso. Caso típico de aplicação da máxima popular “vamos por partes, como já dizia o esquartejador”. No conteúdo explosivo informações para todos os gostos e vertentes. Daria para publicar várias edições de material inédito puxando a brasa para a sardinha do vizinho, deixando uns para mais tarde e diluindo informações comprometedoras no meio da meada apresentada.

Isso foi um aspecto. Outro foi a reação dos citados, alguns com a marca de “corrupto” carimbada através das imagens e gravações estarrecedoras que vieram a público. Como bem salientou o publicitário Mauro Cid em seu artigo “O silêncio que incomoda”, publicado no último final de semana, faltam “argumentos” e explicações. Que “artistas” esses, da incrível peça que, infelizmente, não é de ficção. Vejam quem, diz a Procuradoria Geral da República, protagoniza o espetáculo.

“...Entre os agentes políticos, destaca-se a figura de BLAIRO BORGES MAGGI, o qual exercia incontestavelmente a função de liderança mais proeminente na organização criminosa, embora se possa afirmar que outros personagens tinham também sua parcela de comando no grupo, entre eles o próprio SILVAL BARBOSA e JOSE GERALDO RIVA.

Embora seja difícil estabelecer um marco temporal preciso para o início das atividades do grupo criminoso, é fato que, desde a gestão de BLAIRO MAGGI no governo do Mato Grosso, a organização já utilizava financiava-se com recursos de operadores financeiros para atingir seus fins ilícitos. Na época, já era corrente o pagamento de propinas a integrantes do Poder Legislativo e do Tribunal de Contas do Estado, de modo a garantir a harmonia no funcionamento do ecossistema delitivo entranhado nas estruturas do Estado.

E mais. Um dos principais articuladores do esquema, EDER DE MORAES DIAS, já atuava sob o comando de BLAIRO MAGGI. SILVAL DA CUNHA BARBOSA, sem embargo da extrema gravidade das condutas por ele praticadas, apenas deu continuidade ao esquema iniciado no governo de seu antecessor. Vale aqui destacar que, mesmo sob a gestão de SILVAL BARBOSA, a liderança e influência de BLAIRO MAGGI era presente e se fazia valer.

Com efeito, uma das condições para que SILVAL DA CUNHA BARBOSA obtivesse o apoio de BLAIRO MAGGI e de seu grupo político para concorrer a cadeira de Governador do Estado nas eleições de 2010 foi assumir as dívidas deixadas por ele perante os operadores financeiros e arranjar meios para saldá-las - por intermédio dos diversos esquemas de corrupção e desvio de recursos narrados pelos colaboradores.” Págs. 749/750

Trecho da petição número 7.085/DF do Procurador Geral da República, Rodrigo Janot, do Ministério Público, para o relator do processo de delação premiada de Silval Barbosa, Ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal, págs. 749/750.

Em tempo: Rodrigo Janot deixa claro ao final da petição que não pretende, momentaneamente, desmembrar os 7 casos narrados. O que significa que outros, muitos outros, poderão surgir.

A pesquisar: o que conterá o documento de mídia do estacionamento, anexada no processo na página 545 e acautelado pelo Ministro Luiz Fux no cofre da Corte?

*Valéria del Cueto é jornalista, fotógrafa e gestora de carnaval. Essa crônica faz parte da série “Parador Cuyabano” do SEM   FIM...  delcueto.wordpress.com
Studio na Colab55