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domingo, 27 de janeiro de 2008

ESTAÇÃO CARNAVAL





ESTAÇÃO CARNAVAL

Texto e foto de Valeria del Cueto
Respeitável público!
Por motivo de força maior tive que trocar (momentaneamente, espero) meu posto cativo de observadora da Ponta do Leme por um singelo lugar num vagão do metrô carioca.
E ainda tenho sorte! Podia ser pior, levando-se em conta  que não consigo ler nem escrever num banco dos ônibus que, muito a contra gosto, em casos excepcionais, sou obrigada a tomar para me locomover entre um evento carnavalesco e outro.
A causa é, no mínimo, prosaica e insuperável: fico tão enjoada com o sacode-para-corre-freia e anda dos motoristas revoltados que a única coisa que consigo fazer, nestas circunstâncias, é me concentrar nas acrobacias motorizadas cometidas pelo condutor e achar que posso, assim, fazer minha agonia labirintitica passar mais rápido.
Por isso preferencialmente, vou de metrô. Aqui, o pior risco que corro é deixar a estação Arcoverde, em Copacabana, passar de tão concentrada estou na escrivinhação.
Quem sabe não descobri um outro ponto de observação a ser explorado? Já experimentou andar no metro em tempo de chuva? No frio ou no verão? As modas e os costumes passam diante dos seus olhos entre a sinalização que indica o passar das estações.
O que mais me diverte é o metrô carnavalesco. Esse, só existe aqui no Brasil. Um dia ainda vou passar uma parte do carnaval aqui em baixo, compartilhando as expectativas dos serem semi-fantasiados carregando enormes e desconjuntados sacos pretos recheados com o complemento de cabeças, ombreiras, e sejam lá quais forem os adereços que compõem o personagem criado pela imaginação superlativa dos carnavalescos.
 Já vi macho de verdade vestido de galinha africana, fantasia de abridor de garrafa... O céu é o limite nos sonhos de milhares de componentes das alas que, para chegarem a Sapucaí, atravessam a cidade nos vagões do metrô.
Muita gente tentando decorar o samba, outros poupando energias para o desfile, a maioria se acabando na farra mesmo, com amigos e camaradas tão entusiasmados quanto. Todos preocupados em acomodarem, da melhor maneira possível, seus vastos pertences.
Central ou Praça XV? Correio ou Balança Mas Não Cai? Os vagões se esvaziam nas duas estações. Apenas por alguns segundos...
Embarcam em seguida os sobreviventes. Suados, excitados, esgotados. A maioria feliz e detonada. Valorizando um lugar para encostar e poder descansar as pernas trêmulas do esforço.
Todos se consideram grávidas, deficientes e idosos, merecedores dos acentos a eles destinados. Os adereços, antes tratados com cuidado, agora ficam largados de qualquer maneira. Isto os que voltaram, apostando na esperança de um novo desfile no sábado das campeãs.
O metrô vai despejando os foliões nas suas estações de origem. E, ao fazê-lo, abre suas portas para a próxima leva que virá, daqueles cheios de gás e animação, que seguem para a região da Praça XI ou da Central, loucos de vontade de pisarem na avenida e  viverem o sonho de um carnaval na Sapucaí...
Até a última leva, na madrugada de terça feira gorda. Quando, então, quem entra nos vagões dos subúrbios, são os trabalhadores de mais um dia, na rotina que recomeça, depois que o carnaval passou...

Valéria del Cueto e jornalista e cineasta
liberado para reproducao com o devido credito
da série É Carnaval 

quinta-feira, 1 de março de 2007

Máscaras de Copacabana





Pelas esquinas
máscaras,
fantasias,
brilhos e lembranças
de antigos carnavais.

fotos de Valeria del Cueto

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2006

SORRY, ROCK AND ROLL, O ASSUNTO É CARNAVAL





SORRY, ROCK AND ROLL, O ASSUNTO É CARNAVAL







de   Valéria del Cueto
foto de Itamar Barbosa
fevereiro de 2006

Lar, doce e tranqüilo lar... Pelo menos hoje, no hiato entre o show dos Stones e o carnaval, quando a cidade se recupera do rock e se prepara para cair no samba.

É tempo de criar fantasias, testar tênis e sandálias, que é para não machucar os pezinhos na folia, transitar entre barracões das escolas de samba e pegar indumentárias para arrasar na Sapucaí.

CUIDADOS BÁSICOS

É hora de encher a geladeira de comidas leves, nutritivas e pouco trabalhosas. Não esqueça de frutas e suquinhos para ajudar a reidratar depois das noites no Sambódromo. Também e importantíssimo verificar o kit farmácia. Analgésicos, Engov e Band Aids não podem faltar...

No quesito estimulantes vou de natural: guaraná em pó. Uso o Maués, importado diretamente de Cuiabá.

Bebidas (ai!) só destiladas já que não sou da turma da loura. Aliás, na minha opinião, o que reduz minha disposição para encompridar a folia é justamente o cheiro insuportável de cerveja choca. Ele me remete a lembranças tenebrosas da pior ressaca da minha vida!

Bom, o remédio derradeiro para curar foliões ressaqueados não é para qualquer mortal: um banho de mar revigorante e revitalizante no final da tarde, antes de encarar mais uma etapa carnavalesca.

CIRCULANDO NO MUNDO DO SAMBA

Meu primeiro pit stop foi na “Cidade do Samba”, no barracão da Viradouro. Lá, a turma do Instituto do Carnaval foi buscar a fantasia da ala que o carnavalesco Milton Cunha, nosso professor, destinou a seus aplicados alunos. Afinal, esta é a hora de checarmos “in loco” a teoria que aprendemos em sala de aula, no primeiro semestre do curso.

Nesta visita, pude fazer algo que faz parte do sonho de muitos interessados na indústria carnavalesca carioca: circular livremente (com a devida autorização) pelo barracão da escola.

A primeira coisa a destacar é a beleza e o requinte do trabalho que a Viradouro está levando para o Sambódromo nos carros, alegorias, e fantasias.O segundo ponto é a impecável organização do espaço da cidade do samba. O terceiro item e, creio, que responsável pelos dois anteriores e que mais me chamou a atenção é o grupo de profissionais envolvidos na produção do carnaval da Viradouro.

É emocionante conversar com costureiras, pintores, aderecistas e demais artesãos, ouvir suas histórias, expectativas para o desfile e o carinho com que mostram suas participações individuais na grande obra coletiva que é o barracão. Nesta reta final as funções já não estão tão bem definidas e todos ajudam como podem, cortando, colando e dando os últimos retoques em nos carros “estacionados” no imenso espaço, especialmente projetado na Cidade do Samba.

A parte das alas já está concluída e os componentes estão indo buscar suas fantasias. Caminhando entre os carros alegóricos “fiscalizo” o trabalho e converso com os aderecistas e componentes da escola e, confesso: viajo...

A IDA...
Viajo na minha imaginação (parece verso de samba enredo, mas não é!). Posso ver os carros alegóricos com seus destaques e componentes, o som da bateria e da cantoria do samba enredo sobre arquitetura brasileira, cantado exaustivamente nos ensaios técnicos realizados nas ruas de Niterói e no Sambódromo. Sinto a vibração das arquibancadas, frisas, cadeiras e camarotes.

Respiro fundo, abro os olhos e cá estou eu, novamente, na Ponta do Leme. Aqui, espero a hora da largada, impaciente e ansiosa. Mas isto não é uma prerrogativa só minha: é de todos os que participam da festa. E não somos poucos...
...
E A VOLTA À REALIDADE
De meu mesmo, só o ponto: a Ponta do Leme. Onde mergulho no mar e nas imagens que crio daquela que é, sem dúvida, a maior festa carioca. Que nos perdoe o pessoal do rock, a festa foi ótima, mas agora é a nossa vez.

Evoé, Momo, na nossa praia é tempo de folia...



Valeria del Cueto e jornalista e cineasta
liberado para reprodução com o devido credito
http://delcueto.wordpress.com