É tudo correlato. Será? Faz sol. Venta, mas não demais. É
calor na praia e friozinho na Gustavo Sampaio, rua de dentro do Leme, aqui na
Ponta, Rio de Janeiro. O mar anda alto, o que garante momentos de atenção para
a linha dos atletas que aguardam a hora de se posicionar nas ondas e
assegurarem o espaço adequado para desenvolverem suas manobras radicais.
É um balé para pouquíssimos espectadores privilegiados
como eu. Divido meu tempo entre ler Catarina, a Grande, biografia da czarina da
Rússia, escrever e apreciar os surfistas e afins deslizando nas ondas. Como tirar
os olhos do mar?
O tempo está lindo. O céu azul e o oceano cor de
esmeralda. Confesso que nem vi se a água estava fria. Pelas roupas de neoprene
da rapaziada dá para deduzir a resposta.
Não é época do tempo estar, assim, radiante. Não na lua nova de junho.
Estranho, muito estranho. Parece que o mundo rodou mais devagar no eixo, por
que o clima está mais para veranico de maio do que o tempo cinzento, chuvoso e
frio que costuma emoldurar esse período.
Se fosse só aí... o mundo está virado. Por mais que a
gente corra daqui para lá, desvie e tente se refugiar de tanta informação é
impossível não ser sugado pelo “roto-rooter” da vida brasileira. Como um todo
ou em particular.
Senão vejamos: remédios quase vencidos, pilar encolhido...
Vai Lá Trazer uma boa notícia, pelo amor de Deus! Licitações e pregões pros
amigos? Votê, cobra, mangalô “treizveiz”. “A cultura é o patinho feio do
estado”, é mole?
É por essas e por outras que procuro e, um dia, hei de
encontrar uma forma de fazer cultura sem precisar de sequer passar na porta da
tutela do estado. Quero respeito por quem peleia e procura novos caminhos para
sair do rumo de quem chega a uma conclusão dessas assim, depois que assumir o
cargo máximo do setor no estado. O tempo passa, a vida anda e o bonde já passou
por essa estação.
Do outro lado é pau, é pedra é o começo do caminho, para
desespero de alguns e pressa de outros. Em nome de evitar a “baderna” o negócio
é endurecer. De novo? Acho que já disse nessa crônica que já vi o filme dessa
reprise classe B.
Nunca tão poucos centavos representaram tanto para multidões espalhadas por várias capitais do
país. Multidão que só aumenta a cada apresentação especial dos poderes militares constituídos. É daí para
pior. E já deu pra ver que não vai ser sopa pra ninguém, incluindo aí vários
coleguinhas da Folha de São Paulo,
agredidos na última quinta-feira.
Segunda, em plena Copa das Confederações, com o mundo já tendo
acompanhando pelas TVs, jornais e as redes sociais os primeiros capítulos da
novela PASSE LIVRE, parece que haverá outra rodada de manifestações pelo país.
Boa hora para a panela de pressão continuar a chiar.
Ai meus santos canarinhos com cabelos de cacatua. Façam o
milagre do esquecimento das mazelas inflacionárias, da alta do dólar, da queda
do mercado, da falta de saúde, educação, segurança, infra-estrutura e outros
probleminhas mais.
Chutem para o gol dos adversários nossos recalques e essa
sensação estranha de que no final,
ganhando ou perdendo, estamos entrando pelo cano...
*Valéria del Cueto é jornalista,
fotógrafa e gestora de carnaval. Essa crônica faz parte da série “Ponta do Leme”,
do SEM FIM... delcueto.wordpress.com