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sexta-feira, 28 de fevereiro de 2025

Tem Xirê na Sapucaí, o couro vai comer na passarela

Xirê na Sapucaí: o couro vai comer na passarela

Texto e fotos de Valéria del Cueto

Se os desfiles das escolas de samba no Rio de Janeiro, transmitidos para o mundo inteiro, são caixas de ressonância que fazem ecoar as questões abordadas nos enredos, por que não cantar a ancestralidade, suas epopeias mitológicas e as influências no modo de vida material e espiritual de quem produz e protagoniza o espetáculo?

Tem gira na pista e em dez dos doze enredos das escolas de samba do Grupo Especial do carnaval carioca 2025. Os temas valorizam nossas raízes africanas alertando sobre o crescente e alarmante aumento da intolerância no país.

A vida como ela é - Nada de novo no universo das comunidades do samba. São compostas pelo povo preto periférico que sofre com a dura realidade e arbitrariedades em seu cotidiano.

Um exemplo são os terreiros proibidos de funcionarem em áreas dominadas por evangélico/traficantes. O Complexo de Israel tem até bandeira daquele país hasteada, na zona norte do Rio.

É uma hipótese para a predominância, no maior espetáculo popular do planeta, de enredos sobre as tradições afro-indígenas religiosas. As exceções são a Mocidade Independente e a Vila Isabel.

Mudanças estruturais – Há novidades na dinâmica do espetáculo promovido pela Liesa, a Liga das Escolas de Samba. Serão três noites de disputa. De domingo a terça de carnaval quatro escolas passarão pela Sapucaí seguidas de rodas de samba na praça da Apoteose.

Haverá alteração no número de cabines de jurados. Voltam a ser quatro. Duas de cada lado, distribuídas ao longo da pista. O julgamento também foi modificado. As notas não serão fechadas ao final de todas as apresentações, mas após cada noite de desfile. Que diferença o novo formato faz? Veremos. Só saberemos o resultado das mudanças após a abertura dos envelopes na apuração.

De arquibancada - Essas e outras questões estiveram na boca do povo do samba que bateu ponto na Sapucaí nos ensaios técnicos gratuitos, em 2025. Atire a primeira serpentina quem não deu pitaco sobre a iluminação cenográfica. A que transforma o visual das apresentações e acrescenta novos desafios estéticos à concepção do espetáculo.

Os desenhos de luz se refletirão na avaliação dos quesitos? Como julgar, por exemplo, o acabamento de fantasias e alegorias em meio ao pisca-pisca psicodélico que esconde os detalhes das peças elaboradas pelos artesãos do carnaval?

Para aprimorar - As soluções de problemas estruturais como o som da avenida, a segurança dos foliões no entorno do sambódromo e a melhoria das condições de trabalho na indústria do carnaval seguem em construção, apesar da urgência e relevância das demandas.

Mas, como já dizia o samba consagrado, “o show tem que continuar”. E, como “ainda estamos aqui”, a disputa pelo campeonato vai ser boa. Terá um tempero especial: domingo tem Oscar, com Fernanda Torres e o filme sobre Rubens Paiva concorrendo em três categorias. Vamos firmar o Xirê (roda ou dança utilizada para evocação dos Orixás) e chamar os orixás! A vida presta e o carnaval contagia...

Domingo, 02 de março

Unidos de Padre Miguel, campeã da Série Ouro em 2024, começa a gira com o enredo "Egbé Iya Nassô" dos carnavalescos Alexandre Louzada e Lucas Milato. Canta o mais antigo terreiro de candomblé do Brasil, em Salvador. A escola da Zona Oeste abre os caminhos e pede passagem: “Vila Vintém é terra de macumbeiro. No meu Egbé, governado por mulher, Iyá Nasso é rainha do candomblé”

Após décadas sem enredos afros, a Imperatriz Leopondinense, atual vice-campeã, embarca na proposta de Leandro Vieira: “Ómi Tútu ao Olúfon - Água fresca para o senhor de Ifón”, um itan (lenda) sobre as peripécias da viagem de Oxalá ao reino de Xangô. “Vai começar o itan de Oxalá, segue o cortejo funfun...”

Viradouro, de Niterói, tenta o bi com “Malunguinho, o mensageiro de três mundos”. A mata, os mistérios da jurema e da encruzilhada compõem o enredo afro-indígena de Tarcísio Zanon. Ele apresenta a entidade que é “O rei da mata que mata quem mata o Brasil”.

Mangueira trouxe de São Paulo o carnavalesco Sidnei França para exaltar seus crias e a influência do povo banto na cultura carioca e brasileira. “À Flor da Terra - No Rio da Negritude Entre Dores e Paixões” projeta no contexto atual os saberes da negritude: “O povo banto que floresce nas vielas, orgulho de ser favela”.

Segunda, 03 de março

Na Unidos da Tijuca o samba conta com pesos pesados na parceria encabeçada pela cantora Anitta. Desenvolvido por Edson Pereira, “Logun-Edé: Santo Menino Que Velho Respeita”, homenageia o orixá filho de Oxum e Oxóssi. “Eu não descanso depois da missão cumprida, a minha sina é recomeçar...

Laíla de Todos os Santos, Laíla de Todos os Sambas”, de João Vitor Araújo, chama à Sapucaí, mais uma vez, o lendário sambista, carnavalesco e produtor musical autodidata, peça fundamental em vários campeonatos da Beija-flor. A nação nilopolitana se despede de Neguinho da Beija-flor, que se aposenta, e roga ao homenageado: “Volta e me dá os caminhos, conduz outra vez meu destino...”

Macumbeiro, mandingueiro, batizado no gongá, quem tem medo de quiumba não nasceu pra demandar. Meu terreiro é a casa da mandinga, quem se mete com Salgueiro acerta as contas na curimba”. A parceria de Xande de Pilares embala Salgueiro de corpo fechado”, proposta do carnavalesco Jorge Silveira. Recado dado...

O enredo de Paulo Barros “Quanto mais eu rezo, mais assombração aparece”, na Vila Isabel, foge da temática afro-indígena na safra 2025. Sai a macumba e... “Solta o bicho, dá um baile de alegria. É o povo do samba virado na bruxaria

Terça, 04 de março

A Mocidade Independente de Padre Miguel abre a última noite de desfiles. O enredo da dupla Renato e Márcia Lage (que nos deixou no início do ano), Voltando para o futuro não há limites pra sonhar”, também foge da linha africana. “Quando o futuro voltar, a juventude vai crer que toda estrela pode renascer”.

Quem tem medo de Xica Manicongo?”, de Jack Vasconcelos, apresenta a primeira travesti do Brasil, fichada pelo Santo Ofício. O Paraíso do Tuiuti terá o reforço de personalidades como Eloína, pioneira no posto de rainha de bateria, e a deputada Erika Hilton. Somam-se num protesto contra a discriminação, a homofobia e violência no país que mais mata LGBTQIA+ no mundo. “Que o Brasil da terra plana, tenha consciência humana, Chica vive na fumaça

"Pororocas parawaras: as águas dos meus encantos nas contas dos curimbós". O samba da Grande Rio, da parceria de Mestre Damasceno, veio das eliminatórias realizadas em Belém. Leonardo Bora e Gabriel Haddad trazem do Pará a lenda de três princesas turcas e encantarias da Amazônia. Paolla Oliveira se despede do reinado na bateria de Mestre Fafá. “É força de Caboclo, Vodun e Orixá. Meu povo faz a curva como faz na gira...

Cantar será buscar o caminho que vai dar no Sol. Uma homenagem a Milton Nascimento”. Com o enredo de Antônio Gonzaga e André Rodrigues a Portela colocará o pé na estrada para encerrar a disputa do carnaval carioca de 2025... Iyá chamou Oxalá preto rei pra sambar. Anjo negro é o sol que faz a Portela cantar"

BOX

Ordem dos desfiles:

Domingo 02/03 – Unidos de Padre Miguel, Imperatriz, Viradouro e Mangueira

Segunda 03/03 – Tijuca, Beija-flor, Salgueiro e Vila Isabel

Terça 04/03 – Mocidade, Paraíso do Tuiuti, Grande Rio e Portela

Transmissão TV Globo e Globoplay às 22h. Dica de comentários: sintonize o áudio na Tupi.fm

 

...................................................

Gustavo e Edson

Mando várias fotos pra dar pra brincar com a diagramação. Claro que não consegui me decidir. Não é preciso usar todas, nem na ordem. Fica a critério do Edson...

Uma matéria só como fizemos ano passado.

A matéria é dividida em: introdução, domingo, segunda e o box com a ordem dos desfiles, se couber.

Fotos:

Foto 01 – Topo rasgada título na parte superior, no céu da Apoteose

ET Viradouro 250215 234 Ala da baianas componentes Apoteose boa

Título -  Xirê na Sapucaí

Sub-título – Tem gira na passarela do samba

 

Foto 2- ET Tuiuti 250201 153 Abre alas alegoria destaque leque fashion

Legenda – Tuiuti e o primeiro enredo LGBTQIA+ do Especial. Quem tem medo?

 

Foto 3 - ET G Rio 250201 098  Ala componentes adereços bamboles boa

Legenda – O colorido exuberante do carimbó na Grande Rio

 

Foto 4 – ET Mangueira 250201 071 CF componentes menino da Mangueira coroa boa

Legenda – Os crias, herdeiros do povo banto, reinam na Mangueira

 

Foto 5 – ET B Flor 250201 010 CF componentes Exu boa

Legenda – Exu garante caminhos abertos na Sapucaí

 

Foto 6 - ET Tuiuti 250201 142 torcida frisas boa

Legenda – Na torcida, o amor e paixão carnavalesca

 

Foto 7 - ET Imp Leo 250215 103 Ala componente boa adereço coroa cut

Legenda – O povo do samba reina no quilombo da alegria

 

Foto 8 - ET Vila 250208 204 Destaque boa

Legenda – Um assombro a musa da Vila Isabel

 

Foto 9 - ET Portela 250208 078 Abre alas Águia CF componentes pista geral boa

Legenda – Nas asas da águia portelense, a homenagem a Milton Nascimento

Foto 10 - ET Portela 250208 176 Ala componente boa

Legenda – Girasssóis da Portela no caminho de Bituca

 

Foto 11 - ET Viradouro 250215 122 Musa close boa

Legenda –Viradouro: em busca do bi


Tem Xirê na Sapucaí, o couro vai comer na passarela

Texto e fotos de Valéria del Cueto

Se os desfiles das escolas de samba no Rio de Janeiro, transmitidos para o mundo inteiro, são caixas de ressonância que fazem ecoar as questões abordadas nos enredos, por que não cantar a ancestralidade, suas epopeias mitológicas e as influências no modo de vida material e espiritual de quem produz e protagoniza o espetáculo?

Tem gira na pista e em dez dos doze enredos das escolas de samba do Grupo Especial do carnaval carioca 2025. Os temas valorizam nossas raízes africanas alertando sobre o crescente e alarmante aumento da intolerância no país.

A vida como ela é - Nada de novo no universo das comunidades do samba. São compostas pelo povo preto periférico que sofre com a dura realidade e arbitrariedades em seu cotidiano.

Um exemplo são os terreiros proibidos de funcionarem em áreas dominadas por evangélico/traficantes. O Complexo de Israel tem até bandeira daquele país hasteada, na zona norte do Rio.

É uma hipótese para a predominância, no maior espetáculo popular do planeta, de enredos sobre as tradições afro-indígenas religiosas. As exceções são a Mocidade Independente e a Vila Isabel.

Mudanças estruturais – Há novidades na dinâmica do espetáculo promovido pela Liesa, a Liga das Escolas de Samba. Serão três noites de disputa. De domingo a terça de carnaval quatro escolas passarão pela Sapucaí seguidas de rodas de samba na praça da Apoteose.

Haverá alteração no número de cabines de jurados. Voltam a ser quatro. Duas de cada lado, distribuídas ao longo da pista. O julgamento também foi modificado. As notas não serão fechadas ao final de todas as apresentações, mas após cada noite de desfile. Que diferença o novo formato faz? Veremos. Só saberemos o resultado das mudanças após a abertura dos envelopes na apuração.

Na torcida, o amor e paixão carnavalesca

De arquibancada - Essas e outras questões estiveram na boca do povo do samba que bateu ponto na Sapucaí nos ensaios técnicos gratuitos, em 2025. Atire a primeira serpentina quem não deu pitaco sobre a iluminação cenográfica. A que transforma o visual das apresentações e acrescenta novos desafios estéticos à concepção do espetáculo.

Os desenhos de luz se refletirão na avaliação dos quesitos? Como julgar, por exemplo, o acabamento de fantasias e alegorias em meio ao pisca-pisca psicodélico que esconde os detalhes das peças elaboradas pelos artesãos do carnaval?

Nas asas da águia portelense, a homenagem a Milton Nascimento

Para aprimorar - As soluções de problemas estruturais como o som da avenida, a segurança dos foliões no entorno do sambódromo e a melhoria das condições de trabalho na indústria do carnaval seguem em construção, apesar da urgência e relevância das demandas.

Mas, como já dizia o samba consagrado, “o show tem que continuar”. E, como “ainda estamos aqui”, a disputa pelo campeonato vai ser boa. Terá um tempero especial: domingo tem Oscar, com Fernanda Torres e o filme sobre Rubens Paiva concorrendo em três categorias. Vamos firmar o Xirê (roda ou dança utilizada para evocação dos Orixás) e chamar os orixás! A vida presta e o carnaval contagia...

Domingo, 02 de março

Unidos de Padre Miguel, campeã da Série Ouro em 2024, começa a gira com o enredo "Egbé Iya Nassô" dos carnavalescos Alexandre Louzada e Lucas Milato. Canta o mais antigo terreiro de candomblé do Brasil, em Salvador. A escola da Zona Oeste abre os caminhos e pede passagem: “Vila Vintém é terra de macumbeiro. No meu Egbé, governado por mulher, Iyá Nasso é rainha do candomblé”

O povo do samba reina no quilombo da alegria

Após décadas sem enredos afros, a Imperatriz Leopondinense, atual vice-campeã, embarca na proposta de Leandro Vieira: “Ómi Tútu ao Olúfon - Água fresca para o senhor de Ifón”, um itan (lenda) sobre as peripécias da viagem de Oxalá ao reino de Xangô. “Vai começar o itan de Oxalá, segue o cortejo funfun...”

Viradouro, de Niterói,tenta o bi com “Malunguinho, o mensageiro de três mundos”. A mata, os mistérios da jurema e da encruzilhada compõem o enredo afro-indígena de Tarcísio Zanon. Ele apresenta a entidade que é “O rei da mata que mata quem mata o Brasil”.

Viradouro: em busca do bi

Mangueira trouxe de São Paulo o carnavalesco Sidnei França para exaltar seus crias e a influência do povo banto na cultura carioca e brasileira. “À Flor da Terra - No Rio da Negritude Entre Dores e Paixões” projeta no contexto atual os saberes da negritude: “O povo banto que floresce nas vielas, orgulho de ser favela”.


Os crias, herdeiros do povo banto, reinam na Mangueira

Segunda, 03 de março

Na Unidos da Tijuca o samba conta com pesos pesados na parceria encabeçada pela cantora Anitta. Desenvolvido por Edson Pereira, “Logun-Edé: Santo Menino Que Velho Respeita”, homenageia o orixá filho de Oxum e Oxóssi. “Eu não descanso depois da missão cumprida, a minha sina é recomeçar...

Laíla de Todos os Santos, Laíla de Todos os Sambas”, de João Vitor Araújo, chama à Sapucaí, mais uma vez, o lendário sambista, carnavalesco e produtor musical autodidata, peça fundamental em vários campeonatos da Beija-flor. A nação nilopolitana se despede de Neguinho da Beija-flor, que se aposenta, e roga ao homenageado: “Volta e me dá os caminhos, conduz outra vez meu destino...”

Exu garante caminhos abertos na Sapucaí

Macumbeiro, mandingueiro, batizado no gongá, quem tem medo de quiumba não nasceu pra demandar. Meu terreiro é a casa da mandinga, quem se mete com Salgueiro acerta as contas na curimba”. A parceria de Xande de Pilares embala “Salgueiro de corpo fechado”, proposta do carnavalesco Jorge Silveira. Recado dado...

O enredo de Paulo Barros “Quanto mais eu rezo, mais assombração aparece”, na Vila Isabel, foge da temática afro-indígena na safra 2025. Sai a macumba e... “Solta o bicho, dá um baile de alegria. É o povo do samba virado na bruxaria

Um assombro a musa da Vila Isabel

Terça, 04 de março

A Mocidade Independente de Padre Miguel abre a última noite de desfiles. O enredo da dupla Renato e Márcia Lage (que nos deixou no início do ano), “Voltando para o futuro não há limites pra sonhar”, também foge da linha africana. “Quando o futuro voltar, a juventude vai crer que toda estrela pode renascer”.

Tuiuti e o primeiro enredo LGBTQIA+ do Especial. Quem tem medo?

Quem tem medo de Xica Manicongo?”, de Jack Vasconcelos, apresenta a primeira travesti do Brasil, fichada pelo Santo Ofício. O Paraíso do Tuiuti terá o reforço de personalidades como Eloína, pioneira no posto de rainha de bateria, e a deputada Erika Hilton. Somam-se num protesto contra a discriminação, a homofobia e violência no país que mais mata LGBTQIA+ no mundo. “Que o Brasil da terra plana, tenha consciência humana, Chica vive na fumaça

O colorido exuberante do carimbó na Grande Rio

"Pororocas parawaras: as águas dos meus encantos nas contas dos curimbós". O samba da Grande Rio, da parceria de Mestre Damasceno, veio das eliminatórias realizadas em Belém. Leonardo Bora e Gabriel Haddad trazem do Pará a lenda de três princesas turcas e encantarias da Amazônia. Paolla Oliveira se despede do reinado na bateria de Mestre Fafá. “É força de Caboclo, Vodun e Orixá. Meu povo faz a curva como faz na gira...

Cantar será buscar o caminho que vai dar no Sol. Uma homenagem a Milton Nascimento”. Com o enredo de Antônio Gonzaga e André Rodrigues a Portela colocará o pé na estrada para encerrar a disputa do carnaval carioca de 2025... “Iyá chamou Oxalá preto rei pra sambar. Anjo negro é o sol que faz a Portela cantar"

Girasssóis da Portela no caminho de Bituca

BOX

Ordem dos desfiles:

Domingo 02/03 – Unidos de Padre Miguel, Imperatriz, Viradouro e Mangueira

Segunda 03/03 – Tijuca, Beija-flor, Salgueiro e Vila Isabel

Terça 04/03 – Mocidade, Paraíso do Tuiuti, Grande Rio e Portela

Transmissão TV Globo e Globoplay às 22h. Dica de comentários: sintonize o áudio na Tupi.fm



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domingo, 22 de dezembro de 2024

Mangueira no Mini desfile do Dia Nacional do Samba 2024



A Mangueira fechou a noite de sexta-feira, primeiro dia de mini desfiles do Dia Nacional do Samba de 2024, apresentando elementos de seu enredo para o carnaval 2025, "À Flor da Terra - No Rio da Negritude Entre Dores e Paixões", do carnavalesco Sidnei França.

Clique na foto ou no LINK para acessar o álbum do acervo carnevalerio.com

Os vídeos do acervo carnevalerio.com da Estação Primeira de Mangueira no mini desfile do Dia Nacional do Samba, 2024.

Clique no LINK para acessar a playlist do acervo carnevalerio.com

Agradecimentos aos Mestres Rodrigo Explosão e Taranta Neto, aos incríveis ritmistas da "Tem que respeitar meu Tamborim", aos componentes da Mangueira, à Liesa, Rio Carnaval e Riotur.

Imagens de Valéria del Cueto / acervo carnevalerio.com

Ensaio fotográfico e vídeos publicados no canal @del Cueto, no Youtube de (C)2024 Valéria del Cueto, all rights reserved @no_rumo do Sem Fim…

@delcueto para CarnevaleRio.com

Faça sua inscrição nos canais del Cueto no Youtube e no TikTok – desde 2008 registrando momentos do carnaval carioca.

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Você encontrará o conteúdo produzido por Valéria del Cueto e também links para objetos e desejos produzidos no @delcueto.studio
Ideias e designs disponíveis nas plataformas:
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quarta-feira, 4 de setembro de 2024

Folheando recuerdos


Folheando Recuerdos

Texto, foto e vídeo de Valéria del Cueto

Estou voltando ao meio do mundo depois de uma temporada carioca. O que significa que dele poderei ir a qualquer lugar ao fazer uma das coisas que mais gosto: mergulhar na leitura.

Depois de um tour de force pela mais longa dinastia da Rússia Imperial, de um passeio pelos meandros do zoológico do Barão de Drummond e os mistérios do jogo do bicho, uma temporada em Cuba na passagem de Obama e dos Stones pela ilha, durante a solução do roubo do sinete de Napoleão (num caso policial do detetive Mário Conde), precisei usar meu valioso tempo pra me dedicar a questões burocráticas.

Não, caro leitor. Não mencionarei essa aventura kafkaniana inconclusa. Daria um tratado que não caberia numa série, o que dirá numa reles crônica. Andei tudo que podia e, claro, ainda não resolvi quase nada. Porém, mais do que fiz não poderia fazer no momento. É tempo de esperar respostas e certidões.

Para desopilar caí no samba na Noite do Enredos. O evento agitou a Cidade do Samba, no Rio de Janeiro, reunindo 7 mil pessoas para acompanhar performances audiovisuais e musicais das 12 escolas da elite carnavalesca carioca. Cada agremiação teve 12 minutos para apresentar o tema que desenvolverá na Sapucaí em março do ano que vem.

O destaque foi, sem dúvida, a Portela. Seu homenageado no enredo do próximo carnaval, o cantor Milton Nascimento, surgiu no palco e saudou o público ao final de uma imersão em clássicos de seu repertório.

Outros eventos, promete Gabriel David, presidente da Liesa, ocuparão o espaço que reúne os barracões do Grupo Especial na temporada.  Para alegria do povo do samba, apreciadores e turistas que alimentam a economia do já presente carnaval 2025.

Tomei rumo, voltei pro paraíso e, daqui, parti para a Índia dos marajás, no começo do século XX. O que traz esse assunto às crônicas não é o que leio. Mas como leio. O livro era da minha avó. Na primeira página, a do título, seu nome e o ano que chegou a sua biblioteca: “Ena, 2006”. Foi o que me estimulou a escolhe-lo numa estante do apartamento de Copacabana.

Só quando cheguei no meu local preferido de leitura é que atentei às frágeis condições do volume. Acontece que a cola da brochura ressecou e as páginas, muitas delas, se soltaram. Para recupera-lo só fazendo uma nova encadernação. Pensei em desistir da empreitada “É difícil ler um livro assim desmantelado”, pensei folheando cuidadosamente suas folhas que iam se descolando cada vez mais.

Quando ia tomar a decisão um maço ainda colado se abriu na página 150 e, mais uma vez, lá estavam elas. Três letras escritas a caneta que indicavam a presença da avó na saga indiana. Ena. Em letras cursivas de uma caligrafia impecável. Tão linda a ponto de ser ela a encarregada de escrever as mensagens enviadas ao Vaticano pelas freiras do Colégio Sacré-Coeur de Jésus, onde a menina Maria Ena e sua irmã Júlia foram alunas internas na infância e na adolescência.

Acontece que, leitora voraz, minha avó escrevia seu nome em todos os seus livros a cada 50 páginas. Em alguma parte delas. Normalmente, entre os parágrafos do lado externo da página sem nunca o fazer, ao que me lembro, onde houvesse texto impresso. Sempre em espaços em branco.

Tem até uma história pitoresca de que ela emprestou um livro para um vizinho e ele, ao devolver, comentou ter reparado nas assinaturas e as relacionou com o que era mencionado nos textos, abordando o que achava que ela “havia destacado”. Dona Ena, a gentileza em pessoa, não teve coragem de esclarecer que não havia a relação mencionada, apenas uma questão aritmética e de espaço adequado para que desenhasse seu nome...

É ele que, impacientemente, me fez encarar o livro desmilinguido de sua biblioteca que nunca li. A certeza de que, a cada página terei a alegria de saber que sim, ela também esteve na Índia e viajou na mesma leitura que me espera.

Tomara que o livro seja bom. Antes de encontrar a segunda assinatura já posso dizer que há fineza na estrutura narrativa. Ela, como a vida, não é linear. Já me levou à Málaga, Madri, Paris e desembarcou em Bombaim para fazer um longo trajeto de trem rumo ao exótico mundo indiano do início de 1900 que se desfolha em minhas muito cuidadosas e pouco habilidosas mãos.   

*Valéria del Cueto é jornalista e fotógrafa. Crônica da série “Não sei onde enquadrar” do SEM FIM ... delcueto.wordpress.com



** O título da crônica vem da letra de Retorno, de Juarez Bittencourt e Os Campeiros do Cambai, concorrente da 9 Califórnia da Canção Nativa do Rio Grande do Sul. Meus peçuelos estão pesados de ausência...




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