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quinta-feira, 10 de agosto de 2017

Pampa gaúcho


Pampa gaúcho

A região de Rivera, Uruguai, a BR 293, de Santana do Livramento a Uruguaiana, e a Ponte internacional que liga Uruguaiana a Paso de Los Libres, Argentina.

Uma mistura de olhares amplos e pequenos detalhes.
Pampas gaúchos
Clique AQUI  ou na foto para ver as imagens. Algumas foram selecionadas e estão a venda no GETTY IMAGE

Pampa gaúcho, Uruguai/Argentina/Brasil Rio Grande do Sul, Março e abril de 2017.

Ensaio de Valéria del Cueto
@no_rumo do Sem Fim… delcueto.wordpress.com
@delcueto convida você para explorar o Studio @delcueto
Studio na Colab55

sábado, 24 de setembro de 2016

Morro abaixo que São Paulo ajuda!

rndunas-160826-110-rn-dunas-morro-do-sao-paulo-edino-filhoMorro abaixo que São Paulo ajuda!

Texto e foto de Valéria del Cueto
Depois de lagoa com jegues de chapéus floridos, oásis, dromedários, espetinho de lagosta, travessia de balsa, aventuras escorregadias de skibunda e voadoras de aerobunda, o que mais poderia faltar no meio de tanta beleza?

Seguindo pela fralda de uma duna no litoral potiguar, ao norte de Natal, vê-se ao longe uma praia paradisíaca. De repente, bandeiras vermelhas sinalizam o perigo. As amarelas indicam o caminho: uma guinada forte à esquerda e... o vazio!
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Faltava a adrenalina final, a sensação de despencar no vazio, duna abaixo, sem nenhum aviso ou alerta...

Imagina trabalhar ouvindo gritos a cada um buggy que despenca num dia ensolarado pelo Morro do São Paulo, na praia de Porto Mirim, entre a Jacumã e Muriú, Rio Grande do Grande do Norte? É o que acontece com (Francisco) Edino Rodrigues, 43 anos, de Fortaleza, Ceará, e sua família, há 3 anos vivendo da sensação no pé da duna.
Tecnologia é tudo! Toda a aventura é registrada em fotos e vídeos por 2 câmeras semi-profissionais, disparadas no meio e embaixo da elevação, e um celular, usado pelo responsável por avisar aos demais que o buggy está se aproximando.

Quando o veículo para na parte de baixo da duna, o clima é de alívio, alegria e descontração. Nisso, Edino é craque!rndunas-160826-102-rn-dunas-morro-do-sao-paulo-edino-cerveja-gelada
Para começar, tem bons argumentos para seduzir o turista. Depois do susto, da adrenalina e da aterrisagem, o que é melhor do que uma cerveja branquinha por fora de tão gelada para molhar a garganta ressecada? Também tem água e refrigerante.

Isso enquanto você é convencido a comprar, por 20 reais, as imagens da sua histórica descida. Uma parte do valor é o comissionamento (merecido) dos bugueiros, essenciais para fazer os turistas chegarem ao Morro. Num dia bom descem 70 buggys, 40 param e 32 compram o serviço.

No empreendimento trabalham Edino, Neuma, sua mulher, seus filhos Francisco e Lucas, de 14 anos, que  - moderno - me passa as informações por whatsapp, um tio e mais 3 funcionários.

O chefe da família trabalhava no turismo na região de Natal. Há 20 anos, largou o ramo e foi cuidar da vida. Fez um monte de coisas. Até que, vendendo frango na região da praia de Porto Mirim, conheceu a duna e o cajueiro erótico (outra atração do local) ao seu pé. Demorou um tempo para cair a ficha, vislumbrar a  possibilidade de explorar o local e voltar para o ramo.rndunas-160826-104-rn-dunas-morro-do-sao-paulo-edino-e-seu-cajueiro
“Meu pai já trabalhou em tudo que é digno e nunca deixou nos faltar nada. Ele diz que todo trabalho é digno, só temos que fazer bem feito”, afirma Luca. Na conversa explica que é vendedor, fotógrafo e faz de tudo um pouco. Conta que a parte que mais gosta é quando vê que o turista está satisfeito com o trabalho, “No final de tudo eu digo: foi uma satisfação imensa tirar o seu dinheiro. E ele dá aquela gargalhada de satisfação...”

Os próximos passos serão colocar artesanato para ser vendido e implementar uma cachaçaria com rótulo próprio. O projeto visa multiplicar os empregos na região e divulgar a cultura local.rndunas-160826-109-rn-dunas-morro-do-sao-paulo-tapera
Edino também tem planos a longo prazo. Pretende construir ele mesmo as edificações no terreno usando a técnica e o material que viu seu pai fazer a casa em que morava, no Ceará. “Como uma aldeia de pescadores, tudo de taipa”

Seu xodó é Esther, sua sétima filha,  a única mulher, que tem seu papel na hora de recepcionar os visitantes “quando o turista não compra ela morde o calcanhar dele, ou então chora...”, brinca, todo bobo.

Foi dele que recebi a mensagem no facebook: “Abestada, já comecei a primeira casinha”, cobrando a promessa que pretendo cumprir de voltar lá para registrar em vídeo a história desse cearense arretado e batalhador!rndunas-160826-099-rn-dunas-morro-do-sao-paulo-edino
*A visita ao Morro do São Paulo foi uma sugestão do Sandro Bugueirocondutor do buggy que aparece nas imagens gentilmente cedidas pela equipe @morrodosoapaulo.fotos.video
**Viagem realizada a convite do Governo do Rio Grande do Norte, Setur-RN/Emprotur, com recursos do RN Sustentável.
** Valéria del Cueto é jornalista, fotógrafa e gestora de carnaval. Crônica da série “Nordeste” do Sem Fim...
Mais descobertas em "Quem procura, acha" e "O povo da Areia" e no Studio na Colab55

domingo, 3 de agosto de 2014

Mistura fina, de Valéria del Cueto

LemeChap 140727 018 Bar do Davi feijoada de frutos do mar Chapéu Mangueira
Texto e foto de Valéria del Cueto
Nesse tempinho gelado acabamos o jornalista Cacá de Souza e eu, subindo o morro até a entrada do Chapéu Mangueira, aqui no Leme, para uma farra pantagruélica no Bar do David.
Entre shots de cachaça e camarões empanados com catupiry, alcançamos o nirvana caindo de boca num dos pratos mais famosos do bar do filho do Lúcio, morador querido e tradicional da comunidade: a Feijoada de Frutos do Mar.
Cacá, íntimo de David e de todas as atendentes, não deixa de bater ponto no pedaço todas as vezes que vem ao Rio e é mais bem chegado do que eu, que apresentei o point para ele.
Como “autoridade”, foi ele que me fez experimentar a iguaria feita com feijão branco, peixe, mexilhões, camarões, lulas e etc, acompanhada de arroz branco e uma farofinha de alho dos deuses.
Um mix equilibrado de sabores e texturas, daqueles que a gente tem vontade de degustar ajoelhado. Tudo na medida certa, sem que um único tempero se sobreponha aos diferentes tipos de ingredientes do prato, talvez o mais famoso do lugar.
É muito difícil alcançar esse equilíbrio, por exemplo, com tantos pontos diferentes de cozimento ideal. As lulas são mais sensíveis e se passam do ponto podem ficar emborrachadas, os mexilhões nem se fala. Já o peixe precisa de um tempinho maior, para adquirir a textura ideal.
Confesso que como não sou especialista em cozinha, a não ser como consumidora, nem tentei arrancar de Andréia, a garçonete maravilhosa que ainda indica o que está mais caprichado no cardápio do dia, e do sempre simpático e receptivo David, os segredos da Feijoada de Frutos do Mar. Mas, como provadora gastronômica, sou capaz de avaliar o grau de complexidade, apuro e equilíbrio do acepipe servido.
É por isso que posso imaginar a ciência para preparar um prato como a Feijoada de Frutos do Mar, assim como alcanço a complexidade de outras misturas, alimentares ou não, principalmente as com ingredientes díspares e contrastantes.
Cada um tem sua personalidade, sua consistência e características (cor, cheiro e sabor) próprias e precisam ser acomodados e mesclados de forma a valorizar suas qualidades para comporem um novo elemento único e particular.
Um pouco demais, um pouco de menos, o erro no tempo de preparo, no cozimento e na apresentação podem simplesmente “entornar o caldo” transformando uma preciosidade num angu de quinta. Isso vale para outras situações: equipes de trabalho, grupos de amigos e... política.
Compor o quebra-cabeças das chapas que concorrem as eleições 2014 e saber como dosar os ingredientes, qual a ordem correta de juntá-los no caldeirão eleitoral e o tempo ideal de exposição de cada um, é essencial no processo.
E é aí que a porca torce o rabo sem que ele possa ser agregado ao mexidão que teremos em 2014. Até o momento não está dando para definir os diversos sabores e depurar as escolhas, simplesmente por que há de um tudo em todos os agrupamentos que se apresentam.
O resultado são opções insossas e mal finalizadas, com acompanhamentos que tentam aparecer mais que o prato principal, resultando numa gororoba indigesta e mal apresentada para o eleitorado.
Tem gente precisando de umas aulas com o David para aprender que a simplicidade é o principal do cozido...
*Valéria del Cueto é jornalista, fotógrafa e gestora de carnaval. Essa crônica faz parte da série “Ponta do Leme”, do SEM   FIM...  delcueto.wordpress.com
GRAVATA     
Compor o quebra-cabeças das eleições, dosar os ingredientes, a ordem de juntá-los no caldeirão eleitoral e o tempo exposição é essencial no processo.
ILUSTRADO TER A A S BADO     NOVEMBRO  2009

domingo, 2 de fevereiro de 2014

Rio para não chorar

Urca 140111 094 Mureta Urca Cristo Redentor contra luz

Rio para não chorar

Texto e foto de Valéria del Cueto
Nada de um lado nem do outro, apesar de ser verão no Rio de Janeiro. Praias cheias, prateleiras vazias, preços nas alturas, atendimento abaixo da crítica.
Gente saindo pelo ladrão. E esse(s) fazendo a festa por que o público alvo está uma fartura só. Arrastão nas praias, nas ruas. Ouviu falar no relato de uma mulher foi assaltada em Copacabana? Roubaram... sua quentinha na saída do restaurante.
A temporada está aberta para todos. Democraticamente. Assim é o Rio da Copa e das Olimpíadas. Um caldeirão fumegante com praias sujas para quem te quero.
E essa não é uma visão de pessimista, de quem está torcendo contra. Quem convosco dialoga é simplesmente apaixonado pela Cidade Maravilhosa que sofre nas mãos de seus algozes.
Essa semana, um celular foi causador de uma tragédia que parou a cidade.
Ocupado com a conversa, o motorista não reparou que a caçamba do veículo trafegando em horário proibido pela linha Amarela, uma das vias expressas mais importantes da região metropolitana, estava levantada.
Ao bater numa passarela de pedestres, ela derrubou a estrutura projetando pedestres e esmagando carros. Cinco morreram. O tal celular vai ser condenado, sem dúvida.
Afinal, a administradora da via que não barrou o passeio do caminhão não tem culpa. A prefeitura que tem seu adesivo “salvo conduto” no caminhão (tipo “a serviço”), que não trabalhava para ela também não.
A caçamba que milagrosamente se elevou aos céus tentando um voo refrescante mais longe do asfalto, muito menos, assim como o responsável pelo bom funcionamento da instalação elevatória.
O motorista que estava no lugar errado, na hora errada, com o equipamento acionado de forma errada também não teria tanta culpa se... não estivesse falando no celular, o mordomo da era tecnológica.
Isso é o Rio de Janeiro. Não é a toa que seu codinome é Cidade Maravilhosa. Admirada pelo mundo e amada incondicionalmente pelos cariocas.
Os mesmos que a própria prefeitura responsabiliza e aponta o dedo quando junta a montanha de lixo nas praias e indaga numa imagem que correu mundo: ”Esse é o presente que o carioca deixa para a cidade?”. Diz aí, cara pálida, com o tsunami turístico desse janeiro, só nós?
Se não fossem os nossos segredos cariocas seria difícil suportar tanta pressão e alguma maledicência.
Um  desses segredos são nossas rotas de fuga. Elas nos permitem, ao menos por uma temporada, abrir mão de nossas paisagens mais conhecidas como Copacabana, Ipanema, o Cristo Redentor, o Pão de Açúcar, supermercados, bares da orla e restaurantes a quilo para a horda de turistas que nos invadem.
Tão longe dos olhos, tão perto de nossos corações. Ao lado do tumulto sempre existem refúgios. Eles nos permitem re-unir nossas forças a espera de que o paraíso recupere seu status natural e volte a ser um lugar amigável que faz parte da lenda do bem viver no Rio de Janeiro.
Até lá, podemos trocar o lado do morro e adotar a Urca como point mais frequente e deixar de lado nosso espetacular Jardim Botânico e passear nas ameias da Casa de Rui Barbosa, em Botafogo. A Lapa, lugar lendário da boemia carioca, que dez entre dez turistas sonham conhecer, faz tempo perdeu seu posto para a Pedra do Sal. E assim por diante.
Sob o sol do mesmo céu existem outras opções que fazem a alegria de quem quer algo a mais da cidade do que  o simples e batido cartão postal...
Valéria del Cueto é jornalista, fotógrafa e gestora de carnaval. Essa crônica faz parte da série “No rumo”,  do SEM FIM... delcueto.wordpress.com
ILUSTRADO DOMINGO    JULHO 2009
*diagramação de  Nei Ferraz

domingo, 26 de janeiro de 2014

Aqui tem


Ponta 140108 025 ambulantes porta garrafa galão de mate
Texto e fotos de Valéria del Cueto
Estava lá. No lugar dos seus sonhos mais almejados. Colocou os pés na areia e tomou o rumo do mar. Aquilo pareceria uma propaganda, um comercial do bem viver.
Não fosse a lotação. Fechou os olhos para receber as bênçãos do som do mar e o murmúrio do vento da praia que tanto pedira a Deus durante o último ano de trabalho pesado. Ouviu o funk da barraca da direita, brigando com o pagodão da vizinha da esquerda.
Procurou um espacinho tentando evitar virar figuração da câmera do celular do grupo selfie que animadamente registrava sua passagem pela praia. Ele e as torcidas do Corinthians, Internacional, Cruzeiro etc e tal. As maiores de todos os estados da federação. Tudo ali, na mesma praia. Sonhar não custa nada e viajar para o Rio de Janeiro esteve ao alcance de 2 milhões de pessoas no início do ano. Tudo lá. Ao mesmo tempo.
O próximo capítulo do sonho poderia se realizar a qualquer momento. Bastaria ouvir a ladainha do vendedor ambulante: “Olha o mate, Mate Leão, é o mate de bujãooooo”. Afinal, praia no Rio tinha direito ao único líquido não enlatado ou plastificado que podia ser vendido pelos ambulantes. O título de patrimônio carioca dava à delícia típica das areias escaldantes do Rio de Janeiro, a liberdade de ser  misturada de acordo com o paladar de cada um: mate e limão, ao gosto do freguês. Se possível bem geladinho.
Distraiu-se da urgência dando um mergulho nas águas artificialmente coloridas do mar. Segundo as notícias não havia perigo em cair naquele caldo. Eram apenas algas... Abriu espaço num mundo colorido de banhistas que, via-se claramente, tinha o mesmo objetivo: fazer daquela uma temporada inesquecível e mostrar isso. Se possível auxiliado pela tecnologia que permitia enviar as imagens de seu prazer instantaneamente. Cheias de caras e bocas sorridentes serviriam para dirimir qualquer dúvida de que aqueles foram dias maravilhosos.
É claro que não estava em muitas selfies resenhas as enormes filas nos restaurantes, o desabastecimento do comércio, os preços abusivos.
Também não foram registradas pelas câmeras as buscas desesperadas pelo sorvete das crianças, o refrigerante preferido, o pão nosso de cada lanche. Para falar no básico.  Não houve referência aos pratos dos cardápios que estavam em falta, ao peixe que não chegava trazido pelos pescadores, ao gelo que triplicou de valor.
Ponta 140108 035 copacabana praia ambulante
Se esses “senões” fossem computados poderiam atrapalhar a intenção e o prazer das chamadas férias inesquecíveis.
Era melhor ignorar a falta d’agua, fazer de conta que não era tão ruim assim ficar sem luz dias a fio e, por falta de energia, perder tudo o que não pudesse ser consumido rapidamente da geladeira, agora armário.
Nem notou que estava na cidade do “não tem” até descobrir que não tomaria naquele dia o mate com limão. Depois de muito esperar o canto dos vendedores, entendeu que sua ausência equivalia a um “não tem”.
“Uma pizza, por favor?” “Não tem tomate seco”. “Uma batata rostie?” “Não tem batata preparada”. “Então um escondidinho...”. “Não tem, a fornecedora não entregou”. “Tem sorvete?” “Não tem”. “Gelo?” “Não tem”. “Então tem o que?” “Também não tem.”
E não registrou os “não tens”. As férias da vida, afinal, não quebraram sua rotina, acostumado que está aos seus “não tem” do ano inteiro: Não tem saúde, não tem educação, não tem transporte, não tem segurança, não tem direitos, não tem...
Pra não dizer que não teve tudo, lembrou uma carioquice pouco conhecida e menos cobiçada. Passou na vendinha e pediu, meio sem esperança: ”Tem aquele docinho de banana, Mariola?” O caixa levantou os olhos da registradora e sorridente respondeu: “Tem!”
Valéria del Cueto é jornalista, fotógrafa e gestora de carnaval. Essa crônica faz parte da série “No rumo”,  do SEM FIM... delcueto.wordpress.com
ILUSTRADO DOMINGO    JULHO 2009

domingo, 12 de janeiro de 2014

“Rapa” do prato


Texto e foto de Valéria del Cueto
Bom mesmo esse bolo italiano que não para de render! Depois de comê-lo e saborear a cereja, eis que ainda há aquela calda deliciosa para “limpar” do prato. É  falta de educação, mas quem resiste? Cada colherada raspada deixa gosto de quero mais. Muito mais...
E assim é a Itália, um manancial de grandes descobertas em camadas. Umas mais escancaradas, outras, nem tanto.
Alguns preferem se aprofundar num único local e extrair tesouros ocultos e não tão visíveis a simplesmente dar uma “voada” superficial pelas atrações turísticas mais concorridas.
Acho que não precisa dizer qual é a opção dessa série de crônicas dedicadas a “narrar” o que as fotos registraram para o “No rumo do Sem Fim...” nos meses de outubro e novembro de 2014, no norte da Itália.
Depois de um período em que a globalização dominava o top ten de 10 em 10 paradas de melhores e mais, eis que um movimento no sentido inverso pode ser observado em diversos setores da sociedade. Ele parte do geral para o específico, dando destaque ao que é exclusivo e peculiar.
Tudo bem que as “marcas” continuem dominando o mercado e ditando moda, mas aqui e ali é possível perceber uma tentativa de criar um diferencial, oferecer um “plus” que não seja encontrado na monotonia reinante nas calçadas mais famosas do planeta.
A brincadeira acaba virando um jogo de onde está o quase único, o local? Qual é o diferencial entre tantos mais e melhores? Isso não significa uma simples questão de valor econômico, mas sim de singularidade. E nem sempre o singular é mais caro. Ou é?
O mais interessante é quando descobrimos que nossas lições brazucas de criação de um diferencial são  conhecidas e criam filhotes, inclusive entre  aqueles que trazem de herança milhares de anos de cultura.  
Um exemplo: há quanto tempo a indústria nacional de cosmética vem trabalhando o conceito de “fazer” com nossas riquezas vegetais produtos diferenciados, explorando as qualidades de da flora para personalizar a indústria cosmética “made in Brazil”? Natura e Boticário que o digam... A Bio Chama com suas águas cheirosas de Castanha do Pará e Guaraná, então...
Pois essa também é uma tendência de mercado que pode ser vista na Europa se você procurar bem entre as atraentes vitrines bem decoradas das franquias. Há o dream team disponível, acessível e prático para quando o produto “de marca” que usamos rotineiramente acaba. E isso é muito bom. Não há trabalho para a reposição.
Já quem procura e bate perna acha lojas artesanais, pequenos repositórios de tesouros que, tenha certeza, depois serão muito difíceis de serem encontrados novamente, a não ser que nos disponhamos a uma importação via internet (e viva a era digital!)
Algumas marcas de cosméticos estão nessa vibe. Caso da Dea Terra que industrializa cremes faciais e corporais com ingredientes típicos italianos como frutas cítricas sicilianas, açafrão de Abruzzo e sementes de uvas de Avola. Interessante,  não é?
Ainda há mais -  e foi esse ingrediente que garantiu à Dea Terra esse espaço, caro editor. Falo do “Tuber Magnatum Pico”. Nome científico do Tartufo Bianco di Alba. A essência do fungo raro segundo as pesquisas científicas tem um efeito especial e regenerador.
Reconhece o produto? A Trufa Branca é uma iguaria que atinge preços astronômicos, dependendo da quantidade e da qualidade dos tubérculos farejados por cães treinados para descobri-los nas raízes das árvores  dos campos da região de Alba, no Piemonte, numa determinada época do outono.
Justamente a mesma temporada desta série italiana do “no Rumo”! Já as impressões sobre a degustação do Tartufo Bianco di Alba ficam para mais tarde, já que é outra tentativa de “limpar” o prato de delícias deste tour italiano...   
*Valéria del Cueto é jornalista, fotógrafa e gestora de carnaval. Essa crônica faz parte da série “No rumo”,  do SEM FIM... delcueto.wordpress.com

domingo, 29 de dezembro de 2013

É coisa de cinema!

Torino 1311 03 147 Museo Nazionale del Cinema
É coisa de cinema!
Texto e foto de Valéria del Cueto
Dizem que a cereja do bolo deve ser o último bocado a ser comido. Difícil decisão já que ela está ali, no prato, olhando pra gente e se fazendo de sedutora desde que o bolo é bolo...
Em relação a Torino, Itália, uma dessas cerejas é, sem dúvida, o Museo Nazionalle del Cinema localizado na Mole Antonielliana, no centro Histórico da cidade.
O prédio, quem diria, foi construído para ser uma sinagoga. Em 1848, Carlos Alberto de Savoia assina o Estatuto Albertino que libera os cultos não católicos e em 1863 começam as obras do templo encomendado pela comunidade judaica, conforme o projeto de Alessandro Antonelli. Previsto inicialmente para ter 47 metros, com várias alterações sofridas, hoje tem 167 metros de altura. Por muito tempo foi edifício mais alto da Europa. É  um símbolo da “Cittá di Torino”.
Torino 1311 03 139 Museo Nazionale del Cinema vista outro lado do rio
A Mole Antonielliana com seu estilo neoclássico oitocentista proporciona dois grandes espetáculos. Um é a vista para quem sobe até o terraço nos elevadores panorâmicos. Tanto a externa que permite uma visão em 360 graus da cidade, como a interna durante a subida e descida. A impressão é estar num prédio de Gothan City onde, em alguns momentos, haverá um embate entre o Morcego Negro e o Coringa. Mas o interior da Mole tem mais, muito mais.
Torino 1311 03 141 Museo Nazionale del Cinema elevador para baixo
O projeto do Museo Nazionalle del Cinema começou em 1941 em pleno regime facista que impulsiona o cinema italiano, cria os estúdios da Cinecittà... A base da coleção é da estudiosa da história do cinema Maria Adriana Prollo. Sua história se mistura a do Museo, fundado em 27 de setembro de 1958. Em julho de 2000 é inaugurada sua nova sede, um projeto do arquiteto Gianfranco Gritella, com concepção interna do suíço François Confino, ocupando toda a Mole Antoniellina.
E é aí que mora o segredo que transformou o local num dos mais visitados de Torino e da Itália, com recordes sucessivos de público na última década. São 3.200 metros quadrados distribuídos em 5 pavimentos que apresentam não apenas a história do cinema...
Para começar, é preciso entender o processo que permite a “invenção” da imagem em movimento. Desde os rudimentos da ótica, até a criação das máquinas que permitiriam a nós, a criação da chamada sétima arte.
Após a fabricação dos aparelhos de movimentar as imagens outras etapas se apresentam entre a transformação de instrumentos artesanais no que viria a ser a indústria cinematográfica, uma marca do século XX.  
Dissecando o processo cinematográfico em todos os seus aspectos técnicos de modo didático (como roteiro, stoyboard, produção, filmagem, som, imagem e, finalmente, edição) nos corredores da Mole o visitante descobre e identifica o longo processo produtivo necessário para fazer um filme.
O Museo também homenageia de forma muito equilibrada os mais famosos cineastas do mundo: americanos, europeus e asiáticos, com um destaque merecido para, por exemplo, o grande diretor italiano Federico Fellini.
O passeio termina num grande espaço, onde estão apresentadas, de forma interativa, cenários e ambientes reconhecidos nas telas. Uma grande brincadeira, depois de uma aula muito séria sobre a fantástica indústria cinematográfica.
Dois detalhes: um italiano desaconselhou a visita ao Museo “por que tem muitas fotos de gente que nunca vi nem ouvi falar”. Certamente, ele não era um cinéfilo. Uma das brincadeiras mais legais no passeio é, justamente, reconhecer entre as imagens filmes e ícones do mundo do cinema.

O segundo detalhe foi a frase escrita numa das salas: “...uma pequena máquina/ que revela aos nossos olhos tamanhas maravilhas/ e graças ao cristal ótico/ faz com que as imagens marchem como cavalos/ Muitas vezes vemos esses dispositivos/ Multiplicados com seus inventores/ E especialmente no carnaval as pessoas chegam/ perto e ficam loucas ao vê-los. – Carlo Goldino – Il Mondo Novo.
Ou seja: carnaval e cinema sempre andaram juntos. E assim será em 2014. Feliz ano novo...
Torino 1311 03 146 Museo Nazionale del Cinema cinema e carnaval
*Valéria del Cueto é jornalista, fotógrafa e gestora de carnaval. Essa crônica faz parte da série “No rumo”,  do SEM FIM... delcueto.wordpress.com


domingo, 22 de dezembro de 2013

Parece... E não é que é?

Torino 1311 03 026 Sayang Ku colar pregador de roupa
Texto e foto de Valéria del Cueto
Alguns movimentos são inquestionáveis na história da humanidade. Eles se alternam ao longo dos períodos: o egocentrismo e o teocentrismo, o universal e o individual e assim por diante...
No mundo de hoje esse movimento, que antes acontecia de uma forma mais lenta, alcança uma velocidade exponencial. Um exemplo? Outro dia a onda era a globalização e nos enquadramos nesse tsunami de forma tão completa que, em alguns setores, já podemos observar um movimento em sentido inverso.
Quem viaja tem uma grande chance de observar in loco essa “teoria”. Em alguns momentos é muito bom que haja um padrão de comportamentos. Cansa menos. Os aeroportos, trens e outros meios de transporte são  exemplos em que a uniformização gera enormes facilidades para seus usuários.
A regra deixa de ser confortável quando, por exemplo, ao passear por outras terras nos deparamos sempre com as mesmas lojas e possibilidades de compras, onde o padrão shopping/franchise nivela e iguala todos os lugares. Graças a Deus, nem sempre por baixo.
Mas, afinal, qual é a graça de ver as mesmas vitrines, os mesmos produtos em todas as ruas mais famosas, assim  como no shopping center ou o mall ao lado da sua casa?
Tem gente que não acha graça nenhuma nesse status quo  e transforma seu roteiro numa tentativa de fugir dessa mesmice. Mas é difícil! Na verdade, um grande desafio. Ainda mais quando não ha tempo de explorar de forma mais profunda os atrativos oferecidos nas viagens turísticas pinga-pinga.
Turin, Veneza, Verona, Milão: Prada, Hermès, Zara e assim por diante... Ou não?
Nem sempre, se há uma intenção objetiva de procurar não as semelhanças, mas valorizar as diferenças! É assim que verdadeiros tesouros ser apresentam, (normalmente em lugares menores, situados em ruas transversais), no entorno das áreas de maior circulação. 
Partindo desse princípio na Itália, em Verona, no Veneto, pra quem gosta de gastronomia já foi citado o restaurante Enocibus.
Torino 1311 03 013  setantumilesimi colares
Em Torino, Piemonte, foi numa bateção de pernas  exploratória que surgiu a loja 71/1000 (settantunmillesimi) de montagem de bijuterias com milhares de opções de peças, vitrilhos, tipos de fios e outros acessórios para quem quer ter a certeza que não entrará num lugar com um adorno de uma marca famosa, correndo o risco de virar elemento de composição, por exemplo... de um par de jarros.
Na mesma área, na mesma ruela de uma sensacional loja de bonecas de porcelana feitas a mão, outra surpresa. Essa bem original.
Torino 1311 03 022 bonecas
A Sayang Ku é uma loja de acessórios. E seria mais uma não fossem os originalíssimos objetos que compõe os adornos expostos, para lá de divertidos: pregadores de roupa, tampas coloridas de caneta Bic, lápis de cor, (aqueles bem miúdos). Isso tudo “reinterpretado” como brincos, colares, pulseiras...
Uma grande ginástica criativa que, como uma brincadeira, transforma uma coisa em outra.
Imaginem bolsas de teclados de computador! Pois são charmosíssimas. E colares feitos com zípers coloridos? É impossível não se surpreender com a criatividade da design que consegue transcender o objeto utilizado e, reutilizá-lo dentro de um contexto diferente, com uma nova concepção.
Torino 1311 03 027 Sayang Ku colar ziper
Para quem viaja procurando singularidades são trabalhos como esse que estimulam, inclusive, uma forma alternativa de encarar o simples ato, tão corriqueiro e apreciado, de viajar no que todo mundo “olha”, mas pouca gente “vê”...
*Valéria del Cueto é jornalista, fotógrafa e gestora de carnaval. Essa crônica faz parte da série “No rumo”,  do SEM FIM... delcueto.wordpress.com

domingo, 8 de dezembro de 2013

Tiro ao alto

Milano131111 017 Duomo tiro ao altoTexto e foto de Valéria del Cueto
Sabe tudo aquilo que os moradores conscientes cariocas lutam para que não aconteça na Cidade Maravilhosa com a realização de grandes eventos, a Copa do Mundo em 2014 e as Olimpíadas de 2016, como distribuição indiscriminada e desembestada dos espaços públicos para a propaganda de seus patrocinadores, aquela que polui e adultera o visual do Rio de Janeiro? 
É o que acontece em Milão, na Lombardia, Itália, nesse momento. É um exercício físico e mental tentar fotografar a parte central da cidade sem que apareça uma profusão de fachadas, propagandas e marcas – famosas pelos produtos e bregas no posicionamento de suas logos e fachadas. Idênticas as que pululam em shoppings, malls ou ruas “famosas” de qualquer cidade do mundo.
Por cima disso, pelo menos mais duas camadas da cebola decorativa que vai transformar as imagens captadas no centro milanês em autênticas torres de babel ou lançar o autor das imagens num desafio feroz para tentar esconder a poluição visual invasora. A primeira camada é a dos totens e bandeiras da futura Exposição Mundial de Milano, em 2015, espalhadas pelas ruas. A segunda, os telões e reclames colocados em locais como o Duomo di Milano, a sensacional Catedral de Milão.
Sua construção começou em 1.386 e foi concluída por ordem de Napoleão Bonaparte (olha ele aí de novo!) em 1813, cinco séculos depois - claro que ela vive precisando de conservação, mecenas e contrapartidas para as obras de sua restauração, assim como os outros  monumentos históricos e religiosos da cidade.
O Duomo... o Duomo é lindo e arisco, por que fotografá-lo é uma arte. A arte de tentar esconder as “intervenções” que poluem, por exemplo, o lado esquerdo de sua imponente fachada em estilo gótico francês, com um imenso telão povoado de vídeos dos queridos patrocinadores da obra. Lá se foi a chance de um registro integral do monumento.
Para quem se habilita a um passeio pela parte superior da catedral outra gincana, além do esforço de subir – mesmo que em parte pelo elevador -, os degraus que conduzem ao topo do Duomo. São 12 euros para ver muitos andaimes, plásticos protetores e, também, banners com os nomes dos apoiadores da reforma, impedido a visão e “sujando” as imagens gerais das delicadas 136 torres de mármore que apontam para o céu e o horizonte milanês.
Por isso, a solução é tiro ao alto se a intenção for tentar capturar o espírito e as linhas arquitetônicas históricas da efervescente cidade italiana. Porque, se baixar a mira, o que aparecerá será o de sempre: lojas famosas, marcas conhecidas e gente com sacolas de compras nas mãos além, é claro, de turistas do mundo inteiro.
A salvação está num passeio dentro dos muros do Castelo Sforzesco, construído no século XV e com intervenções de Leonardo da Vinci que, entre 1496 e 1497, se dedicou a pintar os troncos de árvores da Sala dele Asse. Hoje, o castelo fortificado abriga os Museus Cívicos como o da Pré-História, o Egípcio, de Arte Antiga, do Móvel, dos Instrumentos Musicais, a Coleção de Arte Aplicada e mostras itinerantes.
Já em Torino, a Villa della Regina, o palácio barroco seiscentista encrustado na colina ás margens do Rio Pó que tem o mesmo nome da cidade piemotesa, que também está sendo restaurado, é aberto gratuitamente ao público para visitas a seus jardins e ao museu, composto pelos preservados aposentos em que Duques de Savóia costumavam passar o mês de setembro, nas comemorações da libertação de Torino.
Checando essas informações no site da Villa Regina, um alerta em destaque no topo da página: o espaço estará fechado até o dia 15 de dezembro. O motivo? As filmagens do longa-metragem “A Bela e a Fera”, produzido pela  LUX VIDE. Pelo tempo e permanência na locação, quase duas semanas, dá para apostar que será lá o palácio da fera do clássico infantil.     
*Valéria del Cueto é jornalista, fotógrafa e gestora de carnaval. Essa crônica faz parte da série “No rumo”,  do SEM FIM... delcueto.wordpress.com
ILUSTRADO DOMINGO    JULHO 2009

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Ari no Leme



Na Wikipedia Ari Barroso é descrito como "o maior compositor brasileiro de música popular". Lá também diz que "ao compor Aquarela do Brasil inaugurou o gênero samba-exaltação".
Mineiro de Ubá, escolheu o Leme para morar... e ficar.
Aqui sempre foi muito bem tratado...

fotos de Valeria del Cueto